terça-feira, 30 de junho de 2009

Pompoarismo



Cristiana: Menina, minha instrutora de Pilates viu uma mulher partir uma banana, tu crê? Pense numa potência!

Kenia: Potência mesmo se fosse uma macaxeira.

Cristiana: Mermão, se a mulé conseguisse partir uma macaxeira tenho certeza que ela não ia divulgar. Era marcar gol contra, nera não?

Kenia: Por um lado. Por outro, não.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

It rings a bell...



Mãe, eu sou apenas uma criança, mas sou muito por dentro. Oh céus, a semana mal começou e a densidade transborda nesta casa...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson - Melhor texto



Melhor texto que li sobre MJ aqui.






Não, eu não vi e nem vou ver o vídeo da morte da moça iraniana. Se é humano esse gosto pela morbidez, da mesma forma é repugnante. Certos atos só refletem a precariedade das nossas percepções: ver enche de horror e de fascinação, mas também anestesia o medo. Que tipo de coragem é essa, então, que aperta o play? Qual é o animal que, não estando louco, morde a sua própria sombra? Darwin deve estar rindo até agora da peça que nos pregou.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Michael Jackson: Beat it!






Tô aqui bestinha...


Update:
Depois dessa, vai ter assunto para mais de um mês. O Multishow já interrompeu a programação para apresentar um especial sobre a vida de Michael Jackson, vai chover opinião sobre a saúde, achismos os mais variados sobre a personalidade, a bizarrice, as taras, os fetiches, o embranquecimento, os filhos, a falência etc. etc. Enfim, vai ter carniça de sobra pra urubuzada. E eu só achando que ele já vinha morrendo faz é tempo. E como ele era magnífico! O melhor de tudo que apareceu. Pena que não que conseguiu sobreviver a si mesmo.



terça-feira, 23 de junho de 2009

A linguagem barroca nordestina



Dia desses recebi um daqueles e-mails sobre o nordestinês, o modo de falar todo nosso, nós, que causa estranheza aos brasileiros de outros estados e a nós, os locais, acima de tudo, diverte. É uma linguagem inventiva, metafórica, lírica e, sobretudo, barroca.

Cito aqui alguns fragmentos do e-mail:

Nordestino não conversa, ele resenha!
Nordestino não percebe, ele dá fé!
Nordestino não espera um minuto, ele espera um pedacinho!
Nordestino não fica com vergonha, ele fica encabulado, todo errado!
Nordestino não passa a roupa, ele engoma a roupa!
Nordestino não rega as plantas, ele 'agoa' as plantas.
Nordestino não vigia as coisas, ele pastora!
Nordestino não vê coisas de outro mundo, ele vê uns malassombros!


E há um lirismo imenso na fala popular! É português seiscentista, barroco, pura poesia popular. Não é à toa que dizem que falamos cantando.

Em linhas bem gerais, a nossa fala popular é muito marcada por trejeitos do português arcaico, especialmente dos séculos XV e XVI, que, em paralelo com as artes, vivia sob a égide do Barroco. A linguagem nordestina, da qual a linguagem popular é reflexo mais vivo e pontual, reflete esse barroquismo, esse estar no mundo em meio a perplexidades. Quando dizemos que vamos aguar as plantas, por exemplo, o que estamos fazendo além de, no âmbito da linguagem poética, embora coloquial, dizer que, com a nossa mão, humana, fazemos o que divinamente a natureza pratica? Além de (e especialmente!) ter também o empenho lúdico das palavras, que é uma constante não apenas no nosso falar, mas no nosso modo de enxergar a vida, coisa mais barroca, impossível.

Se vocês pensarem no que foi feito em São Paulo, no momento heróico do Modernismo de 22, também encontrarão elementos barroquizantes. Na escrita de um Guimarães Rosa, que era mineiro de nascimento, mas universal por merecimento, também vemos em Grandes Sertões: Veredas, a saga barroca de Riobaldo, em conflito agudo com o divino e o que o mundo lhe mostrava nos caminhos tortuosos dos sertões brasileiros. Também na arquitetura de Niemeyer que, apesar de moderna, guarda uma certa parentença com as formas de Aleijadinho – isso não fui eu quem disse, foi Sartre que, numa visita ao Brasil, percebeu essa aproximação. Enfim, ser barroco, na perspectiva da arte e, conseqüentemente, da linguagem, é coisa não apenas nordestina, mas brasileira.

