segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008



Odiada, invejada, mas nunca superada.

É muito bom ser odiado ou invejado porque ninguém inveja o feio, nem odeia o fraco.

Coisas assim são de assustar.
Fico de queixo caído quando leio esse tipo de definição pessoal em MSN, Orkut e outras ferramentas on-line.
O que leva um ser humano, cronologicamente adulto, a achar positivo o fato de ser odiado e/ou invejado? Ver esse tipo de atitude tô nem aí num adolescente é até aceitável porque fazer a diferença a todo custo é o lema, mas em pessoas com mais de 30 anos, na minha opinião, é sinal de problema. E sério.

Sei que nessa vida não dá nem é saudável agradar aos curdos e sunitas, mas desejar para si sentimentos como ódio e inveja é algo que me leva a pensar que tem alguma coisa muito errada, muito distorcida nessas pessoas. Talvez queiram chamar atenção porque se sentem exatamente o contrário do que propagam. Talvez não tenham superado algum trauma que lhes chamuscou a auto-estima. Talvez queiram virar a mesa e deixar de ser saco de pancada. Talvez tudo isso junto. Muitas possibilidades, mas a todas elas esse tipo de resposta soa infantil, superficial e, pra não dizer, covarde.

É mais simples construir a fama de mau, de durão, do que trabalhar honestamente medos, dores e mágoas. É simples, mas não é eficaz. Pode até estancar a ferida por algum tempo, mas não faz cicatriz, é apenas paliativo, compressa caseira.

Melhor seria encarar de frente, deixar de lado o que as pessoas pensam, seguir em busca das respostas, por mais que o caminho seja doloroso e longo. Mas não, demonstrar um certo ar de descaso, fazer cara de pit bull e parecer (o mais importante!) seguro de si é a meta dessas pessoas. Fico pensando no silêncio do travesseiro, quando elas se despem das suas personagens onipotentes e vêem-se diante do que realmente são. Talvez já nem mais se enxerguem de tão embaçados que seus olhos estão pelo fingimento.

Com tudo isso, não estou querendo me situar num plano acima delas, dizendo ser melhor, mais centrada e, portanto, vendendo a imagem de uma pessoa bacana, no sentido mais descolado do termo. Quem dera, aos quase 41 do segundo tempo, saber todas as respostas necessárias, conseguir reviver, sem mágoas ou ressentimentos, coisas que me feriram e mudaram o rumo da minha vida, passar uma borracha em comportamentos meus que considero pouco construtivos. Tem horas até que nem quero me mover, que prefiro sentar sobre algumas certezas e permanecer inerte já que, aquela velha historinha, se não mudei até agora, não vai ser hoje que isso começa. Mas chega uma hora que não funciona: é inevitável o estar sozinha. É um amargor na voz que só o outro percebe, é a falta de vontade de encantar-se com as coisas, é a depressão que dá sinais de vida, tudo isso lembrando que não dá simplesmente pra fazer de conta que não é comigo. Eu não consigo correr de mim o tempo todo e isso é bom, por pior que pareça.

Sempre tive medo de ser odiada - por carência e necessidade de aceitação, acho -, e mais ainda de ser invejada. Já ouvi dizer que a inveja é a admiração ao contrário e até concordo com isso, mas me assusta pensar que alguém tenha por mim esses sentimentos. Os místicos que por ventura me lêem podem alegar que uma emanação energética desse tipo só faz mal a quem a emite, uma vez que rola um tal de bate-volta, grossíssimo modo esse meu de explicar o inexplicável. A lei do eterno retorno, o universo conspirando a favor (e contra também!), mas, sei lá, prefiro me manter ao largo dessas pessoas. Se posso escolher, prefiro as que ninguém inveja ou
odeia, essas conseguem, sem muito alarde, tocar suas vidas de maneira mais sensata.

No fundo mesmo, quem prefere ser odiado ou invejado é porque não consegue amar nem admirar sem rancor, sem pena de si mesmo e sem uma grande infelicidade cultivada. Uma pena.

5 comentários:

Anônimo disse...

Peraí... vamos por partes rsss
Texto longo... comentário idem:P
Com-éço pelo com-êço (eita idioma difíci:).
Nem quero imaginar o autor dessa frase nem seus "seguidores", só pra não imaginar a cara e o endereço do tal feio invejoso e muito menos a do fraco que odeia.
Por outro lado...
Se isso é considerado como algo "muito bom", inevitavelmente dá pra reconhecê-los pelas suas atitudes diárias.(Seus frutos)
Lamentavelmente.
Continuando...
Quanto aos quase 41, na minha leitura ainda pertencem ao primeiro tempo rsss
E um 41 muito bem marcado.
(nota: sou hetero:P)
No mais... leitura necessária a todas as idades pensantes, pois vc, dentro da sua ótica, dá o recado certo na medida certa, ainda que despretensiosamente, como frisa na página principal.
Apenas arrisco dizer que quando não somos crianças apenas em relação à pureza de alma, a alma adoece. E vêm resultados desastrosos como os mencionados acima.
Enfim...
Como qualquer comentário a mais é mera redundância, opto pelo endosso.
bj
R.

Anônimo disse...

É mesmo surpreendente ver pessoas fazerem de sentimentos tão vazios a base de seus comportamentos.
Se ser invejado ou odiado é a medida pra se provarem belos e fortes,acho q essas qualidades se deturparam no meio do caminho, vai ver q tinha muitas pedras né? rsrsrs

Bjos e []s

Ivette Góis

Anônimo disse...

Por vezes a inveja é apenas a consequencia de não sermos como determinada pessoa, que idealizamos, e dessa forma deixamos vir á tona esses sentimentos menos bons.

Ódio, ja é diferente. Esse é um sentimento pior, do que a inveja. Dizem que a inveja é a admiração ao contrário, e o ódio é o amor invertido. Não concordo.
Já amei, e no fim não odiei ( apesar de me terem magoado), ou secalhar, e precisamente por isso, duvido que tenha amado, pois ódio nunca senti.
Beijinhos
Filipa

Anônimo disse...

Wow!

Dupriqui!

Fábio

Unknown disse...

"Odiada, invejada, mas nunca superada.
É muito bom ser odiado ou invejado porque ninguém inveja o feio, nem odeia o fraco" <--- isso é caso pra Procon, vá procurar que quem faz essa propaganda é porque tá atolado hehehehe

Falando sério, já vi escrito semelhante e por essa coincidencias da vida a pessoa que tinha tão bela pérola escrita na chamada tava no fundo do poço...

òtimo texto
Beijo Naná