segunda-feira, 31 de março de 2008

Coisas da vida - anos 80




Eles se viram pela primeira vez num show de MPB. Rolou uma paquera, aquela coisa elétrica que fica no ar depois de meia dúzia de olhares. Mas como estavam muito atentos à performance no palco, deixaram-se passar.

Um tempo depois, reencontraram-se no restaurante macrobiótico que, descobriram depois, freqüentavam vez por outra.
Você não estava no show duas semana atrás?, pergunta ela. Sim, ele estava, e ela sabia. E ele sabia que ela sabia. E o papo se prolongou entre goles de ban-chá e bocados de arroz integral. Trocaram telefones e combinaram marcar alguma coisa.

Marcaram um chopp. Ele tinha acabado a residência de medicina depois de ter passado pelos cursos de engenharia e história, dos quais não gostou. Ela estava nos primeiros períodos de ciências sociais e achou muito esquisito o charuto que ele acendeu no intervalo entre a chegada de mais duas canecas de chopp e o silêncio comum entre quase estranhos que repentinamente percebem que o tópico da conversa esgotou. Ela pensou em Fidel e começou a simpatizar mais ainda com algumas excentricidades que foi percebendo no rapaz ao longo do encontro.

Começaram a namorar. Ele não era bonito, na verdade era até feio, magro, desengonçado, mas tinha seus encantos. Era culto, safado, sensível e desconcertante. Tinha um olhar agudo que a perturbava. Suas idéias fascinavam-na, suas opiniões seguras sobre todas as coisas exerciam sobre ela um encanto tal que, bem, quem não é, depedendo do ângulo, um pouco esquisito?

Além de tudo isso, ela tinha uma enorme vontade de conhecer o mundo e essa era uma aspiração bem mais intelectual do que física. Era delicioso vê-lo numa roda de amigos, seus ou dela, discorrendo com desenvoltura e muitas vezes sem ter que replicar sobre assuntos que ela ouvira apenas de passagem. Esse era seu maior encanto. E ela não ficou imune a ele.

Sua estante de livros era apenas um quarto-e-sala comparada com a biblioteca dele. E ela leu demais e de tudo que ele indicava: Reich, Sartre, Umberto Eco, Pasolini, Hermann Hesse, Marguerite Yourcenar, Kafka, Camus, a vanguarda da Bauhaus... e o mundo se descortinava, enfim. Ele até podia não ser lá essas coisas na cama, mas esse detalhe ela bem justificava por causa da efervescência intelectual do rapaz, que não conseguia parar de ter insights sobre os mais variados temas, nada passava por ele sem que houvesse uma leitura ideológica subjacente. E ela amava isso nele. E ele também.

Meses se passaram e o relacionamento altamente revolucionário em termos de socialização do conhecimento dele em troca da beleza e admiração dela prosperou. Passaram a viajar juntos, conheceram a família um do outro, pensaram até em morar junto porque casamento no papel era coisa de burguês. E ele, de quebra, ainda sabia cozinhar e tudo dentro das leis do Yin e do Yang - cada alimento tinha que ser cortado de tal maneira para não quebrar o equilíbrio da receita. Era uma felicidade testada e comprovada por inúmeras teorias e leis universais.

Um belo dia, decidiram passar o fim de semana na praia. Como ambos não tinham carro, foi o jeito encarar a ida ao litoral de ônibus mesmo. Uma viagem de quase duas horas já que a praia escolhida não era do tipo que os burgueses freqüentavam. Era um lugar onde pessoas como eles se sentiam à vontade: muito reggae, hippies remanescentes e seus artesanatos, meninas que não depilavam as axilas, rapazes cabeludos e muito cheiro de natureza no ar. Isso é que era pegar uma praia para eles.

No ponto de ônibus, enquanto aguardavam o início do idílico fim de semana, de repente, do nada, ele passa a mão no seio dela. Os dois nem estavam se beijando ou juntinhos. Estavam parados, no meio de outras pessoas, proletários na sua grande maioria. Ele riu para ela com cara de gaiatice, mas ela não viu assim. Sentiu-se ofendida. Deu-lhe um tapa no rosto. Seguiram viagem. O fim de semana na praia foi constrangedor. Ele se sentiu humilhado. Ela não sabia o que sentia, mas intuía que alguma coisa estava fora do lugar. Não se achava certa nem errada, não conseguia entender o que se passou, mas também não se via pedindo desculpas. E o namoro acabou quando voltaram para casa. E ela devolveu todos os livros dele, mas pediu para ficar com um que, por conta do entrevero do fim de semana, mal conseguira abrir. Enquanto morria o romance, nascia uma mulher.


Update:
Dizem que ainda hoje a moça escreve com fome e adora comida árabe. Quem viu, viu. Quem não viu, eu editei. Rá.

Passe adiante



"If you feel as I do, art can be a powerful tool for raising social awareness. My friend Rebecca and myself collaborated on this graphic to remind people of the struggle in Tibet. Please distribute it freely, and hopefully we will see many other like it as we approach the dishonorable 2008 Olympics."


