Se mudar de cidade e alterar a rotina de uma criança de sete anos é complicado, imaginem mudar para um país cuja língua lhe é totalmente estranha e onde ela terá de começar basicamente do zero em termos de amizades, adaptação na(s) nova(as) escola(s) etc. Não foi fácil. Aliás, foi extremamente difícil tanto para ela quanto para nós. E o processo, apesar de já ter superado a fase inicial, ainda não terminou.
Sim, porque a pior coisa na vida é ver um filho sofrendo e não podermos fazer nada além de consolar e encorajar com a promessa de que depois as coisas vão melhorar. É osso. Cansei de me questionar sobre a decisão que tomamos de mudar para cá, foram muitos dias de insegurança, receio e angústia.
E a barra que ela enfrentou também não foi pequena.
Mariana sempre foi uma menina ultra comunicativa e com enorme facilidade de fazer amigos. Bastava que fôssemos almoçar em um restaurante com recreação infantil para que a criatura arrumasse três ou quatro amiguinhos e difícil mesmo era conseguirmos ir embora sem antes ouvir uns 137 só mais cinco minutos, mãe/pai.
Morávamos em um condomínio cheio de crianças, onde Mariana tinha bastante amigos e amigas, muitos deles tendo crescido junto com ela.
A escola é um capítulo à parte: Maricota começou a frequentá-la aos 2 anos e três meses, amava as tias, os amigos e amigas, a best friend Luísa. No último dia de escola, teve uma linda despedida, foi um chororô triste. Eu preferi não participar, ao invés de ir, mandei uma carta para a diretora explicando que eu não tinha condições emocionais de segurar a barra e ainda me manter equilibrada para resolver as muitas broncas pendentes antes da nossa vinda para cá -- pra vocês terem uma ideia, nosso voo saiu às 22h e às 15h do mesmíssimo dia, estava eu no consulado (em Recife) pegando os últimos carimbos com o cônsul...
Nessa carta, que escrevi para ser lida pela professora de Maricota na despedida, falei de cada funcionário da escola e de sua importância na vida da nossa filha. Ela, no entanto, não chorou nem nada: apenas consolou as amiguinhas e a tia. A ficha não tinha caído ainda.
Chegamos nas férias de outono. Amparada pela companhia do primo, ficou achando que estava aqui a passeio. O bicho pegou mesmo quando as aulas começaram e os desafios apareceram. No entanto, ela nunca se queixava diretamente, dizia que estava tudo bem, embora tivesse crises de choro diárias. Nessas horas, o coração apertava porque sabíamos que era a falta de tudo que lhe era familiar, seus amigos e amigas, sua rotina, suas pequenas certezas.
O pior dia foi quando, numa dessas crises de choro, pela primeira vez ela perguntou ao pai por que ele tinha lhe feito isso, por que tinha lhe tirado todos os amigos... O pai morreu, né? Rapidamente, Fernanda Montenegro assumiu o babado e falou que no Brasil também tinha coisas ruins, uma delas era o fato de papai viver sempre viajando a trabalho. Mariana consolada e eu uma noite sem dormir... Detalhes.
E assim os meses foram passando, até que ela começou a falar holandês com desenvoltura e perdeu o medo de pedir para brincar com criaturas da sua idade -- antes ela só interagia com crianças de 1 ou 2 anos --, e apesar de ainda dizer que não tem muitos amigos, não está mais infeliz.
Eu já tinha comentado aqui que ela frequenta a escola da nossa cidade uma vez por semana, devendo mudar para ela, em definitivo, lá pro fim de outubro. Pois bem, descobrimos que numa rua transversal à nossa mora um coleguinha de escola, com o qual ela se dá super bem. Hoje Maricota está passando o dia na casa dele e ele já veio visitá-la também.
E assim a vida segue o seu curso natural, com suas dificuldades, claro, mas cheia de pequenas e valiosas conquistas.
Mariana e R., aqui em casa, jogando Wii. Ele não é a cara do Charlie (Charlie e Lola, Discovery Kids)?
E a barra que ela enfrentou também não foi pequena.
Mariana sempre foi uma menina ultra comunicativa e com enorme facilidade de fazer amigos. Bastava que fôssemos almoçar em um restaurante com recreação infantil para que a criatura arrumasse três ou quatro amiguinhos e difícil mesmo era conseguirmos ir embora sem antes ouvir uns 137 só mais cinco minutos, mãe/pai.
Morávamos em um condomínio cheio de crianças, onde Mariana tinha bastante amigos e amigas, muitos deles tendo crescido junto com ela.
A escola é um capítulo à parte: Maricota começou a frequentá-la aos 2 anos e três meses, amava as tias, os amigos e amigas, a best friend Luísa. No último dia de escola, teve uma linda despedida, foi um chororô triste. Eu preferi não participar, ao invés de ir, mandei uma carta para a diretora explicando que eu não tinha condições emocionais de segurar a barra e ainda me manter equilibrada para resolver as muitas broncas pendentes antes da nossa vinda para cá -- pra vocês terem uma ideia, nosso voo saiu às 22h e às 15h do mesmíssimo dia, estava eu no consulado (em Recife) pegando os últimos carimbos com o cônsul...
Nessa carta, que escrevi para ser lida pela professora de Maricota na despedida, falei de cada funcionário da escola e de sua importância na vida da nossa filha. Ela, no entanto, não chorou nem nada: apenas consolou as amiguinhas e a tia. A ficha não tinha caído ainda.
Chegamos nas férias de outono. Amparada pela companhia do primo, ficou achando que estava aqui a passeio. O bicho pegou mesmo quando as aulas começaram e os desafios apareceram. No entanto, ela nunca se queixava diretamente, dizia que estava tudo bem, embora tivesse crises de choro diárias. Nessas horas, o coração apertava porque sabíamos que era a falta de tudo que lhe era familiar, seus amigos e amigas, sua rotina, suas pequenas certezas.
O pior dia foi quando, numa dessas crises de choro, pela primeira vez ela perguntou ao pai por que ele tinha lhe feito isso, por que tinha lhe tirado todos os amigos... O pai morreu, né? Rapidamente, Fernanda Montenegro assumiu o babado e falou que no Brasil também tinha coisas ruins, uma delas era o fato de papai viver sempre viajando a trabalho. Mariana consolada e eu uma noite sem dormir... Detalhes.
E assim os meses foram passando, até que ela começou a falar holandês com desenvoltura e perdeu o medo de pedir para brincar com criaturas da sua idade -- antes ela só interagia com crianças de 1 ou 2 anos --, e apesar de ainda dizer que não tem muitos amigos, não está mais infeliz.
Eu já tinha comentado aqui que ela frequenta a escola da nossa cidade uma vez por semana, devendo mudar para ela, em definitivo, lá pro fim de outubro. Pois bem, descobrimos que numa rua transversal à nossa mora um coleguinha de escola, com o qual ela se dá super bem. Hoje Maricota está passando o dia na casa dele e ele já veio visitá-la também.
E assim a vida segue o seu curso natural, com suas dificuldades, claro, mas cheia de pequenas e valiosas conquistas.
Mariana e R., aqui em casa, jogando Wii. Ele não é a cara do Charlie (Charlie e Lola, Discovery Kids)?