Foi a leitura de texto muito bom sobre o Barroco e o homem moderno, de Affonso Ávila, O Barroco e uma linha de tradição criativa, in: O poeta e a consciência crítica. Editora Summus, 1978, que suscitou esta reflexão.

P.S. Se alguém se interessar pela leitura, sinalize, que eu digitalizo e envio o mesmo.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Alice no País das Maravilhas - Tim Burton












5 de março de 2010, mal posso esperar. :)

domingo, 21 de junho de 2009

Seu que era meu



Seus livros de capa dura, seu licor de jenipapo, suas abotoaduras, seu cão perdigueiro, seus óculos, sua poltrona, seus cigarros, sua letra desenhada, seu relógio de bolso, suas revistas Pasquim, seus discos de Cartola, seus ternos brancos e suas calças de risca de giz, seu chapéu panamá... sua voz já quase esquecida, suas mãos trêmulas, seu abraço, seus porres e seus pequenos desatinos... sua espingarda de caça, sua coleção de moedas, a sua menina dos olhos: eu, que esquecida do tempo, continuo lá, parada, na porta da casa, à sua espera.

Blog Dorado






Recebi esse selo das queridas Sweet e Paola, pessoas das quais gosto muito e cujos blogs são leituras mais que indicadas.

Vejo esses selos como uma forma de homenagem carinhosa aos blogs dos quais gostamos e, por que não?, uma boa oportunidade de divulgação desses mesmos blogs. Por esse motivo e por falta de tempo também, vou pular essa parte de divulgar as regras do evento e, ao invés de indicar 15 blogs, indicarei apenas dois, que, de pronto, têm mais a ver com o momento de vida e de escritura em que me encontro.

Mas quem quiser fazer a coisa certinha, pode ir no blog de Lu, aquela Batata que se apresenta inglesa, mas que, na verdade, e todo mundo sabe, é doce, doce, doce, e ver como proceder.

Pois bem.

Vou de José Luís. Seu blog, quase que na totalidade, é constituído pelos lindos poemas de sua autoria. Seu lirismo-amoroso, sensual, à medida que desnuda o corpo da mulher amada, recobre-o com um sentimento tal que mistura sensualidade, volúpia, saudade e um certo ar de desilusão que não deixa, no entanto, de mais desejá-la. Um pedacinho, mas vão lá, que tudo é muito bom:

na varanda
o vento frio vindo do mar
arrepia minha pele
e meus pelos
afinal,
por onde voce anda
porque nunca responde
os meus apelos
aos meus gritos
silenciosos
ansiosos
desesperados
meu pensamento
esta' cansado
e rouco
de tanto chamar por voce
saio
e caminho pela rua
me distraio olhando a lua
acabo vendo sempre
a sua imgem nua
afinal
porque voce tanto
se insinua
porque voce tanto volta
aos meus sonhos
acabo tendo
pesadelos medonhos
e encharco a cama de suor
sera' que voce nao tem
um jeito melhor
de me fazer esquecer?


Vou também de Nora, que escreve prosa com tanta poesia, com tanto arrebatamento, que ouvir suas histórias, mesmo sobre as andanças pelo seu segundo lar, Espanha, transforma-se num andar junto, poético, sentimental. E Nora tem os olhos que acolhem, olhar para eles é se sentir, estranhamente, em casa. Tive o prazer de sua companhia por algum tempo, há mais de vinte anos e a blogosfera tratou de nos reaproximar. Visitem o blog dela, que é muito bom!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Desaguar



De que adianta entrar
sem força bruta,
por brisas de gotejante delicadeza,
em pedra
cuja aspereza termina,
invariavelmente, por fazer sangrar?
E mesmo depois,
por insistência de água e demandas de jogo,
possa nessa dureza imergir,
de que adianta?
Água e pedra fecundam rápida represa,
talvez pequeno fosso,
mas, ao fazê-lo,
infiltram-se,
racham-se,
lodam-se,
destroem-se.
E serão novamente água e pedra
e as suas naturezas inconciliáveis.
De que adianta, então,
essa teimosia de água?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Não fui eu, foi o meu Eu-lírico



Ter um blog confessional é complicado. E eu admiro bastante quem tem um blog exato, que fala sobre Esportes, Cinema, Política, Direito das Minorias, enfim, quem tem condições de dar enfoque a uma coisa só. Porque isso exige um conhecimento aprofundado em determinada matéria, caso contrário, o risco de falar besteiras cresce exponencialmente, muito embora eu também ache que, uma vez falada, qualquer bobagem pode se transformar em uma idéia amadurecida contanto que racionalmente debatida. Circular neste mundo incrível da informação proporciona isso se o sujeito não for radical a ponto de não perceber essas possibilidades todas. Mas, enfim, quando alguém opta (por falta de capacidade no meu caso, reconheço) por categorizar o próprio blog como sendo de Variedades, tem pela frente um problema formal grande porque, ao ampliar a margem de possibilidades de postagem, também aumenta a inespecificidade do espaço. O que, por outro lado, é bem interessante porque o que não falta é assunto, daí uma maior liberdade de diálogo.