Os designers.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Fitna, filme de Geert Wilders

Foi lançado ontem, na Holanda, o filme Fitna, de Geert Wilders, que sob a sua ótica, mostra os efeitos da islamização não só na Holanda, mas no ocidente.

Geert é deputado pelo PVV (Partij voor de Vrijheit - Partido pela Liberdade), agremiação política de direita. Dentre seus projetos está a moratória que proíbe a imigração de mais pessoas oriundas de países de maioria muçulmana. Por ser uma moratória, ela não significaria de imediato a proibição da entrada de tais imigrantes na Holanda, mas, sim, uma suspensão até que análises políticas mais acuradas fossem realizadas. Essa proposta não foi aceita pelo parlamento.

Fitna tem 15 minutos de duração e é nitroglicerina pura. Nem preciso dizer que Wilders já tem uma fatwa* sob sua cabeça. Por muito menos, as charges dinamarquesas de Maomé causaram inúmeros protestos no mundo islâmico que, por sua vez, geraram discussões acaloradas sobre liberdade de imprensa, religião, limites para a imigração etc., só para ficar em algumas das muitas possibilidades que o tema suscita.

A questão da imigração muçulmana na Holanda foi recentemente abordada no imperdível Infiel, da escritora somali naturalizada holandesa Ayaan Hirsi Ali. No livro, Ayaan fala sobre sua infância islâmica, sua mutilação genital, a posição da mulher no mundo islâmico, seu casamento forçado e a fuga para a Holanda. Mas o que é realmente interessante no livro é a análise que Ayaan faz dos dois mundos com a autoridade de quem viveu em ambos.

Com a ajuda do cineasta holandês Theo van Gogh, Ayaan, abraçando a causa da mulher muçulmana, lançou o curta Submission (tradução literal do árabe "Islam") no qual aparecem corpos nus de mulheres e neles estão escritos trechos do Alcorão que mostram como a mulher tem que se comportar e o que deve sofrer caso desobedeça.
Ayaan já tinha sua fatwa decretada há algum tempo. Theo recebeu a sua por causa disso. E a dele se cumpriu: foi brutalmente assassinado a tiros e depois degolado em Amsterdam.

Além de mostrar Ayaan e Theo, Fitna exibe cenas fortes de atentados. Nenhum canal de televisão holandês aceitou mostrar o filme sem editá-lo, concessão que por sua vez também não foi aceita por Geert. Na Internet, vários provedores também se negaram. Mas ontem Fitna caiu na rede.

Vejam o filme:






* fatwa - determinação judicial proferida por um tribunal islâmico, que nesses casos citados proferiu a pena de morte.

Update:
Fitna foi tirado do site LiveLeak devido a ameaças que o staff sofreu. Vou tentar pegar no YouTube.

Update2:
No YouTube o vídeo está incompleto e com as legendas predominantemente em holandês. Sigo procurando em outros sites.
Para quem sabe manejar o Torrent, a maior parte dos sites especializados possui torrents deste filme para download.

Update3:
O filme agora está disponível no Google Vídeo:


quinta-feira, 27 de março de 2008

quarta-feira, 26 de março de 2008

Eu hoje quebro essa mesa...

Mas eu estou com uma raiva. Com muita raiva. Meticulosamente com raiva. Com aquela raiva que faz o sangue gelar, a boca franzir, o olho aguçar (esbugalhar além de ser feio, é dar cartaz demais a quem merece nenhum...).
Quanto mais eu digo que quero ficar sozinha, quieta, no meu canto, caladinha, mais certas criaturas me acham...
Ai, ai... Se tem uma coisa que não suporto nessa vida (e espero que, caso haja outras, eu leve esse nojo junto) é gente que joga baixo, que terceiriza maldade, que envenena tudo que está ao redor para provar que é mais forte e mais poderosa. Gente dissimulada é foda!!

Mas o bom de tudo isso é que minha fase ariana/impulsiva faz parte do passado. Hoje, espero. Prefiro assistir de camarote. Minha paciência é grande e eu não dou mais troco nem passo recibo. Só espero. É um clichê de merda, mas quem planta, colhe.
Uma das vantagens de ir envelhecendo é saber reconhecer artimanhas, estratégias manjadas e joguetes de gente estúpida, mas que acha que está inventando a pólvora. Esse déjà vu torna tudo até engraçado.

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Essa música é a minha trilha de hoje, pena que não consegui a bichinha no goear. Até com Alcione servia...

Pode Esperar

Nada como um dia atrás do outro
Tenho essa virtude de esperar
Eu sou maneira, sou de trato, sou faceira
Mas sou flor que não se cheira
É melhor se previnir pra não cair
Sou mulher que encara um desacato
Se eu não devolver no ato
Amanhã pode esperar
Estrutura tem meu coração
Pra suportar essa implosão
Que abalou meus alicerces de mulher
Mas a minha construção é forte
Sou madeira, sou de morte
Faça o vento que fizer

(Composição: Roberto Correa/Sylvio Son)

* Isso com pinga dá o que falar...

