quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Pequeno farnel de uma expatriada



Minha sogra chegou ontem do Brasil e trouxe algumas coisinhas que encomendamos.



Tirando a Farinha Láctea e as goiabinhas de Mariana, como boa nordestina que sou, não poderia deixar de pedir farinha de mandioca porque, convenhamos, feijão e arroz sem farinha não têm o mesmo gosto! Nosso tradicionalíssimo e pernambucano bolo de rolo (que não tem nada a ver com rocambole, diga-se), cocada de coco queimado, recheada com leite condensado e um pouco de mel de engenho -- e não deixar as cocadas enjoativas é uma ciência que eu jamais alcançarei... Ah, vocês sabiam que a Holanda importa mel de engenho brasileiro? E, finalmente, a goma de tapioca. Sim, porque neste outono, eu decidi comer algo diferente...

Cocada matadora:




Bolo de rolo da Casa dos Frios, o mais gostoso ever! E a bandeirinha de PE atesta a fama e dá saudade :)



Muitas tapiocas, pena que não vai dar pra fazer a minha favorita, que é com queijo de coalho, coco e manteiga, mas hei de arrumar algum substituto (achei um queijo de cabra por aqui que dá pra enganar...):




Agora é só continuar a correr porque essas coisinhas engordam que é uma beleza.


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Klassendienst



Esta semana, Mariana e outro colega de classe estão encarregados do Klassendienst (numa tradução livre, limpeza e arrumação das classes), que consiste no seguinte: no final de todos os dias da semana, eles varrem o chão da classe deles, colocam água nas plantas, apagam o quadro, colocam as cadeiras sobre as mesas etc.



Particularmente, acho a prática muito bacana, pois além de incentivar o trabalho em equipe, vai criando nas crianças, desde bem cedo, o senso de responsabilidade, coletividade etc. Sem contar que, como aqui não tem a boquinha de se ter alguém para fazer as tarefas domésticas e todo mundo bota a mão na massa em casa, a criança começa a se preparar para o dia em que ela será responsável por si mesma.

Quando saímos do Brasil, Mariana tinha 6 anos e 11 meses e eu precisei treiná-la, ainda lá, para muitas coisas, as quais eu, Paul ou nossa fiel escudeira Luzia fazíamos para ela: amarrar os tênis, escovar os dentes, fazer sua higiene após uso do toilet, trocar de roupa, pentear-se etc., porque sabíamos que aqui uma criança de quase 7 anos não saber fazer essas coisas é motivo para sair em manchete no De Telegraaf.

Não que Mariana fosse uma menina mimada, nesse aspecto e na região em que morávamos, ela não era exceção: as crianças (especialmente os meninos...) são meio que tratados como reizinhos. Sempre há muita gente ao redor disposta a ajudar e isso vai aparentemente facilitando as coisas. Daí, quando essas criaturas crescem e precisam se virar, sofrem bem mais. Claro que hoje em dia as coisas estão mudando, mas, no geral, é assim mesmo que a banda toca.

O que eu sei é que essas mudanças deixaram Mariana bem mais independente e hoje, contabilizando este 1 ano fora do Brasil, sua evolução foi fantástica! Além dos cuidados consigo mesma, ela arruma sua cama (e a nossa, se eu explorar pedir), põe e tira a mesa, arruma a sala -- e aí a briga começa porque ela quer deixar as coisas do jeito dela --, faz os seus pannenkoeken (se acha a cozinheira...) etc.

No entanto, é só ficar doente, como ficou nas férias de outono, que a manha volta em todo seu esplendor: quer comidinha na boca, sapato amarrado (tendo ela apenas o trabalho de esticar as pernas) e coisa e tal... Agora é tirar os velhos maus costumes e dar um sossego pros dois Zwarte Pieten: eu e o pai.