Mas uma coisa é exata: você, como autor, por mais que tenha a liberdade de transitar nos mais variados assuntos, termina por traçar um perfil na medida em que todo recorte que faz da realidade obedece a critérios pessoais. Impossível ser de outra forma. E isso, claro, contribui para criar uma imagem que, na maioria das vezes, termina por tolher essa tal liberdade de escolha.

Era sobre isso, embora em termos não tão cristãos como os de agora, que eu conversava ontem com Fal. Falávamos da incompreensão quando se resolve fazer um exercício formal - digo exercício porque não tenho a pretensão de dizer que é literatura o que escrevo - que deixe a linguagem funcional de lado. Daí que quando se escreve um texto poético ou ficcional é batata! O sujeito vira o próprio Eu-lírico, bem como o narrador se transforma, inevitavelmente, na minha pessoa. Essa confusão teórica é antiga e não é fruto da má vontade do leitor (ou do espectador que confunde a personagem com o ator, por exemplo). Muitas vezes ela vem da necessidade de conhecer quem está por trás da tela do computador, essa vontade nossa de desvendar mistérios, de tentar compreender cartesianamente o mundo e as pessoas que nos rodeiam, real ou virtualmente.

As pessoas são muito diferentes e suas visões de mundo são determinadas por essas diferenças. Algumas vêem a padaria do caminho para o trabalho como um lugar onde são produzidos pães, bolachas, bolos e doces. Outras, ao invés, vêem a padaria do mesmo caminho para o trabalho como sendo aquele espaço em que as abelhas, incansavelmente e a despeito da impossibilidade, continuam, manhã após manhã, a beijar o vidro do balcão na tentativa de pousar nos doces que apenas imitam os seus. Essas duas pessoas estão completamente certas em seus pontos de vista. Elas apenas precisam ter consciência de que eles não se excluem, mas, sim, que são meras possibilidades de apreender o real.

Ver uma mulher parada na frente de um prédio, com um buquê de flores e um vinho na mão, esperando que o portão se abra, pode ser apenas isso. Mas pode ser mais, dependendo de quem vê. E se eu paro para dar explicações, para dizer que essa mulher não sou eu e, sim, que a vi quando voltava para casa, faz com que a poesia se perca - se se considerar o que escrevi como poesia, claro.

Muita gente que escreve poeticamente se derrama nos textos de maneira abissal, total e inequivocadamente, quem lê pulsa essa entrega. Outras, ao contrário, trabalham o texto suando, tentando fazer sentido, pinçando as palavras certas na busca da melhor sonoridade, da batida e do ritmo pretendidos. E até mesmo quem se entrega ao texto de modo passional não prescinde do suor da criação porque chorar, todo mundo chora, e no quentinho da cama, nossa, isso é bem melhor. Seja de que modo for, a imagem que se tem de um poema é de uma realidade transitória, muitas vezes irrealidade mesmo, criação de um recorte tal da paisagem que, se não agarrado naquele momento, perde a possilidade e se torna paisagem mesmo e só.

Falando de mim, quando escrevo algo que se pretende poesia ou ficção, faço por algumas razões, dentre elas, claro, a pessoal. Mas também, e na maioria das vezes, faço porque, finalmente, depois de tantos anos me negando, percebi que não adianta lutar contra o que sou. E a literatura me dá a possibilidade de usufruir dessa
assimetria entre o que é o mundo e o que ele provoca em mim. É assim que ele me pertence e é assim que encontro os motivos que me justificam. De modo que eu vou estar sempre no que escrevo, mas muitas vezes como uma mera transeunte, como mediadora de algum sentimento que, para fazer sentido, precisa ser transformado em palavras.

