sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Eu também mereço um!




Alguém aí vai querer tapioca?

Apideite: Peguei desse corno aqui.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Causos de Dona Nau

Minha avó materna era uma mulher forte e direta, mas muito espirituosa e engraçada também. Tinha um anedotário vasto e nele estavam incluídas as suas aventuras.

Sempre que seus sobrinhos se reuniam na casa da irmã Nina e a minha avó estivesse presente, costumavam chamá-la para que contasse seus causos. E sempre havia uma boa taça de vinho ou um copo de cerveja para relaxá-la, já que normalmente ela era uma pessoa séria, cheia de preocupações.

Lembro de um dos causos que fazia o grupo ir às gargalhadas, nem tanto pelo ocorrido em si, mas pela maneira teatral com que D. Nau o contava.

Dizia ela que um dia, já próximo da hora do almoço, retornava de uma visita à irmã mais velha, Dindinha, quando viu um ajuntamento de estudantes. Boa coisa não era, pensou ela, para quem o substantivo estudante estava quase que invariavelmente ligado ao adjetivo anarquista, no sentido arruaceiro do termo.

Rapidamente, D. Nau abriu caminho em meio às moças e rapazes e se deparou com o objeto da troça: um velho que se contorcia de dor de barriga e dava vazão à natureza ali mesmo, rente ao meio-fio.

D. Nau, mulher baixinha, mas brava que só, tratou de dispersar o grupo aos gritos, num misto de fúria e indignação: "Seus nojentos, como é que vocês têm coragem de fazer uma miséria dessas com o pobre assim se obrando? Bando de desocupados!"

Depois do susto nos anarquistas, entrou numa loja de móveis próxima ao local do tumulto e voltou, cheia de providências, trazendo uma grande caixa de papelão, que rasgou ali mesmo, próximo ao grupo agora quieto, mas mesmo assim ainda
observando a agonia do velho. Depois que fez uma espécie de biombo em volta do corpo do homem, D. Nau lhe disse: "Agora, sim, o senhor pode se aliviar sossegado." E não disse mais nenhuma palavra aos tais estudantes, que foram embora também em silêncio.

O que realmente fazia rir seus sobrinhos eram a revolta e a veemência de D. Nau, que sob os efeitos da taça de vinho e dos olhos e ouvidos atentos, revivia aqueles momentos como se ainda fosse aquela fatídica hora do almoço.

E assim foi a minha avó, capaz de gestos nobres mesmo que embrulhados em papel madeira.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

São tantas coisinhas miúdas...

* Tem gente que se constrange com pouca coisa. Um exemplo: estranhos no elevador. O que seria o percurso de segundos se transforma em horas diante da inquietação causada pelo fato de estarem dividindo um espaço minúsculo com desconhecidos. É um tal de ver as horas, mexer em chaves e celulares, olhar pra baixo... Ô desconforto!

* Outra coisa que constrange é a vergonha alheia. Quando vejo alguém que não conheço passando por uma situação vexatória, a minha reação natural é desviar os olhos, sair de junto, tentar não aumentar mais ainda o desconforto alheio. Mesmo quando conheço a pessoa e dependendo da situação, faço o mesmo.

* O que me leva a outra constatação. Tem gente que ama fazer o contrário: tornar a vida do outro, num momento que já está difícil, pior ainda. Essas almas sebosas, em bom pernambuquês, mereciam ser açoitadas em praça pública!

* Um exemplo de como a coisa acima funciona: quem é mãe ou pai, avó, tia ou qualquer um que já tenha lidado com uma criança de pouca idade sabe como é comum um ataque de birra em lugar público e como isso pode afetar quem está cuidando da pestinha, digo, da criança. Aqui em casa, usamos o tratamento de choque uma única vez e surte efeito até hoje. Escândalo no shopping. Paul colocou a mocinha no lombo, atravessamos o andar inteiro rumo ao estacionamento com ela gritando e fim de passeio. No more pitis.

