sábado, 28 de junho de 2008

Cotas na Educação



Bruno Costa perguntou qual é a minha opinião sobre as cotas para os negros nas universidades. Antes de falar sobre o assunto, gostaria que vocês dessem uma olhada neste vídeo (curtinho, um minuto e quarenta segundos) e pensassem no caso.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Preconceito - Conte a sua história



Kenia,nunca fui vítima de preconceito racial porque tenho a pele e os cabelos claros (agora branco mesmo) mas fui vítima de preconceito social.
Vim de uma família muito pobre mesmo.Pra você ter uma idéia,nosso pai (somos em sete) não tinha sequer dinheiro para nos comprar sandálias de tiras,mas fez questão que todos os seus filhos fossem para a escola.Não conto as vezes em que fui descalça ou com sapatos maiores que os meus pés ou furados. Mas consegui concluir meus estudos e em seguida fui morar com uma tia que tinha melhores condições financeiras e assim pude entrar na universidade e concluir o curso de Pedagogia.Mas em troca dessa possibilidade,quase todo o serviço doméstico ficava ao meu encargo,muitas vezes só conseguia estudar e fazer os trabalhos do curso de madrugada.Mas o importante é que consegui.
No fim do meu curso,conheci um rapaz que se tornou o pai dos meus filhos. O que poderia ser uma história de amor como outra qualquer,se tornou um verdadeiro inferno porque o rapaz pertencia a uma familia tradiconal da cidade que jamais admitiu que uma moça pobre fosse a escolhida pelo filho.Mesmo eu tendo todas as qualidades que muitas vezes as moças do seu nível social não tinham,fui rejeitada.Até dinheiro para sair da cidade me ofereceram.
Quando perceberam que não adiantava,fingiram aceitar a minha presença e aí eu acho que veio a pior parte:fui humilhada,a cada oportunidade faziam questão (minhas cunhadas e sogra) de mostrar como eu não pertencia,como destoava daquele meio.
Depois que nos casamos,poucos familiares nos visitavam espontaneamente e aí vi quem realmente gostava de mim.
Passaram-se muitos anos, vieram os filhos e os netos. Nosso casamento acabou pelos desgastes naturais que muitas relações passam.
Não posso dizer que perdoei todas as humilhações,indiretas e brincadeiras de mal gosto,por mais que você viva,cresça e amadureça,certas feridas vez por outra reabrem com muita intensidade.Hoje consigo conviver com alguns parentes que me hostilizaram,muitos deles hoje falidos,com problemas de saúde física e mental,em um caso dependendo apenas de mim e dos meus filhos para ter notícias do mundo.Não me vanglorio disso,mas a vida dá voltas. Ser vítima de preconceito é horrível.E o preconceito social é uma das faces mais terríveis porque ele pode ser disfarçado e muito bem.


De Ivette Góis via email.

Você já foi vítima de preconceito?

quinta-feira, 26 de junho de 2008

A cor da pele






Morei cinco anos em São Paulo capital e muito me espantou saber que lá sou considerada morena. Estávamos numa brincadeira de amigo secreto e a pessoa que me tirou descreveu-me como sendo morena e de óculos. Como na turma havia outras pessoas com essas características, nem me toquei. No final, quando todas as pistas foram dadas e eu apontada como morena, de óculos e lerda, finalmente entendi. Lá, você pode ser transparente, mas se seu cabelo for castanho, você será moreno(a).

Sempre fui chamada de galega: na infância tive cabelo bem claro, mas à medida que fui crescendo, ficou castanho mais para escuro. E aqui é assim: branco é quem tem a pele clara. Com exceção de ruivo, o cabelo pode ser de qualquer cor.

O fato de ter sido chamada de morena não me incomodou de forma nenhuma, apenas me causou espanto porque durante os trinta anos que morei em Pernambuco sempre fui branquela, galega, loura. E claro que também tinha os xingamentos: branca azeda, macaxeira (mandioca ou aipim) descascada, prato de papa. E quando de saia ou shorts, a pergunta sem graça Onde você comprou essa meia branca? era recorrente.

Se isso me chateava? Claro que sim. Mas uma coisa é ser chamada de branquela e poder responder na bucha que, se eu quisesse e gostasse de apanhar sol, poderia ficar bronzeada. Isso no litoral, onde as praias estão à disposição e não estar com a cor do verão é certeza de ser olhado como gringo ou branco azedo mesmo.