Por isso, não me queiram mal quando eu for aquela que pisa nas flores e vai embora sem ouvir o outro. Nem me queiram bem a ponto de me impedir de pular de braços abertos no abismo.

domingo, 14 de junho de 2009

Mariposa



Com os olhos cravados na janela do segundo andar,
um bordeaux e um maço de flores quase murchas na mão,
pés dormentes pela espera,
ela escuta,
os sinais que não virão,
as palavras impronunciadas,
o momento desfeito antes de existir, deliberadamente.
Ela, mesmo assim, por desígnios de eterna submissão, fita
a janela em constante penumbra
que parece ocultar um mundo que lhe provoca aquela ternura morna,
certo horror
e mais paciência ainda.
E tudo aquilo a atrai
como a luz à mariposa,
que mesmo sabendo da fatalidade,
busca, em vôos cegos e circulares,
a brutalidade do seu destino
que é arder
e se cumprir
Só.

sábado, 13 de junho de 2009

Fluxo e refluxo



Ontem, o Recife acordou, deu bom dia e voltou pra cama. Tudo alagado. Sou a mais velha do grupo. Têm vinte e poucos anos, e eu me vejo tanto em alguns deles. Céus, como a vida não muda de estação! G., o que não falta no mundo é beleza complexa, de doer, de fazer chorar. E a gente aqui embolando de tanto rir, que falta de respeito e compostura. Ia fazer as unhas ontem cedo, dúvida entre o vermelho e o café. A chuva decidiu por mim. O que é o mito? É uma mentira!, responderam com força. E eu sou obrigada a conviver com isso. Eu sei que abolir o sutiã é libertário, mas depois de uma certa idade, fica obsceno, especialmente se isso acontecer sob uma malha amarelo gema. Pois eu tenho um colar lindo, cheio de bolinhas coloridas, lindo, lindo. Olharam tanto, pegaram tanto, que ele partiu, do nada, quando fui tirar. Só de pensar que ele estava no meu pescoço... hahaha. Às vezes estou até bem lenta, mas nada que me dê paciência suficiente para agüentar um banquinho e um violão. E ter sido backing vocal de I. certamente é ponto mais alto do meu currículo, mas o pior de tudo mesmo é lembrar e ainda passar a informação adiante. As decisões erradas nunca te perdem de vista: você pode mudar de endereço, de penteado, de opinião, mas elas um dia te acham, pode crer. Ah, café, ficou lindo. Posso usar a colcha de retalhos, espero por isso o ano todo, enfim. Aos poucos, a poeira tende a assentar porque ninguém suporta viver tanto tempo pairando sobre si mesmo. Aí é tocar a vida como se toca uma bola de sabão, de leve, e deixar que ela se encarregue do resto, muitas vezes sem tantas sutilezas. Existe outro jeito? O tédio é a forma mais
baixa de renúncia
. Ouvindo isso, desperto.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Brejo da Cruz News



O sorvete de cocada da Fri-Sabor, vício. No mais, estou com Clarice, uma hora esse ensaio sai. Professor super exigente, daqueles bons que deixam a gente meio com receio de decepcionar. Mas aí quando você mergulha em C.L., tudo pode acontecer. Foi assim com Caeiro, eu quase enlouqueço. Eu não posso com a poesia porque ela me devasta. Por isso sou prosa, toda prosa por fora. Já por dentro... Quem sabe de mim sou eu. De noite, antes de dormir, devagar e sempre, O Roubo da História, daqueles que puxam a gente pro mundo real, muito bom, que eu siga em passos de tartaruga, mas siga, vale a pena, indico. Recentemente também o novo de C.B., Leite Derramado. Acho que ele já escreveu com um olho (que olho...) no papel e outro na tela, completamente roteirizável. Hoje acordei com vontade de escrever cartas. Sim, eu ainda escrevo à mão, mas cartas, faz tempo. Deu vontade de escrever para N. e falar que tudo que ela me disse, há mais de 20 anos, ainda cai como uma luva em mim. Uma luva de chumbo, é certo, mas agora é a minha vez de lidar com isso. Vontade de escrever para S. e dizer que o conto vai sair, só preciso ainda entender o enredo, é complicado, mas eu não tenho medo de encarar. E também pra O., dizendo que sinto saudade de tudo e mais dela ainda. Estranhamente não tenho mais vontade de brigar por coisas que, um ano atrás, me tirariam do sério. E não falo só de ninharias, não, mas de situações que costumavam perturbar meu sono. Só não sei ainda se isso é bom ou ruim. O bebedouro dos passarinhos rachou e não achei outro para substituir. Há duas semanas tem uma vasilhinha de plástico com água e açúcar sendo trocada todos os dias, na varanda. Só hoje eles atinaram com a existência dela. Bichinhos burrinhos. Depois das férias, fazendo isso por quase um mês, outro vício: corrida. De manhã cedo, com o vento gelado doendo nos ouvidos nos cinco primeiros minutos, depois, vício. Eu, chocólatra assumida, ando virando a cara pro chocolate. Estão se apossando do meu corpo e não sou eu, socorro! O mundo está cheio de gente doente, de pino solto, sei lá, tenho me deparado com tanta patologia ambulante que dá medo. A última foi uma que me deixou de cara, nossa, levei dois dias pra realizar o que aconteceu. Realizar mesmo porque o troço foi pra lá de realismo fantástico. Por isso que quando me falam que eu vejo chifre em cabeça de cavalo, concordo na hora. E se você procurar direitinho, acha, vá por mim. Meu mp3 está macumbado, liga e desliga sozinho. Vou pedir a M. que refaça a minha numerologia, desconfio que trocaram a senha do meu karma. Por que é que a maioria dos meus amigos está ficando careca? Depois de mais de 20 anos sem vê-lo, S.S. vai voltar para o Brasil, mais especificamente para Recife e, mais especificamente ainda, vai ser meu vizinho. Contando os dias. Fico feliz por mim, já por ele... Mais pela cidade, ele sabe, que anda ruim das pernas, benza deus. E ele também está quase careca. Mas esse não pode se queixar da água da Compesa, rá. Vontade de comer bolo de macaxeira, vi e não comprei. Hoje, sim, mas não estava bom, castigo, essas coisas precisam ser na hora. E eu esperando pelo improvável. Sentada, porque em pé cansa.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Ah, Clarice...