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Pois então, não tenho blog pra pagar de musa da conscientização global, discorrer sobre o mal e a sagacidade do capitalismo. Tampouco pra me mostrar a pessoa mais zen da face da terra - coisa que não sou nem quero ser -, nem pra dizer que estou crescendo enquanto ser humano legal, equilibrado e em sintonia com o que como, visto, leio e cago. Escrevo aqui o que estou sentindo, lê quem quer. Quem não aceitar minhas incoerências, minha subjetividade e meu mau humor ocasional que pegue a reta. Se um dia estou na minha, triste, recolhida e no outro estou encaralhada, o que isso tem de mais? Sei que esse meu modo assertivo fere a sensibilidade de quem busca enlevo e epifanias por aqui - às vezes até tem -, mas esse espaço reflete o que sou e não o que eu quero que as pessoas pensem que sou, combinado?

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Quem manda entupir o juízo de chocolate? Hoje congelo essas pestes todas. Carboidrato simples e gordura saturada não agregam, filha, só engordam e enlouquecem que já tem o pino frouxo, sabiamente diria Madame Ke...

terça-feira, 25 de março de 2008

Sons e palavras (poucas)




Não, eu não quero falar sobre nada
Sobre coisas que me entristecem ou me alegram
Sobre coisas que eu preferia esquecer ou lembrar para nunca esquecer
Não quero ouvir nada que me faça rir ou chorar
Não quero sair do meu canto
Preciso ficar sozinha, em paz, sem voz, sem pressa, sem dor
Não quero dizer nada a ninguém nem espero que me digam nada
Preciso da solidão para lamber minhas feridas e seguir adiante
Preciso do silêncio para voltar ao meu barulho de quase sempre
Quero uma longa pausa e caso eu não me contenha, muitas reticências
Porque nada do que vier será inteiro ou dirá realmente o que sinto
Deixo as minhas interrogações, exclamações e muitas vírgulas para depois
Hoje sou só lacunas e não tenho pressa de preenchê-las


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(Ontem eu estava com essa música de Rod Stewart na cabeça e não sabia por quê. Bem, sabia. Tenho uma memória emotiva que sempre passa pela música. Mesmo antes de conseguir elaborar o que estou sentindo, a música está na minha cabeça. Depois é que entendo a conexão. Sempre fui assim. Não que a letra dessa música seja exatamente o que eu estou sentindo, talvez um apanhado geral no que diz respeito à vontade de estar quieta. Enfim, ela serve perfeitamente de trilha sonora pro meu momento Greta Garbo "I want to be alone").

segunda-feira, 24 de março de 2008

sexta-feira, 21 de março de 2008

quinta-feira, 20 de março de 2008

O caso da garota de Goiânia e suas muitas implicações

Além do indiciamento do monstro que torturou a menina, da empregada, como co-autora, e do marido do monstro, por omissão, cogita-se o indiciamento dos pais biológicos.

Uma mãe, movida pelo desespero, miséria e falta de oportunidades, vê numa pessoa influente e com boas condições financeiras a oportunidade, talvez única, de livrar pelo menos um dos seus filhos da penúria em que vivem. Entrega a filha a essa pessoa para que em troca de algum trabalho doméstico, ela possa fazer todas as refeições, ter um teto, algumas roupas e, sim, que possa estudar.

A situação é bastante comum também no interior de Pernambuco, onde se concentram as comunidades mais carentes do meu estado. Cresci vendo dentro da casa dos meus avós casos idênticos a esse.

Meus avós costumavam ir ao sertão visitar seus compadres e, vez por outra, voltavam com uma menina. As idades variavam dos 10 aos 13 anos, não lembro de nenhuma mais velha. Chegavam desnutridas, com piolhos e vermes, doenças de pele e vestidas com farrapos. Não vinham descalças porque minha avó comprava-lhes logo um par de alpercatas.

Depois de algum tempo e trato, as meninas melhoravam a aparência e a saúde, ganhavam roupas e sapatos, engordavam e iam para a escola noturna. Na casa, ajudavam nas tarefas domésticas: lavavam pratos, varriam a casa, lavavam roupa. Havia sempre uma empregada que cozinhava e era responsável pela casa na ausência dos meus avós.

Uma vez por ano, sempre na época do São João, meus avós voltavam ao sertão e levavam a menina também. Durante o tempo em que eles permaneciam na fazenda dos amigos, ela seguia para a casa dos pais, onde ficava até a data do regresso deles. Algumas não voltavam, mas a maioria, sim. Depois que a mãe constatava que a menina estava bem, geralmente pedia que meus avós fossem padrinhos dela. E assim minha avó passava a ser a madrinha Nau. Lembro que uma dessas meninas, já moça feita, saiu da casa dos meus avós para se casar.