Já no interior, a coisa muda de figura: ser branco é sinal de prestígio, de privilégio social, a idéia de não precisar queimar a pele em trabalhos braçais confere, mesmo que inconscientemente, a explicação para a valorização da pele branca.

Estou escrevendo isto para retomar o último comentário que deixei no post sobre o button de Obama: O bom mesmo seria saber como se sente alguém que é alvo constante de piadas: um negro, por exemplo. Será que ele leva assim tão na boa? Porque é muito fácil tirar uma gozação de letra quando se faz parte de uma minoria privilegiada...

É fácil ser chamada de branquela por alguém, seja de brincadeira ou mesmo por raiva, uma vez ou outra, mas não sistematicamente. No entanto, nunca fui hostilizada, mal tratada e discriminada por causa da cor da minha pele. Outra coisa é constatar, por exemplo, que se eu e um negro formos pedir uma informação, quase que certamente eu serei mais bem tratada por ser branca. Isso, sim, é ser vítima de preconceito.



Fotografia: Flickr

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Unplugged



Quatro dias com o celular sem sinal, sem internet, sem TV a cabo, sem o barulho da cidade. Voltar ao ritmo agora está meio difícil, mas bicho urbano que sou, logo, logo reaprendo a não viver sem eles.

A sede da fazenda:





A casa-grande:








O interior da casa-grande:











A casa de lazer (antigo estábulo):







sábado, 21 de junho de 2008

Olha pro céu, meu amor...






Daqui a pouco escaparemos do mar de fumaça em que Recife se transformará nos próximos dias. Especialmente no bairro em que moramos, a sensação é de estar no meio de um fogo cruzado, quase igual à saraivada de fogos da passagem de ano, só que sem hora certa para começar.
Seguimos para os matos alagoanos em busca do sossego acima, comidas de milho, vinho e ócio não necessariamente criativo. Na verdade, preciso descansar um pouco mesmo.

Não deixem de comentar no post sobre o button, que está realmente muito bacana por conta das opiniões de vocês.

Um bom São João pra todos.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Brincadeira republicana e racista






Button vendido numa convenção do Partido Republicano, no Texas.
O vendedor, que foi proibido de aparecer nas próximas convenções e teve a venda do seu produto proibida, alegou que tudo não passava de brincadeira. De péssimo gosto, diga-se de passagem.

Infelizmente, a fonte é um jornal holandês. Quem quiser tentar, veja aqui.

Update: Alex fez um comentário sobre o que pode ser considerado brincadeira ou não, e isto realça a questão do politicamente correto que vem transformando a linguagem num verdadeiro campo minado:

Ah discordo da tua observação! Antigamente muito se podia brincar com a raça e com o sexo que toda a gente se ria, Hoje, ser humorista é difícil. O que quer que ele diga, tem que ter muito cuidado, porque logo, logo, pode ser condenado em tribunal por racismo, xenofobia, etc, e ainda ter que pedir milhões de desculpas até ao fim dos seus dias.
Hoje em dia não podemos chamar "preto" a ninguém, porque somos racistas, mas quando eles nos chamam "brancos" é natural e não há qualquer tipo de racismo.
Acho isso um preciosismo. As pessoas têm o direito de brincar, contanto que não passe de brincadeira. Essa de apelidar a ideia do button de racismo não faz sentido, sobretudo porque a Secretária de Estado para a diplomacia do Republicano George W. Bush é a "negra" Condoleezza Rice. Fala-se, inclusivamente, que o Vice-Presidente de John McCain terá descendência latino-hindú.
Por tudo isto, acho que este é mais um dos casos em que as coisas tomam uma dimensão maior do que aquela que realmente têm. Não vejo racismo. Vejo uma brincadeira e vejo política. Da mesma maneira que vejo os cartoons dos apoiantes de Obama contra John McCain.



Alex, também acho que a turma do politicamente correto exagera e não é pouco. Uma vez, num blog da vida, a discussão era se a palavra neguinho, usada assim, por exemplo: Neguinho não quer saber se você fez ou não tal coisa, traria uma carga racista. Eu costumo usar o termo em situações nas quais o neguinho em questão, substituindo a palavra fulano, nem sempre está em contexto desfavorável ou negativo, como o escritor do blog pretendia fundamentar e provar. Aí, fazer o quê? Ao invés de usar a palavra neguinho, de sacanagem, passo a dizer: O afro-descendentezinho e coisa e tal? É um exemplo da brochada lingüística e do radicalismo que essa turma quer impor.