(...)Não havia como fugir. Os dias que ela forjara haviam-se rompido na crosta e a água escapava. Estava diante da ostra. E não havia como não olhá-la. De que tinha vergonha? É que já não era mais piedade, não era só piedade: seu coração se enchera com a pior vontade de viver. (...)


(C.L., Amor, in: Laços de Família)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Momento Pais&Filhos






Este vídeo é auto-explicativo.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Momento de ternura



Pode me chamar de estressada, debochada, prepotente, intransigente, sapatão (hahaha), mas não me chame de florzinha, não, porra!

domingo, 7 de junho de 2009

Desconstruindo Kenia Mello



Mudei de salão. Decidi cortar o cabelo e não marquei horário, e como ontem era sábado, reconheço que amanheci disposta a encher meu dia de emoção. Quando cheguei, falei o que queria fazer e a pessoa que me atendeu perguntou se eu tinha preferência por algum profissional. Eu disse que não conhecia nenhum, mas preferia alguém que não insistisse em puxar umas mechas louras... A pessoa teve o feeling da cliente aqui e foi direto numa moça.

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Daí que ela veio e eu fui explicando o que e como queria:

-- Quero deixar o cabelo da cor que está. Preciso apenas de alguns retoques.
A moça foi buscar o catálogo de cores e eu já comecei a me preparar para a guerra. Mas aí ela disse que teria de ser a cor tal para não ficar num tom azulado. Beleza, ainda bem que eu não teria de defender com unhas e dentes o direito de não ser mais loura.

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Tinta no cabelo, cabelo lavado e vamos para o corte.

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Eu: Não tenha pena de cortar bem curto porque meu cabelo cresce logo.
Ela: Pode deixar.
Navalha pra cá, tesoura pra lá. Ela dá o corte por encerrado e me mostra o espelho.
Eu: Tira mais atrás porque eu gosto com a nuca de fora. E não deixa repicado, prefiro reto.
Ela: Mas repicado e desigual fica mais feminino.
Eu: Mas eu não gosto, prefiro reto e com a nuca de fora.
A moça concordou suspirando.
Daí eu percebo que em cima ainda tem muito cabelo e falo para ela tirar mais.
Ela: Mas você não acha que assim fica menos masculino? Aí você pode passar uma pomada e dar um efeito mais desconstruído.
Eu, que já estava quase perdendo a paciência, respondi:
-- Não se preocupe, eu me visto com roupas femininas, uso acessórios delicados, enfim, pode cortar do jeito que eu estou acostumada. E desconstruído é a puta que pariu!

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Depois de quase ter de provar para a moça que não sou lésbica, consegui fazer o que eu queria com meu próprio cabelo e ainda paguei por isso. Bacana, né?

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Não fosse pela tintura e manicure, minha próxima incursão seria numa barbearia.