* Mas voltando às alminhas de plantão. Tem pessoas que simplesmente não sabem lidar com uma situação desse tipo. Ficam com vergonha e os pequenos, que não são bestas nem nada, tripudiam. É chato? É. Mas o que mais me irrita é quem fica olhando, encarando a situação, como se quisesse saber quem vai levar a melhor, como numa rinha de galos. E a grande maioria é formada por mulheres que, por sua vez, já passaram por situações idênticas.

* Sem muitas elucubrações psicanalíticas ou de gênero, acho que isso é falta de educação mesmo. O bom seria - digo seria porque geralmente quem está envolvido numa situação dessas não tem presença de espírito para tal - deixar a criança de lado e perguntar o que a criatura tem a ver com aquilo. Aí, sim, alguém teria motivo para ficar constrangido. Dessa vez, juro que eu iria olhar e rir.

* Sou uma pessoa do tipo que faz tempestades em copo d'água, reconheço. No entanto, se acontecer realmente uma tragédia, consigo me manter calma, resolver tudo com lucidez e precisão. Depois é que a ficha cai, mas aí já foi. Coisa de ariano mesmo.

* Sobre o xexo, não se preocupem. Foi xexo mesmo, mas pra quem deu tem algo lá na frente esperando. Praga minha pega, comboio de incompetentes. Temei!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Xexo. (Lê-se 'xêxo')

Alguém que não seja pernambucano(a) sabe o que essa palavra significa? Quem souber ganha uma mata-fome.

Pelo andar da carruagem (ou seria da sacanagem?), acabamos de levar um...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Preconceito às avessas

É interessante a questão do preconceito e observá-lo no nível do discurso, mais ainda, especialmente quando ele diz respeito à aparência das pessoas.
Muita gente usa o eufemismo para camuflar o próprio preconceito e aí a emenda sai sempre pior que o soneto: por exemplo, chamar uma pessoa negra de morena é o fim da picada!

Por outro lado, ser chamado de negro pejorativamente bem como qualquer outro xingamento que aluda à cor da pele é crime, dá cadeia e quanto a isso não há nada que se diga a não ser que é a coisa certa a ser feita. Discriminação é crime!

No entanto, a via não deveria ser de mão única. Nunca vi ou ouvir mencionar na mídia ou entre as pessoas com as quais convivo que alguém tenha sido xingado de branquelo, sem sangue, prato de papa e afins e alguma atitude punitiva tenha sido tomada. Eu mesma já fui xingada de macaxeira descascada e achei originalíssimo! Mas poderia ter ficado ofendida. E daí? Teria alguma jurisprudência nesse caso? Seria legítimo acusar quem me xingou de criminoso? Porque isso é racismo, sim! E não venham me falar dos séculos de opressão e blablablá. Bullshit. Preconceito não se combate com preconceito. Menos hipocrisia e paternalismo, sim?

Outro aspecto ainda relacionado ao preconceito estético que tenho observado há algum tempo tem a ver com a gordura. Ser gordo hoje virou sinônimo de ser desleixado, largado e por aí vai. A maioria olha uma pessoa gorda de viés, como se ela fosse culpada por ocupar espaço demais no mundo, de comer mais - por gula!-, por não se
cuidar etc. Só que poucas pessoas param para pensar que, primeiro, a pessoa pode estar gorda por alguma disfunção metabólica; segundo, porque ela gosta de comer e beber bem, sente-se feliz como é, relaciona-se bem com o(a) companheiro(a), olha-se no espelho e se vê sexy. And so what? E, terceiro, que uma pessoa dessas pode estar na batalha por voltar ao peso anterior ou tentando atingir um que nunca tenha tido, mas que gostaria de experimentar por questões de saúde ou mesmo estéticas, por que não?