No caso do button, acho que a coisa não é por aí. O vendedor alegou que era brincadeira, o que mais ele poderia dizer? Se bem que nem entre seus pares republicanos, brancos e texanos (atente para este contexto que ele diz muito!), a piada foi considerada engraçada pelo simples fato de só ter vendido 4 unidades, sendo duas destinadas à imprensa.

Também entendo que as piadas muitas vezes carregam em si mensagens preconceituosas, explícitas ou não, e quase sempre as ironias e depreciações estão direcionadas às minorias: mulheres, negros, homossexuais, judeus etc., cada época, lugar e situação(política) determinando o alvo da vez. A incorreção faz parte da natureza da piada, o que eu posso fazer é gostar ou não. Ouvir e rir ou reclamar e sair fora.

Mas comprar a piada, neste caso, o button, e pregar na minha blusa, mochila ou onde me der na telha já são outros quinhentos, não?
Sem contar que ter um negro na presidência dos EUA deve estar fazendo muito eleitor branco, conservador e hillbilly tremer nas bases...

Update 2: De Rocher Chadel via email:

Claro que é racismo. O sujeito ser proibido de aparecer nas próximas convenções é pouco. Merecia ser punido exemplarmente. E se fosse a Hillary a escolhida, ele diria o que? Chamar a Casa Branca de cozinha?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Falta de assunto



É viagem minha ou falta assunto para a imprensa? Sim, porque fazer da fuga das adolescentes patricinhas-revoltadas de São Paulo a bola da vez já está ficando ridículo. A impressão que fica é que, na falta de alguma tragédia escabrosa e classe média, o melhor a fazer é transformar o episódio das meninas mimadinhas em uma novela. No próximo capítulo, o seleto público saberá se elas têm um relacionamento homossexual ou não. Ai, ai...
Agora, quando a notícia é sobre a tortura (amputação de mãos e perna) seguida de morte dos três rapazes entregues aos traficantes pelo tenente do Exército e seus subordinados, não rende, fala-se da ocupação do morro pelo Exército, do encontro seguido pelo abraço protocolar e condescendente do Ministro da Justiça em uma das mães, mas sobre os rapazes, nada, vão virar estatística. Por quê? Porque eram negros, pobres e favelados. E isto interessa a quem, ora?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Almofadas, a menina e a boneca






De um dia para o outro, a casa se encheu de almofadas. E eram de todos os tamanhos, estampas e cores: tinha tigres dourados, bailarinas, deusas hindus, estampas florais, geométricas. A menina não sabia se eram feias ou bonitas, o que espantava era a quantidade: pelo que ouvira falar, sabia que eram duas mil, mas a impressão que tinha era de muito mais - a sala, os quartos e os demais cômodos da sua pequena casa foram invadidos por essa enxurrada de tecidos, enchimentos e visitas periódicas que as levavam embora, felizmente.

Sua mãe era costureira e recebera a grande encomenda de uma senhora abastada da sociedade local: a filha faria 15 anos e a festa prometia ser de arromba. As almofadas seriam jogadas no jardim da mansão e nelas os convidados, os jovens, claro, sentariam, deitariam e, meio fora dos planos da mãe da moça, vomitariam.

E durante os quase três meses da confecção dessas almofadas, a menina viu a vida gravitar em torno do evento para o qual, por delicadeza, foram convidadas. Toda semana a mãe da aniversariante estacionava o carro em frente à casa e as benditas almofadas partiam, mas não sem antes outros tecidos serem colocados no lugar.

A menina começou então a sonhar com a festa e aquelas almofadas deixaram de ser motivo de chateação. Ela sequer se atrevia a pensar em ir porque intuitivamente sabia que naquele mundo não havia espaço para pessoas como ela.
Mas mesmo assim, ela sentava sobre as almofadas no chão da sua casa e se imaginava na grama fresca do jardim iluminado por holofotes. Via aquelas mesmas almofadas que estavam junto dos seus pés espalhadas perto da piscina, debaixo das árvores. E sonhava com coisas que ela nem sabia o que eram. Uma festa de 15 anos. Uma criança de sete anos e um mundo de almofadas coloridas aos seus pés e tão fora do alcance das suas pequeninas mãos.