Minha avó era uma mulher rígida, amiga do certo no lugar certo e do errado em qualquer outro lugar, menos na sua casa. Eles não eram pessoas de muitas posses, mas para quem vivia na miséria, pareciam ricos. Minha avó nunca encostou um dedo numa menina dessas. Não estou aqui bancando a sua defesa nem justificando o trabalho infantil. Estou apenas apontando para a realidade de trinta anos atrás. E que, ao que tudo indica, continua ainda em voga, infelizmente.

Voltando ao caso da menina de Goiânia, quem garante que a situação não foi a mesma? Quem condenaria uma mãe que vê numa mulher rica e aparentemente respeitável a possibilidade de dar à filha um futuro melhor? Acho que essa ponderação é necessária porque, no calor da hora e da indignação, é muito fácil apontar culpados. Isso não quer dizer que a Justiça não deve apurar se a mãe biológica fez vista grossa aos maus-tratos de que a filha era vítima. Se isso aconteceu, ela também deve ser punida com todo o rigor da lei.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Garota torturada

De ontem para hoje, depois que postei a notícia da garota torturada pelo monstro de Goiânia, o blog recebeu, até o momento, mais de 320 acessos quando o normal é muito, mas muito mesmo, abaixo disso.

De fato, um crime que estarreceu o Brasil. Mas isso me faz pensar no que motiva as pessoas a procurarem essa notícia. De imediato, creio, o impacto causado pela brutalidade e covardia do crime. Mas e depois? É só ler a reportagem, procurar pelas fotos do corpo da menina e ponto final?

O mal-estar não deveria se resumir apenas à curiosidade mórbida porque crimes como esse podem estar acontecendo agora em outros lugares do país. Onde está o potencial mobilizador das pessoas que buscam conhecer os detalhes do crime? Ler, indignar-se e depois acompanhar esporadicamente o desenrolar do caso é o suficiente?

Num dos poucos comentários deixados, uma pessoa expressou sua opinião e eu concordo plenamente com ela: infelizmente, no Brasil, a regra é quem tem dinheiro se safar e não pagar pelos seus crimes, de modo que, no final, quem ficará mesmo presa é a empregada. Creio que essa é a opinião geral, não? É esse o país que pretendemos deixar para os nossos filhos?

terça-feira, 18 de março de 2008

Barbárie


GOIÁS
Garota torturada por mãe adotiva
Publicado em 18.03.2008

Silvia Lima foi presa ontem acusada de manter a menina, de 12 anos, em cárcere privado e submetê-la, entre outras coisas, a enforcamento e afogamento

GOIÂNIA – A Polícia Civil de Goiás prendeu ontem, em flagrante, a empresária Silvia Calabrese Lima, 49 anos, acusada de torturar e manter em cárcere privado uma menina de 12 anos, que teria adotado irregularmente. Os policiais foram avisados por denúncia anônima e libertaram a garota, que estava acorrentada e amordaçada num apartamento no Setor Marista, bairro nobre de Goiânia.
A menina foi encontrada com ferimentos e cicatrizes por todo o corpo, queimaduras de ferro nas nádegas, cortes na língua feitos com alicates e as unhas das mãos esmagadas – seus dedos foram prensados nas portas. A cena levou os agentes às lágrimas. “Ela me afogava no tanque, apertava minha língua com alicate, me enforcava com fio e me deixava amarrada na área de serviço”, relatou a menina.

A empresária – que tem três filhos, de 3, 20 e 21 anos – reagiu irritada à prisão. A polícia também prendeu sua empregada doméstica, Vanice Maria Novais, 26. Segundo a delegada Adriana Accorsi, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), a própria menina denunciou a doméstica.

“A menina confirmou que a empregada também a agredia, e que uma vez a forçou a ingerir fezes e urina de cachorro”, disse Adriana. Vanice se defendeu: “Ela (a patroa) é que me mandava amarrar a menina e passar pimenta nos olhos dela”.

A polícia procura o marido de Silvia, o engenheiro Marco Antônio Calabrese. Tanto ele como os filhos maiores da empresária poderão ser processados por omissão de socorro, pois, segundo a polícia, sabiam das sessões de tortura mas não as impediam.

A menina foi submetida a perícia e encaminhada ao Conselho Tutelar para acompanhamento psicológico. Ainda em estado de choque, ela contou que os maus-tratos começaram há seis meses. Uma agenda apreendida relacionava as tarefas domésticas – algumas de madrugada – a serem cumpridas por ela. A garota contou que, quando não conseguia, era torturada com métodos que incluíam ainda afogamento e privações de água e comida.

No apartamento foram apreendidos dois alicates sujos de sangue, duas correntes e cadeados usados para prender a menina, fios e arames usados nas sessões de tortura. No flagrante, a polícia filmou a adolescente presa a uma escada de ferro no terraço do apartamento e amordaçada com esparadrapos.