Enfim, as pessoas não devem ser rotuladas por critérios tão mesquinhos e reducionistas. Simples e muito clichê esse meu papo, é verdade. Mas também nesse caso tenho notado que o outro lado existe e bate muito ponto! Pessoas magras também são hostilizadas com adjetivos como anorética, doente, magrela e outros, que estão sempre na ponta da língua. Claro que a questão é muito mais complexa, envolve distúrbios alimentares, uma indústria da beleza que incute padrões inatingíveis e que causa tanto sofrimento físico e psicológico. O que acho esquisito mesmo é ver que muita gente que defende a não submissão a esse padrão de beleza escravizante hostilizar, xingar e ridicularizar pessoas que, na sua opinião, estão magras demais, doentes demais, enfim, aquelas magrelas, sabem? Não seria isso um preconceito às avessas? Ou seria despeito, insatisfação com a sua própria condição física disfarçada de ativismo? Um bom ponto pra ser pensar...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Pra quem tá achando que estou muito amarga:

Adocica (Beto Barbosa)

adocica, meu amor, adocica,
adocica, meu amor, a minha vida, oi...
tá que tá ficando
ficando muito legal
nosso amor é veneno (bis)
veneno do bem e do mal

adocica, meu amor, adocica,
adocica, meu amor, a minha vida, oi...

lua luanda encanta
os meus caminhos sem fim
quero ter você pra sempre
sempre pertinho de mim, oi...

bate feliz o meu coração
quando vê você

adocica, meu amor, adocica,
adocica, meu amor, a minha vida, oi...

morena coce gostoso
magia do meu prazer
me faz de gato e sapato
me dá, me dá mais prazer

adocica, meu amor, adocica,
adocica, meu amor, a minha vida, oi...

adocica, meu amor, adocica,
adocica, meu amor, a minha vida, oi...

adocica, meu amor, adocica,
adocica, meu amor, a minha vida, oi...
tá que tá ficando
ficando muito legal
nosso amor é veneno (bis)
veneno do bem e do mal

adocica, meu amor, adocica,
adocica, meu amor, a minha vida, oi...

lua luanda encanta
os meus caminhos sem fim
quero ter você pra sempre
sempre pertinho de mim, oi...

bate feliz o meu coração
quando vê você

adocica, meu amor, adocica,
adocica, meu amor, a minha vida, oi...

morena coce gostoso
magia do meu prazer
me faz de gato e sapato
me dá, me dá mais prazer

adocica, meu amor, adocica,
adocica, meu amor, a minha vida, oi...

adocica, meu amor, adocica,
adocica, meu amor, a minha vida, oi...


Afinal, os brutos também amam:


Azedinhas

Existe coisa mais chata e antipática do que gente que acha que sabe tudo, entende de tudo e que a sua opinião, por ser a melhor, a mais inédita e bem embasada da qual um cérebro humano jamais foi capaz, pode mudar os rumos da humanidade? E o pior é que pra essa gente tem quem diga amém. Por mais liberais que sejam as idéias do sujeito (ou sujeita), elas são apenas disfarces do autoritarismo e do radicalismo que, se procurados com cuidado, são facilmente achados por trás de um discurso politicamente correto. Vade retro, caga-regras!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Não!




Não dou mais sopa pro azar. Não lhe dou mais chance alguma porque já dei muitas. Não abro mais minha casa, minha vida e minha confiança. Não quero mais papo por carta, telegrama ou telefone. Portanto, desista, não se humilhe, não jogue seu amor-próprio na latrina mais uma vez, se é que você algum dia teve. Porque a mim você não engana e já paguei a minha cota de ver filme repetido.
Vá cuidar da sua vida, seque suas feridas da mesma forma que eu sequei as minhas. Das muitas escolhas que fazemos na vida, algumas não têm volta e eu sou uma delas. Você, que sempre quis ter asas, agora que as tem quebradas, espera que eu, que fiquei parada te vendo ir sem olhar pra trás, possa lhe trazer algum consolo. Só que você se engana: eu sou seu inferno, eu sou o fantasma que vai estar sempre te lembrando do caminho sem volta. Eu sou a marca da sua insensatez, a desculpa que não cola mais. Eu quebrei o ciclo. Você, não. Eu segui em frente. Você, não. Você morreu. Eu, não.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Pergunte que Madame responde



Prezada Madame Ke,

Diante da sua fama que corre o Brasil e o mundo, venho pedir o seu fundamental aconselhamento.

Sou uma mulher de boa aparência, jovem, formada, tenho um bom emprego e moro só. Ou melhor, morava, porque há mais de um ano meu namorado, depois de ter sido jogado do caminhão de mudança pela sua mãe, a minha querida sogra, passou a dividir o mesmo teto com a minha pessoa. E só. Só o teto mesmo é o que ele divide, Madame: condomínio, conta de telefone, feira, luz, nem confiança.