Mas um dia seu coração quase explodiu de contentamento. A aniversariante veio com a mãe conferir o trabalho da sua, a costureira. A menina sentiu o coração querendo pular pela boca. E mais ainda quando a moça lhe pediu um copo d'água. Quando a menina prontamente se levantou para ir pegar, a moça disse: Eu vou com você. A felicidade se alojou, quentinha, no seu peito, e ela seguiu confiante, rumo à cozinha, com a aniversariante atrás de si.

Lá, com a inocência ainda intacta, pegou água do pote porque era mais gostosa, ao invés da água da geladeira, mais apropriada para uma visita importante. E, segura de si que estava, contou à moça que a sua boneca mais bonita, que ganhara um mês antes, recebeu o seu nome, porque ela, a menina, de tanto ouvir falar e por achar
lindo, claro, não poderia dar outro. A moça sorriu, não tocou na água e disse à menina: Não fale nada pra mamãe. A menina, sem entender, viu a moça tirar da bolsa um isqueiro lindo e dourado e acender um cigarro.

Depois desse dia, a boneca foi rebatizada e, posta de lado, cedeu lugar às antigas cujos nomes não traziam lembranças do cheiro suave do cigarro e da desilusão.


Fotografia: Flickr


domingo, 15 de junho de 2008

Depressão






Cuidado, a próxima vítima pode ser você!

Fotografia: aqui.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Sexta-feira 13






Hoje as bruxas estão soltas, cuidado!
Não estou me referindo àquelas crendices de evitar passar por baixo de escada, nem aos gatos pretos cruzando o caminho, coitadinhos, nem que se deva recorrer ao uso de amuletos e afins. Não dou bola para isso. Aproveito o gancho do dia para falar sobre as bruxas. Sim, aquelas que, num piscar de olhos, instalam-se nas nossas vidas e fazem o maior estrago - se deixarmos, claro.

Acreditem: são muitas. Mas calma porque existem as bruxinhas do bem. Vamos falar sobre as outras que é mais divertido.

Existem diversos tipos de bruxas que pousam suas vassouras no nosso pedaço nos mais diversos momentos.
Farei uma síntese e à medida que vocês forem lendo, poderão reconhecê-las em suas experiências atuais ou pregressas.
Aconselho, no entato, que ao fazerem a leitura, tenham um raminho de arruda perto do computador (superstições à parte, claro).
Sim, porque vocês devem ter em mente uma coisa: caso estejam vulneráveis e entrem na mesma sintonia dessas criaturas, os estragos podem ser grandes. Por isso, melhor prevenir...
Vamos lá, então:

Bruxa amiga de infância: é aquela que sempre te acompanhou, ela está presente nas suas mais remotas lembranças.
Porém, nem sempre essas evocações do passado são boas: brigas, discussões, puxadas de tapete, inveja, interesse no sexo oposto (desde que ele lhe interesse também, claro), elogios carregados de energia negativa e por aí vai.

Minha experiência: livre-se desse encosto o mais rápido possível! Você verá como a sua vida irá mudar. Pra melhor, claro.
Não tenha pena de jogar no lixo um traste que só te puxa para baixo apenas pelo fato de se tratar de uma amizade de longa data: coisa podre é assim mesmo, quanto mais tempo guardada, mais fede.

Bruxa boazinha: é aquela meiga, amiga, que te adora e te acha linda.
Só que na maioria das vezes dá conselho do tipo bola fora. E o pior: de propósito.
Esse tipo de bruxa costuma surgir na adolescência, quando ainda somos inseguras o bastante para acreditar que usar meia três-quartos, por exemplo, é a coisa mais linda do mundo.
Ela pode até surgir na fase adulta, porém somente terá sucesso nos seus intentos caso você seja uma criatura totalmente sem noção de estética ou proporção.

Minha experiência: use os mesmos métodos dela. De tanto tentar distorcer a imagem alheia, ela sequer tem tempo de se olhar no espelho e saber quem é. Deite e role que a vantagem é sua.