A polícia apurou que a menina foi deixada pela mãe com a empresária há dois anos, para estudar em Goiânia. Ela cursaria a 6ª série, mas não freqüenta a escola desde o ano passado, porque foi reprovada por faltas. Segundo a delegada, não houve processo formal de adoção. A menina revelou que a mãe mora em Pires do Rio (a 240 quilômetros de Goiânia) e o pai, na capital. A polícia busca a família. Na delegacia, ela disse que quer voltar a viver com os pais.

A empresária e a doméstica foram autuadas em flagrante e devem responder por tortura e cárcere privado. A pena prevista é de até 24 anos de prisão.

Fonte: Jornal do Commercio

De embrulhar o estômago.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Gostos

Gosto de frutas ácidas
De chocolate
De dias chuvosos acompanhados de livros e de uma colcha de retalho nos pés
Gosto de falar olhando nos olhos e de gesticular
De redescobrir antigos gostos e cheiros
De olhar o povo passar
Gosto de rever velhas fotografias e pensar no tempo e no que eu fazia nele
Gosto de quem gosta de mim e já tentei agradar a quem não gostava
mas isso faz tempo
Gosto de franqueza, de objetividade e sei guardar segredos
Gosto de ser afetuosa, de passar do mau humor à ironia e depois à risada
Gosto dos meus amigos
embora tenha deixado alguns para trás
E gosto também do fato de ter posto um ponto final em relacionamentos destrutivos
Gosto de guardar muitas lembranças e poucas mágoas
Gosto de beber cerveja e falar palavrão, mas nem sempre os dois juntos
Gosto do silêncio, do escuro, de estar um pouco só
Gosto de pessoas que não têm medo de falar o que sentem
Gosto bem mais de mim hoje do que vinte anos atrás
Gosto de pensar que mudei bastante, mas que fui fiel à minha essência
Gosto de olhar para trás e não me arrepender de nada
Gosto dos meus altos e baixos porque eles sempre me levam além de onde estou
Gosto de massagem nos pés, mas detesto cafuné
Gosto de quase todas as cores exceto amarelo
Gosto de muitas coisas embora possa viver sem a maioria delas
Gosto de ter sido uma adolescente transgressora mesmo enxergando o ridículo em que muitas vezes me pus
Gosto dos meus lapsos verbais e da minha dispersão,
que muitas vezes criam situações confusas mas engraçadas
Gosto de, finalmente, estar encontrando meu lugar no mundo.

sábado, 15 de março de 2008

Fragmentos de um discurso (muito) amoroso

- Vá logo, eu não tenho a tarde toda. Preciso ir ao banco e depois ao supermercado.
- Calma, tenha paciência. Eu sou lenta porque sou criança. Você está sempre com pressa.
- ... Desculpe. Eu sou uma idiota.
- Não, você é a minha mamãe e eu te amo.
- ...

sexta-feira, 14 de março de 2008

Tolerância Zero



Com:

* Incompetência.
* Filas em geral, especialmente as causadas por negligência, má vontade e desrespeito.
* Pessoas que ainda não descobriram que o fio dental existe: preferem utilizar a língua para retirar restos de alimentos entre os dentes, fazendo um barulho N-O-J-E-N-T-O!
* Pessoas usando o celular em locais onde o bom senso e a educação doméstica não permitiriam.
* Pessoas que, no cinema, comem pipoca, salgadinhos e afins como se fossem ruminantes. Não lembram da mamãe, não? Mastiga de boca fechada, menino! Ou são filhos de chocadeira?
* Vampiros de todos os sexos, idades e raças.
* Mentiras.
* Pessoas fúteis.
* Ignorância endossada pela preguiça, arrogância e prepotência.
* Pessoas que se acham boas demais, descoladas demais, bacanas demais quando na verdade são de um de menos sem fim.
* Falta de civilidade.
* Cigarro.
* Fofoca.
* Mesquinharia.
* Orgulho desmedido.
* Radicalismo.
* Crueldade com crianças, idosos, animais ou qualquer criatura que não esteja em igualdade de condições para se defender.
* Sabotagem, assédio moral ou qualquer tipo de tortura psicológica que inferiorize, degrade, subjugue e aniquile quem dela não possa, saiba ou consiga se proteger.
* Falsidade.
* Arquivos .pps, correntes e mais coisinhas fofinhas do gênero.
* A política do toma lá, da cá nas relações pessoais.
* Pessoas que acham que civilidade e bons modos são pré-requisitos apenas da vida real. Na Internet, ah, na Internet, foda-se!
* Pessoas manipuladoras. Principalmente aquelas que se fazem de vítimas para conseguir o que poderiam obter sendo honestas consigo mesmas e com os outros.

A lista é longa, mas a minha paciência está curta por ora...