Quando eu, muito sutilmente, toco no assunto, ele desconversa, diz que está passando por um momento difícil e que, inclusive, é isso o que está ocasionando o problema que estamos tendo - nem preciso dizer a que móvel do quarto estou me referindo, né, Madame? Diz que quando mudarmos pra outra cidade ele me sustentará e com isso vou ficando mais tranqüila e feliz com a nossa vidinha. Tá certo que cortei meus tão amados extras: cinema toda semana, CDs, DVDs e livros, roupinhas básicas, maquiagem e outros, mas como ele diz que sou linda, informada e inteligente de todo jeito, percebo que tudo isso é supérfluo diante do nosso amor. Temos um ao outro e isso basta.

Mas, Madame, de vez em quando perco o sono, especialmente quando me encontro com algumas amigas que hoje raramente vejo: elas insistem em dizer que ele não passa de um gigolô! Pura maldade, mas isso mexe comigo!

Por favor, Madame, me auxilie do alto da sua vivência e sapiência.

Eternamente grata,

N.
Recife - PE

(Madame pousa delicadamente a sua xícara fumegante de chá do Ceilão e suspira):

Prezada consulente,

Em primeiro lugar, mantenha-se calma e serena, só assim você poderá recobrar as suas há muito ausentes faculdades mentais.

Meu conselho para você não se baseará nos preceitos científicos e psicanalíticos que costumam conduzir os meus trabalhos, mas, sim, numa conversa entre amigas, daquelas em que passamos horas sem nos dar conta do tempo, numa troca de energia além do Ser. E do Estar. Coisa filosófica, as essências nas alturas mesmo, as aparências, idem, porque ninguém é de ferro e ser Bela também enleva, ora bolas.

Querida, ouça o que eu lhe digo: faça as trouxas desse cabra safado e mande-o pegar o beco antes que seja tarde. Eu, sendo você, anotaria tudo num caderninho (só de saída, pelo jeito): a alimentação do traste, a pinga que ele bebe escondido de você - procure as garrafas vazias atrás dos produtos de limpeza que você acha -, as horas que ele passa na Net utilizando a sua banda larga (no bom sentido) pra navegar em site de putaria, enfim, fia, anote tudo porque com essa contabilidade, você ganha qualquer ação indenizatória na justiça, que tarda e falha, na maioria das vezes.

Se o distinto pelo menos desse conta do recado, eu até ficava calada já que tem gente por aí matando cachorro a grito, mas não é bem o caso pelo que você dá a entender. Aliás, fora a grana, essa é a única coisa que você tem dado ultimamente... Pelo visto, bom de cama pro seu querido quer dizer apenas deitar, dormir e roncar! Corra, N., corra!

Se a mãe que pariu Mateus dele quis se livrar (e conseguiu!), coisa boa daí não há de sair, querida. E não acredite nas suas promessas vãs, o máximo que vocês farão é uma viagem ao Canadá, não ao país, claro, mas à fazenda de um certo pecuarista jogador de rugby, onde as despesas ficarão por conta... sua, evidentemente, que bancará o combustível. Lá, você sabe, a confraria vai imperar e o famigerado coronel fornecerá carne e leite, dieta altamente protéica (e única!) que vocês consumirão nesses dias de repasto amoroso.

Do alto da minha milenar experiência, aconselho você, minha prezada N., a livrar-se desse traste o quanto antes, desse adorno de sofá - vai ver que nem a tampa da privada o folgado abaixa -, dessa macumba largada na encruzilhada da sua vida.

Aguarde a próxima Lua Minguante, vá ao Mercado de São José e compre defumador Espanta Corno, barrufe a casa com sal grosso diluído em Toque de Amor, da Avon, e confira o resultado. Num prazo máximo de vinte e quatro horas, o encosto baixará em outra freguesia.

Atenciosamente,
A Divina, Etérea e Incomensurável,

Madame Ke, A Lenda, O Mito.