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sobre tudo ou sobre nada




Às vezes penso que o Facebook tira minha vontade de escrever. Não que lá eu escreva demais. No entanto, o gosto por escrever se dilui, talvez pelo simples fato de lá haver mais feedback, sei lá. Além do mais, não tenho mais aquela energia que tinha de escrever aqui, nas velhas e boas listas de discussão do Yahoo e ainda manter um fluxo considerável de e-mails pessoais, estou cansada das virtualidades, acho. Também porque eu, pessoa prolixa que sou, muitas vezes não me contento em não ir fundo naquilo que escrevo e, ultimamente, a vida, muito mais que as palavras, as quais são a sua elaboração, tem me imposto esse ônus, aí eu penso: já deu por hoje, né? A verdade é que estou num momento mais para dentro, naquele processo de plantar para colher não sei quando e imprecisão não é palavra das mais palatáveis.

Ontem, faleceu uma tia minha, irmã do meu pai, de quem fui muito próxima quando criança e pré-adolescente. Faleceu na madrugada (horário do Brasil), depois de um tempo internada, oscilando entre saídas e voltas para a UTI. Uma morte já anunciada, mas mesmo assim sentida por todos nós. Aí voltam as lembranças, a impossibilidade de estar com a família. E eu compartilhei com a minha filha todas as boas lembranças porque ela conheceu a tia já vitimada pelo Alzheimer, desmemoriada, e eu quis lhe dizer que nem sempre ela havia sido assim. No final, Mariana achou uma pena não tê-la conhecido como eu. É sempre uma pena não viver. Ou viver demais.

Pelo fato de ter saído da tutela familiar aos 20 anos (fui morar em Belém e de lá, ganhei o mundo), perdi diversos familiares estando ausente e isso vai calejando um pouco, mas sempre fica a sensação de estar no meio do nada, deixando escapar entre os dedos os fios que formam essa teia invisível de sentimentos, que são a substância da qual somos feitos. De qualquer forma, seguimos acumulando não ausências, mas lembranças e reconciliações, a história que contaremos aos nossos filhos e eles, aos nossos netos. A vida em sua aterradora simplicidade.



quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Uitstroom





Eu xinguei, me aborreci, esculhambei a vizinhança, mas eis que está chegando o dia e estou aqui triste, dividindo com Mariana este sentimento de vazio e de quase saudade: amanhã é o Uitstroom dela da escola de estrangeiros.

Para quem não conhece o idioma, o substantivo stroom quer dizer correnteza e a preposição uit, fora. Simples, na bucha, essa língua sem muitos rapapés. No entanto, a metáfora não deixa de ser bonita (e melancólica): Maricotinha está saindo da correnteza, do sistema que diz que ela, mesmo com dupla nacionalidade, mas pelo fato de ter nascido e crescido fora daqui, precisou entrar no sistema educacional holandês por esse atalho, que é a escola para estrangeiros. E amanhã, ela será devolvida à escola normal.

É claro que estou explodindo de orgulho porque o curso tem duração de 1 ano e seis meses, e a danada concluiu em menos de um ano -- ela entrou depois das férias de outono do ano passado e está saindo amanhã, véspera das mesmas (herfstvakantie). E concluiu falando, lendo e escrevendo em holandês com desenvoltura, tanto que na escola permanente, daqui da nossa cidade, ela está no grupo 5, que é o compatível com a sua idade. Ai, como eu tô coruja!!

Também me sinto aliviada porque era osso pegar Mariana todo dia em Amsterdam, debaixo de chuva, neve e o escambau. Parar tudo que estava fazendo e seguir pra lá, que é perto, 20 minutos, mas precisando pegar transporte público e coisa e tal, contando ida e volta (a espera na porta da escola incluída nessa conta...), não deixava de ser quase 2 horas por dia em que eu poderia fazer outras coisas. Enfim, acabou.

E pra ela concluir esse período, trabalhamos duro nos últimos meses (um dos motivos da desatualização deste blog que vos fala): além das tarefas de casa da escola de estrangeiros, a professora daqui, do grupo 5, atochava tarefas para suprir os dias em que Mariana ficava em Amsterdam (esquema de 4 dias lá e 1 aqui). Eu, claro, tendo de preparar os recursos para ajudar nas tarefas porque o grupo 5 já trabalha com noções de fonética, sujeito, predicado etc. E muito vocabulário... O que está sendo ótimo para mim também, pois aprendo junto.