Bruxa que você não via há muito: é aquela que faz anos que você não vê e reencontra de repente, do nada.
Ela chega, toda alegre, e te diz bem assim: "Menina, você não mudou nada! Está ótima!"
Você, que não é boba nem nada, vê nela um misto de revolta e despeito. E a situação fica meio sem graça porque você não pode retribuir o elogio.
No entanto, capricha em algo neutro do tipo: "Menina, o mesmo riso de sempre!" - mais do que isso seria forçar a barra.
A outra meia hora seguinte do papo é o tempo que a criatura tem para lhe mostrar que é chique (apesar de tomar o cafezinho com o dedo mindinho em forma de gancho, achando isso o máximo do chiquê), rica e poderosa.

Resumindo e aconselhando: fuja, essa daí está tentando compensar o embarangamento, o péssimo casamento e a falta de perspectivas dizendo que é o que não é e, o pior, te botando mau olhado. Corra, Lola, corra!

Bruxa mais nova amiga de infância: é aquela que você conheceu ontem e já te considera a melhor amiga.
Pede dinheiro emprestado, coloca você nas maiores roubadas como ligar para casa do ex dela e dar em cima pra ver se ele cai. Inventa histórias enroladíssimas e te exaure com os detalhes para que você não a contradiga. Sim, porque você vai ter que mentir para ela. Na melhor das hipóteses, fornecer um álibi.

Minha experiência: afaste-se deste cálice porque o vinho pode virar vinagre rapidinho. E não há nos compêndios médicos nada que te tire da tormenta de encarar uma ressaca dessa substância.

Bruxa aproveitadora: como o próprio nome já diz, essa daí só aparece quando precisa de você! Quando está no nirvana, sua reles existência não lhe diz nada, se bobear, até seu nome ela esquece! Mas deixe-a ter algum problema cabeludo, do tipo que ela tem certeza que só você pode saber. Sim, porque ao contrário dela, você sabe guardar segredos e ser discreta. É batata! Ela corre pra você, chora, pede ajuda, diz que você a emociona.
Você, claro, ajuda a criatura e ainda guarda o podre bem guardadinho.
Ela sequer lhe agradece porque acha que é sua obrigação ajudá-la e dá o fora rapidinho como se nada tivesse acontecido.

Minha experiência: coloque os podres da criatura na praça, de preferência contrate um daqueles boys que transformam bicicletas em carro de som e jogue bosta na Geni mesmo! Com gosto de gás! Da próxima vez ela te erra!

Bruxa disfarçada em pele de cordeiro: ah, essa é terrível. Comove todos, uma coitada! A vida tem sido muito dura com ela, os relacionamentos a maltratam, e logo ela, que é uma pessoa tão boa, tão sensível, tão singular.
No entanto, não ouse contrariar este tipo de bruxa! Ela arruinará sua imagem, falará mal de você para os amigos em comum. Com a ajuda das bruxas assistentes, tramará contra você, mas tudo isso muito discretamente porque ela é uma criatura do Bem.

Meu conselho: chegue primeiro e faça sua parte. Olhe bem nos olhos da criatura e diga: sabe aquele pecado capital que você cometeu? Aquele que te fará arder no mármore do inferno? Pois bem, estou com uma vontade louca de musicá-lo, fazer um vídeo e colocar no YouTube.

Enfim, eu poderia passar horas aqui neste exercício teórico, mas creio que esta tipologia já é suficiente para que vocês possam identificar e tratar devidamente essas criaturas que, vez por outra, dão uns rasantes nas nossas vidas!

P.S. Eu acredito na amizade verdadeira entre mulheres, sem falsidade e puxadas de tapete. E é por ter amigas tão sensacionais que sei exatamente a diferença entre elas e as outras...


Fotografia: Flickr

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Campeão da Copa do Brasil de 2008






Não pára, não pára, não pára,
Não pára, não pára, não pára...

Por que parou, parou por quê???????

E aí, Mano? Nos pano?
Por aqui, firrrmeza, truta!!!

Pelo SPORT tudo!!
Então como é, como vai ser, como SEMPRE será?

CAZÁ, CAZÁ, CAZÁ,
CAZÁ, CAZÁ, CAZÁ!

A turma é mesmo boa
É mesmo da fuzarca!

SPORT! SPORT! SPORT!




terça-feira, 10 de junho de 2008

Curtinhas



* Quando certas pessoas mentem, conseguem ficar ainda mais patéticas do que o habitual...