Madame Ke é uma personagem mítica, diáfana e refratária que desvenda os mistérios e segredos do ser humano com a graça e a ternura de que apenas as Deusas são capazes.
Mandando o politicamente correto às favas, abra seu coração! Pergunte que Madame responde.


Kenia, seu cavalo e secretária.



Desapontada é quando a gente fica triste sentada na almofada e envergonhada.

Mariana descobrindo a vida aos 3 anos e 7 meses.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008



Odiada, invejada, mas nunca superada.

É muito bom ser odiado ou invejado porque ninguém inveja o feio, nem odeia o fraco.

Coisas assim são de assustar.
Fico de queixo caído quando leio esse tipo de definição pessoal em MSN, Orkut e outras ferramentas on-line.
O que leva um ser humano, cronologicamente adulto, a achar positivo o fato de ser odiado e/ou invejado? Ver esse tipo de atitude tô nem aí num adolescente é até aceitável porque fazer a diferença a todo custo é o lema, mas em pessoas com mais de 30 anos, na minha opinião, é sinal de problema. E sério.

Sei que nessa vida não dá nem é saudável agradar aos curdos e sunitas, mas desejar para si sentimentos como ódio e inveja é algo que me leva a pensar que tem alguma coisa muito errada, muito distorcida nessas pessoas. Talvez queiram chamar atenção porque se sentem exatamente o contrário do que propagam. Talvez não tenham superado algum trauma que lhes chamuscou a auto-estima. Talvez queiram virar a mesa e deixar de ser saco de pancada. Talvez tudo isso junto. Muitas possibilidades, mas a todas elas esse tipo de resposta soa infantil, superficial e, pra não dizer, covarde.

É mais simples construir a fama de mau, de durão, do que trabalhar honestamente medos, dores e mágoas. É simples, mas não é eficaz. Pode até estancar a ferida por algum tempo, mas não faz cicatriz, é apenas paliativo, compressa caseira.

Melhor seria encarar de frente, deixar de lado o que as pessoas pensam, seguir em busca das respostas, por mais que o caminho seja doloroso e longo. Mas não, demonstrar um certo ar de descaso, fazer cara de pit bull e parecer (o mais importante!) seguro de si é a meta dessas pessoas. Fico pensando no silêncio do travesseiro, quando elas se despem das suas personagens onipotentes e vêem-se diante do que realmente são. Talvez já nem mais se enxerguem de tão embaçados que seus olhos estão pelo fingimento.

Com tudo isso, não estou querendo me situar num plano acima delas, dizendo ser melhor, mais centrada e, portanto, vendendo a imagem de uma pessoa bacana, no sentido mais descolado do termo. Quem dera, aos quase 41 do segundo tempo, saber todas as respostas necessárias, conseguir reviver, sem mágoas ou ressentimentos, coisas que me feriram e mudaram o rumo da minha vida, passar uma borracha em comportamentos meus que considero pouco construtivos. Tem horas até que nem quero me mover, que prefiro sentar sobre algumas certezas e permanecer inerte já que, aquela velha historinha, se não mudei até agora, não vai ser hoje que isso começa. Mas chega uma hora que não funciona: é inevitável o estar sozinha. É um amargor na voz que só o outro percebe, é a falta de vontade de encantar-se com as coisas, é a depressão que dá sinais de vida, tudo isso lembrando que não dá simplesmente pra fazer de conta que não é comigo. Eu não consigo correr de mim o tempo todo e isso é bom, por pior que pareça.

Sempre tive medo de ser odiada - por carência e necessidade de aceitação, acho -, e mais ainda de ser invejada. Já ouvi dizer que a inveja é a admiração ao contrário e até concordo com isso, mas me assusta pensar que alguém tenha por mim esses sentimentos. Os místicos que por ventura me lêem podem alegar que uma emanação energética desse tipo só faz mal a quem a emite, uma vez que rola um tal de bate-volta, grossíssimo modo esse meu de explicar o inexplicável. A lei do eterno retorno, o universo conspirando a favor (e contra também!), mas, sei lá, prefiro me manter ao largo dessas pessoas. Se posso escolher, prefiro as que ninguém inveja ou
odeia, essas conseguem, sem muito alarde, tocar suas vidas de maneira mais sensata.