Enfim, a coitada da menina teve de estudar bastante. Mas, para ser bem sincera, isso nunca foi problema porque no Brasil, ela estava acostumada com a rotina de preparar as tarefas todos os dias por uma hora. O povo daqui se escandaliza, acha muito... Mas a danada gosta de estudar e os livros, gente, são muito legais! Extremamente lúdicos, vocês precisam ver o de matemática. Chego a pensar que se os meus tivessem sido assim, talvez eu tivesse crescido gostando da matéria. Sobrevivemos, o fato é este e a bichinha está sabida que só.

Agora, o coração está pequeno porque a escola que ela deixa amanhã é muito boa. Além da metodologia ser super eficiente, minha filha foi muitíssimo bem tratada lá, ganhou muitos livros, foi muito incentivada, fez passeios maravilhosos com a turma: praia, museus, parques, zoo. Hoje, a propósito, vão ao cinema. Todos os professores gostam muito dela e lá Mariana tem amigos do mundo inteiro.

Sei que amanhã vou pagar aquele King Kong, sou chorona, ai ai... Temos tanto a agradecer...

Bem, vou ali arrumar as sacolinhas com os presentinhos e guloseimas que Maricota vai dar aos colegas de turma. Depois eu conto como foi a coisa toda.

Fotografia: aqui.


sábado, 8 de outubro de 2011

A vida como ela é ou pode ser...



Pelo tempo que este blog passou sem atualizações, posso garantir que assunto é o que não falta. Coragem de blogar, no entanto, são outros quinhentos, vamos combinar, a mão de escrever meio que se perde pela falta de uso.

A começar pelo susto que tomei com a nova configuração do Blogger, não sei ainda dizer se foi para melhor ou não, vamos ver como me saio em relação a ela.

No entanto, quero falar sobre um assunto que me deixou assim, assim durante a semana que passou. Depois da pancada que levei na cabeça (literalmente) aqui em casa -- a porta do armário da cozinha na minha testa, amor à primeira vista, avassalador --, veio a lapada metafórica, aquela que mostra que o buraco, meus bens, é sempre mais embaixo.

A mãe de um colega de classe de Mariana, lá da escola de estrangeiros de Amsterdam, egípcia, doida de pedra, porém domada pelo catolicismo ortodoxo, além de dona de um coração enorme, diga-se, me contou a história que eu tentarei reproduzir a seguir.

Além do coleguinha egípcio 1, filho dessa minha amiga, tem um outro coleguinha egípcio 2 na turma da Mariana. Longe de ser um menosprezo numérico, prefiro não citar o nome dos meninos. Pois sim, ultimamente, eu tinha visto essa minha amiga com o irmão mais novo do menino 2 pra cima e pra baixo, direto mesmo.

Pensei cá com os meus botões: vai que ela está dando uma força para a mãe do menino 2, que está grávida de quase 9 meses, e como o menininho tem menos de 3 anos, ainda pede colo e tal, a minha amiga está quebrando um galho.

Tu pensas o óbvio, Kenia Mello! Quarta-feira passada, a minha amiga explicou o que estava acontecendo.

O pai do menino 2, que é da idade de Mariana, é fumante. Sim, e daí? Daí que, segundo a criatura me contou, um belo dia, ele, ao brincar com o menininho, deixou o cigarro cair dentro da camiseta do filho. O cigarro quebrou e saiu fazendo estrago no peito da criança. Na creche, as cuidadoras viram e acionaram a polícia, Resultado: os pais perderam a guarda do filho e como não têm parentes aqui na Holanda, tiveram de recorrer aos pais do menino 1, que estão com o menininho vivendo em casa, e os pais podendo visitá-lo apenas nos fins de semana. Em dezembro, a sorte da criança (e dos pais, óbvio) será decidida.