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Eu devo mesmo ter cara de quem precisa mudar de idéia urgentemente. E no mundo o que não falta é alma caridosa.

sábado, 6 de junho de 2009

Everybody was Kung Fu fighting...






Quando pensamos que nessa vida já vimos e ouvimos e fizemos quase tudo, vem sempre algum engraçadinho jogar nosso analfabetismo funcional na cara...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Campeonato Brasileiro






E teve jogo ontem, foi? Pensei que fosse uma partida de totó...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Supermãe...



Fernanda Lima se vira para passear com os gêmeos no Rio:





Assim eu também me viro e com mais de dois:




Uma delicadeza para um dia de chuva





quarta-feira, 3 de junho de 2009

A ausência de Lula e a barrigada de Noblat



Os Amigos do Presidente Lula estão indignados com a barrigada de Noblat - clique nos links para entender a história.

Não vou entrar no mérito da questão sobre jornalismo responsável porque, a cada dia que se passa, isso é coisa rara por aqui. Mas independente do uso político que queiram dar à ausência de Lula, acho, sim, que ele deveria ter desmarcado seus compromissos no exterior e voltado para o Brasil para se solidarizar, no Rio de Janeiro, com as famílias das vítimas. Pelo menos era isso que eu esperava do presidente de um país que perdeu 58 cidadãos. E creio que não estou sozinha nessa opinião.


Update: Antes que venham se pegar em miudezas semânticas, corrijo: como Lula já se encontrava no exterior quando do desastre aéreo, acredito que ele poderia ter se retirado do evento, sua saída teria sido mais do que justificada.

Digo isso porque é tão anticanônico falar qualquer coisa contra Lula que o simples uso do verbo desmarcar pode ser veementemente combatido porque, afinal, ele já estava fora do Brasil e, desse modo, como poderia cancelar algo já em curso? Usando o português mais popular: ele poderia ter pedido pra cagar e sair, nera não? Mas deixemos isso pra lá porque morrer em acidente aéreo é coisa de burguês, caralho.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Vôo 447



Acho perverso isso da imprensa ficar divulgando fatos e particulares da vida das vítimas do desastre aéreo. Não têm o mínimo respeito e nem disfarçam o desejo de que a dor renda, em escala nacional, o máximo possível, até que venha a próxima catástrofe, o próximo escândalo. Ô corja! Por isso que não acompanho mais nada desse triste episódio. Pra mim deu.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A noite em que morri



estávamos numa festa de casamento, acho. ela usava um vestido branco e já estava sem os dentes superiores. de repente, do nada, perco-a de vista. procuro entre as pessoas, mas, no fundo, sei que é em vão. levaram a minha filha. levaram a minha menina. por dentro, eu sei: levaram a minha filha. procuro, mas a resposta vem certeira: levaram a minha filha. olho para as ruas e penso nela, com uma angústia maior do que tudo o que eu não vejo, mas está ali. e essa dor me paralisa porque sei que não posso fazer nada. levaram minha filha de mim. passam-se alguns dias, pessoas que não conheço dizem que, pelo tempo, ela deve estar morta. levaram minha menina e eu não posso fazer nada além de sofrer até perder o fôlego, olhar para o mundo sem enxergar mais nada a não ser seu rosto, que era meu. eu grito seu nome três vezes. três vezes. três vezes. três vezes. e a minha voz não é mais minha porque morri junto com a minha menina.

Madrugada de sábado para domingo. Despertei várias vezes, levantei, bebi água, mas ele voltou, cada vez mais real, sem interrupções. Numa hora dessas, não há mais nada que se possa entender: ele é tudo de mais devastador sobre a sua cabeça, ele é o maior medo, o pior de todos, o inconfessável, o impronunciável. Ele é a soma de todos os pesadelos, de todas as agonias que um dia alguém experimentará. Ele é o deus-me-livre que sai ofegante de dentro de quem há muito perdeu a fé, é o assombro-rei, é o pensamento que você escorraça com a maior rapidez possível. O inominável que deixa um gosto amargo na boca.

Prêmio Top Blog



O Leite de Cobra foi indicado e está concorrendo ao Prêmio Top Blog, na categoria Variedades.

Para votar, é só clicar no selo aí à esquerda. Daí, clicar em Votar neste blog. Depois, colocar o nome e e-mail. Simples.

Caso vençamos, prometo acabar com as enchentes do Nordeste e com o casamento de Angelina Jolie.

Bora votar, pessoas.