No fundo mesmo, quem prefere ser odiado ou invejado é porque não consegue amar nem admirar sem rancor, sem pena de si mesmo e sem uma grande infelicidade cultivada. Uma pena.
Ter apostado suas últimas pratas e perder é quase nada. Foda é ter achado que era barbada quando, na verdade, tratava-se de um pangaré...

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Chorinho

Não se ressinta se eu te abraçar e disser chore não...
Isso não significa que o seu pranto me incomoda ou que eu o ache desnecessário
É que aprendi a ser consolada assim
Sentia nessas duas palavras o conforto e a cumplicidade que tento lhe dar agora
Encarar o choro alheio deixa muitos sem ação, incomodados, sem saber onde pôr as mãos.
A mim não, que quando choro limpo a casa, higienizo as feridas
E chamo o sono
Quando alguém chora perto de mim
Sinto-me escolhida e agradeço
Porque sei que chorar assim é como se despir na frente de um estranho
Que muitas vezes não está ali querendo isso
Nessas horas, eu choro junto
Num soluço uno, profundo e sentido
Choro por você, choro por mim, choro por tudo
Sem receio daqueles instantes seguintes em que limpamos os olhos, o nariz e a garganta
Fazendo de conta que zerou
E voltamos à secura dos dias
Cheios de prazos e decisões urgentes e necessárias,
Mas tão sozinhos no desamparo das horas que sobram quietas
Sem nada a dizer ou fazer

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Hoje acordei sem cansaço,
Sem achar que dormi pouco ou mal
Hoje não senti ansiedade, angústia,
Medo, pequenas raivas
Nada me tirou do centro
Fila no supermercado
Caprichos de criança
Pouca educação
Nada, nada mesmo me fez um buraco no peito
Me fechou a garganta, me tirou do sério
Hoje senti que tudo poderia
Sendo assim mais contida, mais cordata, mais pacificada
Hoje não levei à risca ninguém ou nada que me exaspera
Palavras doces mas talhadas pra cortar fundo,
Gentileza de quem só quer me ver pelas costas,
Contas a pagar,
Sonhos deixados para trás,
Gente que me quer mal sem motivo
Ou que me quer bem apesar do que eu tenha dito ou feito
Hoje pude perceber que algo de tudo que sou
Poderia ter sido diferente se houvesse mais tempos assim
De calmaria
Suavidade
E mesmo de aceitação
Mas é uma pena que, comigo, as coisas não possam ser diferentes
Porque não tenho sossego,
Não sei parar quando devo,
Não sei dizer o que não sinto
Ou calar quando o silêncio seria a melhor resposta.
Não sei engolir sapo, deixar por menos, fazer de conta que não vi
Se eu pudesse sentir menos minhas dores, tormentos e inquietações,
Se eu pudesse controlar mais minha falta de paciência com a vida
Talvez eu conseguisse recuperar a fé numas tantas coisas e largar mão de outras que não têm mais jeito.
Mas não, nunca, nunca mesmo vou aprender isso.
Porque eu não quero, porque não me dobro, porque sou assim.
E pronto.
E não me importam a solidão, o silêncio e o esquecimento
Tenho barulho demais
Gente demais
Lembranças demais
Perguntas demais
Dentro de mim.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008



Great voice, wonderful performance. You deserved, Amy.

Abu Ghraib é aqui!


Quando estava grávida de Mariana, fiz algumas promessas:

  • Amamentar por mais de um ano;

  • Não dar refrigerante até que ela tivesse idade suficiente pra tomar escondido;

  • Não oferecer mamadeira;

  • Não oferecer chupeta;

  • Estimular brincadeiras legais com brinquedos bacanas, em outras palavras: Barbie, go away!

Isso só pra lembrar de algumas. Com as três primeiras, sucesso total. Mas não consegui evitar nem a chupeta nem a Barbie. E como a chupeta já é assunto liquidado desde abril de 2007, acho que só me resta aceitar o fato, claro como a luz do dia, de que a Barbie é imbatível, uma hora ela chega e se instala. Não tem como remar contra a maré nesse caso.