Eu, particularmente, achei essa história do cigarro quebrar meio esquisita, perguntei para a minha amiga se não tinha sido violência mesmo e ela me garantiu que os pais são pessoas boas. Who will know?

Por um lado, compreendo parcialmente a iniciativa das cuidadoras: ao ver a criança com o corpo queimado, é lógico que deveriam se pronunciar, chamar os pais, esclarecer o fato. O que me pergunto é se esse comportamento, de chamar a polícia imediatamente, aconteceria se os pais fossem holandeses. E se a história se passou mesmo assim, de acordo com a versão dos pais? Tremenda de uma injustiça, não?

O que eu vejo é a mãe todo dia na porta da escola, barriga pela boca, esperando o filho mais velho agarrada com o caçula, e depois vendo-o ir embora com a amiga que, generosamente, o está acolhendo em sua casa.

Coisas da vida que redirecionam nosso olhar tornando-o um pouco mais duvidoso de que a justiça seja cega. Tomara que ela não seja surda também.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ik ben trots op haar/ Mãe é bicho idiota mesmo...



Se mudar de cidade e alterar a rotina de uma criança de sete anos é complicado, imaginem mudar para um país cuja língua lhe é totalmente estranha e onde ela terá de começar basicamente do zero em termos de amizades, adaptação na(s) nova(as) escola(s) etc. Não foi fácil. Aliás, foi extremamente difícil tanto para ela quanto para nós. E o processo, apesar de já ter superado a fase inicial, ainda não terminou.

Sim, porque a pior coisa na vida é ver um filho sofrendo e não podermos fazer nada além de consolar e encorajar com a promessa de que depois as coisas vão melhorar. É osso. Cansei de me questionar sobre a decisão que tomamos de mudar para cá, foram muitos dias de insegurança, receio e angústia.

E a barra que ela enfrentou também não foi pequena.

Mariana sempre foi uma menina ultra comunicativa e com enorme facilidade de fazer amigos. Bastava que fôssemos almoçar em um restaurante com recreação infantil para que a criatura arrumasse três ou quatro amiguinhos e difícil mesmo era conseguirmos ir embora sem antes ouvir uns 137 só mais cinco minutos, mãe/pai.

Morávamos em um condomínio cheio de crianças, onde Mariana tinha bastante amigos e amigas, muitos deles tendo crescido junto com ela.

A escola é um capítulo à parte: Maricota começou a frequentá-la aos 2 anos e três meses, amava as tias, os amigos e amigas, a best friend Luísa. No último dia de escola, teve uma linda despedida, foi um chororô triste. Eu preferi não participar, ao invés de ir, mandei uma carta para a diretora explicando que eu não tinha condições emocionais de segurar a barra e ainda me manter equilibrada para resolver as muitas broncas pendentes antes da nossa vinda para cá -- pra vocês terem uma ideia, nosso voo saiu às 22h e às 15h do mesmíssimo dia, estava eu no consulado (em Recife) pegando os últimos carimbos com o cônsul...

Nessa carta, que escrevi para ser lida pela professora de Maricota na despedida, falei de cada funcionário da escola e de sua importância na vida da nossa filha. Ela, no entanto, não chorou nem nada: apenas consolou as amiguinhas e a tia. A ficha não tinha caído ainda.

Chegamos nas férias de outono. Amparada pela companhia do primo, ficou achando que estava aqui a passeio. O bicho pegou mesmo quando as aulas começaram e os desafios apareceram. No entanto, ela nunca se queixava diretamente, dizia que estava tudo bem, embora tivesse crises de choro diárias. Nessas horas, o coração apertava porque sabíamos que era a falta de tudo que lhe era familiar, seus amigos e amigas, sua rotina, suas pequenas certezas.

O pior dia foi quando, numa dessas crises de choro, pela primeira vez ela perguntou ao pai por que ele tinha lhe feito isso, por que tinha lhe tirado todos os amigos... O pai morreu, né? Rapidamente, Fernanda Montenegro assumiu o babado e falou que no Brasil também tinha coisas ruins, uma delas era o fato de papai viver sempre viajando a trabalho. Mariana consolada e eu uma noite sem dormir... Detalhes.