Pela delicadeza

Semana passada, minha filha recebeu um presente massa. Um livro virtual intitulado As Reinações de Mariana, que também é o nome do flog que eu criei quando ela estava com dois meses de vida e que continua a todo vapor com quase cinco anos de existência. Pois bem, minha amiga Geny, que mora em Salvador, criou uma estória mágica cuja protagonista, Mariana, vive uma linda aventura junto com as personagens infantis mais amadas, não só por ela, mas por todas as crianças.

Geny levou mais de seis meses para fazer as montagens, criar o texto, sincronizar as expressões das fotos de Mariana com as gravuras e o enredo, enfim, teve um trabalhão daqueles, mas o resultado ficou muito bacana. Vejam aqui.

Não conheço Geny pessoalmente. Já nos falamos por telefone e sempre nos comunicamos pela Net, o que torna mais singular ainda o carinho dela por mim e por minha filha. Num tempo em que ser delicado significa ser facim, em que ser gentil é sinal de fraqueza, definitivamente, tenho esperança de poder me cercar cada vez mais de exceções, como Geny.

Não sei o que é que as pessoas querem com tanta rigidez, com tanta pretensão de se mostrarem duronas, auto-suficientes. Qual é o prazer que se sente em ter sempre na cabeça a máxima Não existe almoço grátis? Caramba, isso pode ser verdade na maioria das vezes, mas incorporá-la como algo feito e acabado só faz com que nossas relações sejam um toma lá, dá cá sem fim. Fecha-se o espaço e pronto: quem entrou, entrou. Quem não, não entra mais... Vidinha merda essa, hein? Recear ser delicado, ser gentil para não levar a fama de inseguro, de carente? Que tipo de pessoas são essas? Quem as machucou tanto para que precisem ser assim? Que desconfiança é essa? É tão difícil ouvir a própria intuição? O medo de levar uma (ou mais uma, que seja) na cara é tão grande que elas preferem manter a couraça por mais que pese e fira seus ombros. Tem alguma coisa muito errada nessa maneira de ser. E é uma pena que isso seja o normal.

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Mãe reza pelo filho mesmo quando não sabe que está rezando... Só hoje me dei conta disso.

quinta-feira, 13 de março de 2008

segunda-feira, 10 de março de 2008

Cassimone

Depois que li e me encantei com o Horácio da Fal, lembrei de um episódio galináceo da minha infância, que me serve de lição para a vida inteira.

Meus avós maternos tinham amigos que moravam numa fazenda próxima à Custódia, cidadezinha do sertão pernambucano. De modo que todo São João era costume viajar para lá. Eram dias maravilhosos. Meus avós eram padrinhos de três dos sete filhos do casal, Maria e Fabrício, que eu chamava carinhosamente de Comadre Coroquinha e Compadre Fabrício, esse sem muita proximidade porque ele era do tipo sério, vaqueiro, não muito chegado a interações com uma criatura do meu tamanho.

Os filhos de Comadre Coroquinha tinham idades variadas. Dois deles brincavam comigo, eu tinha uns seis, sete anos. Eram Bosco e Verônica. Os mais velhos que nós, mas nem tanto, eram nossos objetos de azucrinação. E assim passávamos esses dias: meu avô e Compadre Fabrício faziam longos passeios a cavalo tangendo o gado, enquanto minha avó e sua comadre cozinhavam toda sorte de comidas de milho - canjica, pamonha, mungunzá, bolo de milho, broa - e falavam da vida.

Já eu corria com meus dois companheiros pelas capoeiras, perseguia galinhas, abria porteiras e cancelas, arruinava a casa de madeira que Bosco tentava construir atrás da casa grande, ajudava a catar lenha para a fogueira de São João e mexia nas malas da minha avó à procura dos fogos - traques de massa, peidos de véia, chuvinhas e bombas - que havíamos trazido para a noite de São João.

Como eu estava de férias escolares e meus avós eram aposentados, nossa permanência se estendia por mais uma semana depois dos festejos juninos. Eu vivia num paraíso particular, cercada de espigas de milho - adorava brincar com as verdes, que Verônica chamava de bonecas por causa do cabelinho loiro delas -, das cabras com seus cocôs de bolinhas, do frio cortante do início das manhãs que fazia sair fumacinha da boca, do calor do meio-dia, da terra seca e da grande liberdade que eu gozava em meio aos arreios dos cavalos, ao mobiliário rústico e utilitário da casa e ao esquecimento das regras de boa educação às quais eu era submetida o resto do ano.

Mas o dia de voltar para casa chegava e sempre cedo demais, na minha quase nunca ouvida opinião. Como lembrança dos dias sem lei e sem ordem, Comadre Coroquinha me presenteava com uma franguinha. E me dizia que queria que eu trouxesse, no ano seguinte, uma foto da futura galinha pra que ela visse se eu estava tomando conta direitinho. Foram três ao todo, e a todas inventei e dei o nome de Cassimone. E não houve fotos nos anos seguintes...