* Esta semana, o vizinho de cima, que inferniza meu sono há quase três anos com o seu eterno arrastar de móveis, me chamou de louca, disse que o barulho não vinha da casa dele. Deu vontade de dizer: louca é a senhora, Alcéia, tia de Meméia. Não disse porque sei manter o nível de uma discussão, por mais espinhosa que ela seja. Relevo porque praga de múmia de faraó é poderosa. Mas se eu pudesse, matava com requintes de crueldade.

* É maior que eu: completamente atacada mode [ON]. Dia 12 a vida segue normal, pelo sim, pelo não.

* Francisco não volta mais. Nosso abaixo-assinado funcionou, mas ele não quis mais voltar, alegou que o ambiente (leia-se síndica) ficaria tenso. Saiu por cima e com todo o meu respeito.

* Quando perdemos pessoas que amamos para a morte, o vazio e a dor são insuportáveis no início. Mas depois que o tempo passa - e nisso o quando é muito relativo -, já não nos sentimos mais tão sozinhos porque as lembranças se tornam quase físicas: viram presença, confortam nas horas difíceis mesmo quando chegam acompanhadas de uma saudade que jurávamos impossível de se repetir.

* Infelizmente não vou poder ir amanhã à Ilha do Retiro para ver a final da Copa do Brasil por incompetência do meu amado primo motivo de força maior.

* Diálogo que reflete a impossibilidade do sujeito de agir em conformidade com os princípios da psicologia infantil:

Eu: Mariana, quando você terminar, arrume essa bagunça.
Ela: Mãe, de quem é este quarto?
Eu, já sabendo o que viria: Seu.
Ela: Quem manda nestes brinquedos?
Eu, impaciente: Você.
Ela: Então não vou arrumar nada!
Eu: Vai, sim!
Ela: Por quê?
Eu: Porque quem manda aqui sou eu!

Alguém saberia outro modo de dar a questão por encerrada sem estar contribuindo para a formação de um ser sem lei e sem ordem?

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Oranje elftal






Oranje superieur aan Italië.

Completamente nada a ver






Vão ser vendidas apenas 999 unidades ao preço de 139 euros cada.
Obama, Obina, Osama nas alturas!


Update: Estou vendo chifre em cabeça de cavalo ou esse boneco é resultado de uma estereotipagem com relação à raça negra? Algo como negro é tudo igual? Porque não dá pra conceber que alguém ache semelhança entre ambos.

sábado, 7 de junho de 2008

O casamento do nosso melhor amigo 06/06/08






Clarice, Yano (o noivo) e eu.


Eu, de cabela nova.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Coisa de mulher... zinha






Detesto salão.
E nem é pelo tempo que se perde lá porque isso você até racionaliza: não dá para chegar com a juba rastafári e sair uma platinum blonde num piscar de olhos. Sem contar que geralmente o resultado final dá uma guaribada no astral: não conheço ninguém que se sinta mal com as unhas feitinhas, o cabelo com um corte bacana e tudo mais. Pode não ser a solução de todos os problemas emocionais, sexuais e financeiros da vida de uma pessoa, mas não resta dúvida que ajuda - e em alguns casos, muito.

O que não suporto mesmo, além das fofocas tolas (porque das boas todo mundo gosta, não sejamos hipócritas) e dos oi, querida! (ai, qual é mesmo o nome dela?), é um determinado tipo de pessoa que freqüenta o ambiente.
Sinceramente, acho que o cheiro das tinturas, do formol das escovas progressivas, bem como o calor do secador e das chapinhas devem causar alguma reação cerebral adversa porque é muito difícil acreditar que uma pessoa possa ser e soar tão fake no seu dia-a-dia.

E existe um certo padrão, já observei isso. São moças entre os vinte e tantos e os 30 e poucos anos. E, neste caso, as mesmas se encontram numa espécie de limbo: saíram da adolescência, mas ainda não chegaram ao ponto do que antigamente se chamava mulher feita.
O que as denuncia é a voz aguda e irritante acompanhada daquele tom mimado que jamais pronuncia palavras como por favor e obrigada quando, por exemplo, a moça do aceita um café/chá/água/refrigerante/suco/mate, senhora? se aproxima. O máximo que as enjoadinhas conseguem dizer é: com adoçante. Nojo.

Prefiro pensar que essas pessoas agem assim porque se sentem observadas e precisam provar alguma coisa a respeito de si mesmas. No entanto, mostram apenas o fino da boçalidade. Parece que dá um faniquito na hora que a criatura entra no salão e eis que começa o transe. O melhor mesmo é colocar o fone de ouvido e abstrair do ambiente. Mulherzinha é uma coisa intragável.