E assim os meses foram passando, até que ela começou a falar holandês com desenvoltura e perdeu o medo de pedir para brincar com criaturas da sua idade -- antes ela só interagia com crianças de 1 ou 2 anos --, e apesar de ainda dizer que não tem muitos amigos, não está mais infeliz.

Eu já tinha comentado aqui que ela frequenta a escola da nossa cidade uma vez por semana, devendo mudar para ela, em definitivo, lá pro fim de outubro. Pois bem, descobrimos que numa rua transversal à nossa mora um coleguinha de escola, com o qual ela se dá super bem. Hoje Maricota está passando o dia na casa dele e ele já veio visitá-la também.

E assim a vida segue o seu curso natural, com suas dificuldades, claro, mas cheia de pequenas e valiosas conquistas.

Mariana e R., aqui em casa, jogando Wii. Ele não é a cara do Charlie (Charlie e Lola, Discovery Kids)?




sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Por detrás das tulipas e dos tamancos...



Antes de sair do Brasil, sempre ouvi dos amigos que moravam fora que uma das piores coisas do processo de viver no exterior, além da saudade da família, dos amigos e dos antigos costumes, claro, era a convivência com outros brasileiros porque, com poucas exceções, é cobra engolindo cobra, muita competitividade, muita falta de solidariedade etc.

No que me toca, ainda tenho muito pouco tempo aqui (seis meses) para falar sobre o assunto, porém como observar não paga imposto (ainda), tenho cá as minhas impressões.

A principal delas diz respeito à antiguidade em solo holandês. Isso mesmo, morar aqui por um determinado tempo, o suficiente para se ter o visto de cinco anos -- se tiver a cidadania holandesa, então, a coisa se agrava --, desencadeia um fenômeno curioso: existe algo em terras de Oranje que age sobre os genes da criatura e a torna mais holandesa do que os próprios holandeses! O ser conhece e sabe mais da vida na Nederlândia do que os próprios. Impressionante!

A ponto de as próprias holandesas se sentirem assim, sei lá, meio do Paraguai...

Dentre os principais sintomas dessa anomalia está a amnésia: a pessoa esquece completamente o quanto sofreu com o idioma, para conseguir o primeiro emprego, para dar conta das exigências do governo, enfim, esquece como chegou aqui...

Na cabecinha dela (ou pelo menos na imagem que ela tenta lhe vender...), a coisa é bem diferente:

Pois é, é muito sucesso, minha gente, vamos combinar.

De modo que ela, além de não se lembrar de nada do que passou, ainda esquece que, sim, o seu prazer de estar descobrindo as coisas aos poucos é genuíno e merece, no lugar de desdém, encorajamento.

Fico me perguntando o quê leva alguém a se transformar em algo assim. Muitas vezes o sofrimento, ao invés de transformar as pessoas em seres humanos melhores, faz com que elas se tornem mais mesquinhas, rancorosas e egoístas. Taí mais um clichê quebrado. É como se o progresso das demais as incomodassem, quer seja por medo de uma concorrência (muitas vezes imaginária) profissional e/ou pessoal, quer seja pela pura necessidade de se sentir superiores mesmo, tamanho deve ser o sentimento de inferioridade que carregam. Quem vai saber?

Claro que se estabelecer em um país estrangeiro com êxito é uma coisa muito importante e digna de admiração, ainda mais quando sabemos que precisamos lutar em dobro para conseguir todos os objetivos aos quais nos propomos. No entanto, grande parte desse brilho se perde justamente quando a falta de humildade se instala. E o mais melancólico nisso tudo é saber que essas pessoas terminam se transformando em um híbrido despatriado: por se acharem melhores do que os seus patrícios, jogam fora as suas origens, mal sabendo que, para os locais, por mais que elas se "integrem", serão sempre estrangeiras...