A primeira Cassimone, muito tímida e medrosa, viveu sua curtíssima vida escondida no nosso quintal, mal dávamos por sua presença. Acho que ela sofria de banzo, a vida na cidade era muito barulhenta, creio. Pois na primeira oportunidade, Cassimone, intuitiva que só os sertanejos, aproveitou o descuido da porta de entrada estar aberta, correu sem obstáculos a casa toda e, já na rua, foi atropelada. Morte fulminante e sem propósito: de tão esmagada que ficou, não dava sequer pra panela.

A segunda Cassimone teve uma existência pacata de galinha conformada. Adaptou-se bem, comeu milho, bebeu água, não era afeita a carinhos, mas também não tinha medo das pessoas da casa. Seu sumiço foi meio nebuloso, mas hoje sei que ela foi uma das nossas refeições de domingo. Não se falou no assunto nem eu quis perguntar.

Já a terceira Cassimone era exuberante, extrovertida, abusada. Diria que era uma franga além do seu tempo. Destemida, não se contentava apenas com o quintal. Caladinha, passeava pela sala, quartos, copa e cozinha. A única coisa que entregava a sua audácia era o rastro de fezes que deixava por onde passava.

Minha avó começou a se aborrecer com a galinha, mas como ambas tinham personalidade forte e minha vó secretamente respeitava quem a peitasse, Cassimone seguiu reinando. No entanto, o preço dessa quebra de braço era cobrado dia após dia: Dona Nau reclamava demais da galinha - sim, Cassimone cresceu, castanha e independente - e nós não agüentávamos mais tanta falação: essa galinha não pára de sujar a casa, nem um dia sequer ela fica entupida...

Um belo dia, já farta de tanta reclamação, decidi acabar com o problema. Se um dia fosse o suficiente para acalmar os ânimos da minha avó, que assim fosse. Como conseguir isso foi a parte mais fácil. Coloquei dois chicletes na boca e os mastiguei até doer o queixo. Depois separei um pedaço e coloquei vocês imaginam onde na pobre Cassimone... E fui viver minha vida de criança.

Dona Nau, de fato, parou de reclamar e eu esqueci de Cassimone. Certo dia, minha avó caiu em si e foi olhar direitinho o que estava acontecendo, pois a galinha, antes tão senhora do seu destino, andava pelos cantos, comendo seu milho, bebendo sua água, mas sem nenhuma disposição pra vida. Nesse dia, Cassimone sumiu até das nossas vistas.

Depois de muito procurar, minha avó achou a galinha debaixo da figueira, numa parte do quintal cuja existência Cassimone antes parecia ignorar, tão acostumada que estava aos passeios pela casa afora. De imediato, ela achou que a galinha estivesse choca. Depois viu que havia algo errado: acode, Teresa, que a galinha está doente! Ao examinarem o animal, lá, bem lá, estava a prova do meu crime: Cassimone inchou e morreu, dias depois, por causa do chiclete que eu preguei na entrada da sua cloaca. Ou seria na saída? Continuo não entendendo muito da anatomia dos emplumados.

Parece que a minha avó não ficou brava comigo, pois não lembro de ter sido castigada. Afinal eu era uma criança que, com toda a inocência e o desconhecimento de anatomia de que era capaz, gostava de resolver problemas, especialmente se eles tivessem como objetivo fazer com que a minha avó parasse de reclamar de alguma coisa.

Hoje em dia procuro ter certeza de que estou sozinha antes de pensar em voz alta. Não que eu tenha tentado me redimir adotando uma quarta Cassimone. Acontece que aqui em casa vive uma menininha de quase cinco anos que detesta ver a mãe reclamando de alguma coisa...

sábado, 8 de março de 2008

Dia Internacional da Mulher

Participe!


Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão, ambas com 16 anos. Praia de Serrambi, litoral sul de Pernambuco. Desapareceram depois de um passeio de barco. Seus corpos foram encontrados num canavial, dez dias depois, em adiantado estado de decomposição. Foram mortas a tiros.

Laís Bezerra, 9 anos. Limoeiro, interior de Pernambuco. Foi seqüestrada e abusada sexualmente. Teve seu corpo esquartejado e queimado.

Sabrina Hellen, 13 anos. Encontrada morta num matagal do Ibura, bairro da zona sul do Recife. Vítima de violência sexual. Morta por estrangulamento. Seu corpo foi queimado. Segundo seu pai, Sabrina foi morta porque era bonita.

Amanda Oliveira, 16 anos. Foi estuprada, amordaçada e espancada até a morte, no centro do Recife.

Esses são apenas alguns casos da violência perpetrada contra a mulher em meu estado. E eles não param: não há dia em que faltem manchetes sobre ocorrências desse tipo. São crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência sexual, que na maioria das vezes terminam sendo mortas para que não reconheçam seus agressores.

Como mulher e como mãe de uma menina, sinto-me angustiada e temerosa. Projeto-me na dor dessas mães que perderam suas filhas de forma tão brutal e muitas vezes me pergunto: e se fosse comigo? Melhor seria evitar esse tipo de pensamento, mas definitivamente não dá. O perigo está por toda parte. Não apenas nas favelas e bairros pobres da cidade - as mães das meninas de Serrambi choram abraçadas à mãe do Ibura. Essa dor não faz distinção de posses, ela foi socializada pela impunidade.