Minha implicância com ela vem do fato de eu achar que é bem sério isso de inculcar em meninas a partir de 3 anos um ideal estético muitas vezes incompatível com a realidade. Pô, ver minha filha com 4 anos querer se vestir, pintar! e ser como uma sirigaita peituda e anorética é de lascar. Não li os livros sacais de Simone de Beauvoir pra passar por isso, mas a teoria é bem outra na prática mesmo.

Um belo dia, estranhei o silêncio no quarto de Mariana e fui assuntar. Deparei-me com uma instalação digna da pós-modernidade: todas as Barbies se encontravam na situação exemplificada abaixo.

Antes que alguém me diga que preciso analisar o comportamento da menina enquanto externalização de algum padrão de agressão inconsciente, declaro que me senti vingada !

Orgulho da mamãe!

(Classic Movie Test)

Vi na Sweet e deu certinho com a minha Cabra chinesa. :)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Maracatu bom é maracatu morto



Podem descer a lenha, o pau e demais porretes, mas eu já não agüento mais ouvir maracatu, frevo, caboclinhos, marchinhas e essa chatice toda que se convenciona nomear tradições pernambucanas. E não é por causa da overdose dos prés, do Carnaval em si e dos pós, não. Simplesmente não suporto mais porque é o ano todo e todos os anos. Sem trégua.

Bom mesmo nessa terra é ser turista, mas de no máximo duas semanas. Passado o prazo de validade, até ele enjoa. Tá certo que o estado também vive de turismo, mas quem paga imposto por essas bandas deveria ser levado em conta -- não que eu pague, mas daqui do nosso doce lar saem IPTU, taxa de iluminação pública e mais alguns que não me ocorrem agora.

É claro que toda segunda-feira de Carnaval, com ou sem ressaca, há três anos, levamos Mariana prum bloco infantil em Olinda. Essa é a nossa cota para com as tradições. Fazemos isso para evitar que a menina, futuramente, vire punqui ou funqui (enraizando legal a exemplo de Ariano).

Já houve um tempo em que brincar em Olinda era sonho do ano inteiro, confesso. Cheguei ao ponto de, quando morava em Belém, matar parente por aqui pra poder vir passar o Carnaval todo subindo e descendo ladeira. Como já dei minha contribuição a Bakhtin, hoje prefiro ficar vendo a multidão colorida, com suas fantasias muito ou pouco criativas, a doideira nas ruelas fedendo a mijo, sem nenhum saudosismo e com muita cerveja. Geladíssima, de preferência.

Agora, não posso deixar de achar graça nas sempre tão folclóricas figurinhas que acham tudo o máximo, que coisa melhor não há e que o bom mesmo é "essa coisa das raízes, da multiculturalidade, da pernambucanidade, tá ligado?". Que porra é essa de Carnaval multicultural? É, porque se não tiver o maracatu, o frevo, os caboclinhos e as marchinhas de 1800 e bote força não é Carnaval. Neguinho escrachou Elza Soares e tantas outras antes porque ousaram não cantar o maracatu, o frevo, os caboclinhos e as marchinhas de 1800 e bote força. Sem essa munganga, pessoal. Infelizmente, depois que Chico Science morreu nada mais foi feito que cheire a novo. Botem fé e dêem um tempo nesse pantim de diversidade pra boi dormir porque tudo isso é mais velho que a posição de cagar.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Sinhá e sua liteira acompanhando o Eu Acho é Pouquinho pelas ladeiras olindenses, segunda-feira passada.

As Belas

Natália Guimarães ainda fazendo a linha Miss Brasil.



Eternamente Luiza



Grazi Massafera



As Feras

A Boa!



Sabrina Sato



A Periguete!




As Bestas-Feras

Bombou geral!



Valha-me Nossa Senhora do Destino!



Angela Bismarck - Que marmota é essa??

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Olinda, quero cantar...



Indo de mala, cuia, menino, tupperwares e alguma disposição pra Olinda.
Até mais ver, beijo pra tod@s (mais muderno do que essa arroba de gênero, impossível!) e bom Carnaval!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008



Eu não sei dançar tão devagar pra te acompanhar...