Fotografia: Flickr

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Recife também é isso (e muito mais)...





O melhor amigo da noiva e A outra






Eu estava querendo ver uma coisa leve, uma comédia romântica vinha bem a calhar. Quase dormi. Meus amigos dormiram. Sem graça essa tentativa de versão masculina de O Casamento do Meu Melhor Amigo, que foi muito mais engraçado.
Só duas coisas salvaram a ida ao cinema: a última aparição do diretor Sydney Pollack atuando (falecido no dia 26 do mês passado) e a dica que vi nos trailers desse que com certeza vai arrebentar:




terça-feira, 3 de junho de 2008

O som e a fúria de Tim Maia






Tudo em Tim Maia era superlativo: sua voz, seu temperamento, sua sensibilidade musical, sua paixão pelos animais, seus amores e desilusões.
Dono de uma voz monumental e de um gênio irascível, ele era a personificação do contraditório: alternava horas de extrema generosidade com rompantes de agressividade, era uma verdadeira bomba relógio. No entanto, tinha um respeito quase sagrado pela mãe e sofria de saudade do filho. Tim era um homem que carregava dentro de si um mar em tormenta. Era amoroso, carente, espirituoso, malandro, inteligente e furioso. Não reconhecia limites, ele mesmo os fazia. Viveu como quis e se partiu cedo, foi por decisão própria. Ele foi coerente até na insensatez.

Se você gosta de MPB, terá uma boa oportunidade de acompanhar a cena nacional desde o final dos anos 50, passando pela Jovem Guarda, Bossa Nova, Tropicália, o rock nacional dos anos 80, e verá também o início da carreira de nomes como Roberto e Erasmo Carlos, Jorge Ben Jor, Elis Regina, Rita Lee e outros. E Tim Maia que transitou por todos esses espaços com o seu desconhecimento de teoria musical, mas com instinto e ouvido musicais raros.

E o fato de a biografia ter sido escrita por Nelson Motta, amigo de muitos anos e parceiro em projetos musicais, possibilita ao leitor uma proximidade tal com a figura de Tim Maia que dá a impressão de que ouvimos a gargalhada, os palavrões e a ginga de carioca suburbano que o caracterizaram.

Tim atribuía o sucesso dos seus discos ao que ele chamava de combinação perfeita entre o mela-cueca e o esquenta-suvaco. E odiava ser chamado de brega. E eu concordo com ele. Quem nunca dançou ao som de Tim Maia ou sofreu por amor embalado por seu vozeirão que atire a primeira pedra. Tim era um romântico na verdadeira acepção do termo: marginal, desiludido, solitário e iconoclasta.

Fez 10 anos em março que o síndico se foi. Seus fãs continuam morrendo de saudade.


No vídeo, o último show (inacabado) de Tim Maia:


segunda-feira, 2 de junho de 2008

O tiro saindo pela culatra






Se tinha uma coisa que os comentaristas esportivos do Sul e do Sudeste e seus veículos de comunicação não contavam era com a solidariedade entre os times pernambucanos, que têm um histórico de muita rivalidade.

Queria ver se o incidente tivesse ocorrido da seguinte maneira: um jogador do Náutico, no estádio do Botafogo, fazendo gestos obscenos para a torcida local, arremessando e ferindo um torcedor com uma garrafa de água e, sendo a polícia acionada para contê-lo, o mesmo resistisse à voz de prisão e ainda chamasse os policiais de merda. E voz de prisão, sim, porque o jogador transgrediu o Estatuto do Torcedor.

Duvido que a indignação seria a mesma. E, de quebra, ainda iam louvar a pronta ação da PM do Rio, esquecendo que a truculência também é característica dela, quando, por exemplo, sobe as favelas e, além dos bandidos, mata inocentes que também são vítimas do tráfico. Isso a nobre imprensa não fala, isso a nobre imprensa não vê.
Por acaso alguém ouviu a imprensa falar sobre as pedras que foram jogadas no ônibus do Sport, semana passada, lá em São Januário? Você ouviu?

O que ocorre é que os times do Rio e São Paulo andam apanhando muito dos times pernambucanos e agora qualquer coisa é motivo para desqualificar a competência. O que não faz o medo, hein? Lugar de marginal é na cadeia mesmo. Tão pensando o quê?