Por isso não me venham com essa história de que as causas do problema são a desigualdade social, a falta de educação e de emprego. Claro que tudo isso contribui, mas até determinado ponto. Enquanto não houver uma política efetiva de combate à violência contra a mulher e rigor no cumprimento das penalidades, o clima de impunidade vai propiciando o surgimento de mais e mais vítimas.

Espancou porque estava com ciúmes. Matou porque desconfiava que estava sendo traído. Estuprou porque sentiu atração pela vítima e a mesma não permitiu uma aproximação... Os motivos são banais. As vidas tiradas também. A mulher parece ser, nesses casos, um objeto qualquer que pode ser usado e jogado no lixo quando não apresenta mais serventia ou incomoda... A coisificação da mulher é o que subjaz a todos esses casos. Essa é razão pela qual elas são mortas em todas as camadas sociais.

Só sei de uma coisa: como está não dá para continuar. Uma hora essa bomba explode porque ninguém mais agüenta tanta violência, tanto desmando, tanto descaso, tanta incompetência, tanta demagogia travestida de consciência social...

Melhorar a qualidade de vida dos pobres ajuda? Claro. Investir na educação e tirar os menores da rua ajuda? Evidentemente. Gerar empregos e diminuir a desigualdade social ajuda? Sem dúvida. Que se invista no social e na educação, na geração de empregos também. Qualquer um que fosse contrário a essas medidas que visam à diminuição da violência seria um doido de pedra. Mas, infelizmente, sabemos que por mais esforços que se façam na consecução desses objetivos, eles precisam de um médio a longo prazo para dar frutos. Que não seja essa constatação um obstáculo ou uma desculpa para que se cruzem os braços ou para mais um adiamento dessas urgências, é sempre bom frisar. Porque o que se vê não só aqui em Pernambuco, mas no Brasil inteiro, é que a sociedade já não está mais disposta a esperar. Em paralelo, que se tomem medidas urgentes para acabar com a impunidade. Que as devidas providências não sejam apenas tomadas quando a filha, sobrinha ou neta de algum político ou celebridade seja a vítima.

Não sou jurista, mas entendo que se a lei não funciona e os crimes estão aumentando a cada dia que se passa, tem alguma coisa muito errada nessa engrenagem. Que tal acabar com a historinha das atenuantes, dos semi-abertos e começar a aplicar as penas na íntegra só para começo de conversa? Que tal tratar crimes de violência sexual sem essa distinção ridícula entre estupro e atentado violento ao pudor? Eu até que poderia propor aqui um monte de barbaridades contra esses monstros que praticam crimes como o que foi noticiado nessa mesma época, no ano passado, em Santa Catarina, no qual uma menina de um ano e meio foi estuprada e morta dentro de uma igreja evangélica, mas eu não estaria sendo sensata e racional. O calor da hora nunca é um bom conselheiro. E por falar nisso, alguém, que não seja um familiar dessa criança, lembra desse crime?

O que eu sei é que se nada de concreto for feito no sentido de uma política efetiva de combate à violência contra a mulher, a questão seguinte será saber qual de nós será a próxima vítima: eu? Você? Sua filha? Sua irmã? Sua neta? Sua sobrinha? Sua amiga? Sua vizinha?

quinta-feira, 6 de março de 2008

Atenção, Muleres!

Como já está se aproximando o Dia Internacional da Mulé, que tal levantar a sua auto-estima já tão solapada de tanto ver essas celebridades lindas e glamourosas, que dois dias depois do parto já estão em plena forma e ainda mais esplendorosas do que nós todas juntas?
Pois não se deprima, amiga-mulé-companheira de jornada: é tudo PhotoShop, lipo e dieta à base de alpiste e alfafa.

Veja aqui como a perfeição pode ser criada usando esses truques sujos cuja única razão de existir é acabar com a nossa raça, charme e malemolência.

P.S. A música alivia a revorta e a indignação.

terça-feira, 4 de março de 2008

Calor na bacurinha

Dias muito quentes aqui em Recife. Minha pressão arterial se comportando diafanamente: ora caindo mais, ora bem mais. Hora de consultar um médico, qualquer hora dessas.
Na verdade, com algumas exceções feitas por motivos pessoais, detesto médicos. A grande maioria acha que ocupa o Olimpo e nós, pobres mortais, lhe devemos subserviência moral e intelectual.
Claro que há profissionais muito bons, humanizados e tal, mas acho que deveria haver psicotécnico pra eles antes de entrar numa escola de medicina e com poder de vida ou morte: Serás ou Não Serás um Médico. Ah, isso também deveria valer para advogado com pretensão (bota pretensão nisso!) a juiz.
Enfim, eu vejo flores em você. Psicodélicas, diga-se de passagem.