sexta-feira, 27 de novembro de 2009






vencidas,
secas e emboloradas,
humildemente esperam o vento
ou pés que lhes esfacelem.
derramadas sobre as pedras do chão, que lhes negam a seiva e alguma misericórdia,
apenas sorriem para o destino inevitável, espalmadas como uma renúncia.
nenhuma inquietação ou medo,
qualquer dúvida que seja – nada.
apenas o tempo de mais uma estação roçando-as levemente,
um ciclo que se perfaz depois de outros.
tudo que resta desejar quando o fim nos espreita: cumprir-se.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Curtinhas



Quase dezembro e o negócio aqui está desregulado: chuva à noite, madrugada e/ou manhã, vento frio e... calor de rachar durante quase todo o dia. Hoje precisei sair no começo da tarde, com o sol de fritar a moleira. Resultado: depois de entrar no ar-condicionado, a dor de cabeça começou a dar sinal de vida. Agora estou com calafrios. Evito o ar e o ventilador e sinto calor, exponho-me a eles, tremo. Ai, lugarzinho de corno.

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Gente mal-educada se reproduz igual a coelho, é impressionante.

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CPG em rebuliço com a possível admissão de um novo membro. Sábado, reunião geral. Cla, mande procuração que o assunto é sério. Por motivo de segurança, o local não será divulgado.

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Ivette, você estava com saudade de mim, flor? Fique não, nem eu ando suportando a minha presença morena.

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Em véspera do Natal e eu querendo os cheiros de junho.

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Hoje descobri que deixar as coisas para depois pode ser uma grande fonte de prazer, a tal procrastinação, uma verdadeira ciência. Em se tratando da minha pessoa, um ato de subversão.

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Sinto-me uma farsa ensinando o trema à Mariana, mas não resisto, não me acostumo com o sumiço, é uma verdadeira aberração.

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Asilo político para assassino e terrorista (de esquerda, então tá...), festa e carro oficial para fundamentalista que nega o Holocausto e os direitos das mulheres e dos homossexuais, a quase certa inclusão da Venezuela no Mercosul, a Argentina, também no Mercosul, cagando na nossa cabeça, como sempre. Brasil, o país do futuro. Negro.

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Estou com cistos no ovário direito. Minha médica mandou tomar três cartelas de anticoncepcional ininterruptamente. Três meses sem menstruar. Life is really good.

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sexta-feira, 20 de novembro de 2009






Sinto falta de tantas coisas, mas, especialmente, da minha vida, a que eu tinha. Antes, quando eu achava que não sabia mais viver sozinha. Eu sei, e isso não me traz orgulho algum. Bastar-se é o caminho mais certo para o embrutecimento: as coisas existem, esbarram-se doídas dentro de mim, mas não me desaguam. Tempos difíceis estes de não sentir, o embrutecimento.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sexta-feira 13



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Toda trabalhada no tema da maldade. Ui.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Vizinho de Cima






Por falar no Vizinho de Cima, recebi a triste notícia de que ele vendeu o apartamento e em breve vai se mudar. Naquele momento, uma lágrima rolou delicadamente do meu olho esquerdo...




terça-feira, 10 de novembro de 2009






E o vencedor do concurso de sapateado levou o troféu, mas perdeu o coração da moça. C'est la vie...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Mi casa, su casa. NOT!






Pois é. Tem uma lagartixa morando na despensa aqui de casa. Descobri sábado: abri o armário e a criatura quase caiu em cima de mim, estava pregada na parte interna da porta. Hoje aconteceu a mesma coisa, só que despencou de mais alto, por pouco não bateu em mim. Correu para baixo da despensa.





Tá, eu sei que elas são inofensivas, são úteis porque comem mosquitos blablablá, mas eu grito, fazer o quê? É maior do que eu e com um agravante: não dá pra matar. Com barata eu grito do mesmo jeito, mas saio com um chinelo na mão e mato. Gritando e matando, não fica uma. Com lagartixa não dá. Além do mais, não tem mosquito aqui em casa, vigésimo terceiro andar, logo, não há motivo para a criatura estar residindo na minha cozinha. É a primeira vez que acontece. É uma lagartixa infante, meio esverdeada e deve ser gelada, muito gelada... E como ela está debaixo da despensa e não mais dentro, hoje é dia de dormir de porta fechada. Rá. Já pensou se acordo no meio da noite com aquelas ventosinhas subindo perna acima? Infarto na hora.

Pode parecer besteira uma pessoa que já enfrentou procelas em seu furor ter medo de uma reles lagartixa teenager, mas é maior do que eu. Medo atávico, sabe como é? Instinto de sobrevivência, aquela coisa dos nossos ancestrais que fugiam dos dinossauros.





Tudo primo.





Vergonha nenhuma de confessar. E antes que venham dizer que se fosse de outra coisa eu nem corria nem gritava, vou logo adiantando o serviço: gritar nunca não, mas já corri. Vergonha nenhuma de confessar.






Exatamente assim.

domingo, 8 de novembro de 2009

Fernanda Young na Playboy



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Eu acho Fernanda Young uma mulher bonita. Nunca assisti ao seu programa Irritando não-sei-o-que-lá, e das coisas que ela escreve, li uns dois textos produzidos para uma revista dessas que dão dicas de como a mulher deve proceder para arrumar um macho marido. Não achei grande coisa, com certeza já li bem piores, mas também não é o caso aqui falar dos dotes literários da moça, uma vez que o assunto da hora é o seu ensaio fotográfico na Playboy. Não sei o que os rapazes vão achar, mas eu gostei das fotos que vi.








Numa entrevista, FY disse que ia pedir para pegarem leve no photoshop, tirando só as estrias, resultado de três gravidezes, e algumas cicatrizes. Massa, real woman, né?





Eu não vi ainda as fotos do recheio, mas tirando por essa aí de cima, dá para notar que o pessoal continua errando a mão nos retoques. Essa cinturinha está meio desproporcional ou é impressão minha?


Update: Gente, estou aqui chocada com os comentários masculinos que li n'O Globo! Ainda bem que a maioria dos homens com quem convivo definitivamente não pensa assim. É cada comentário imbecil que, putz, dá nojo. Às vezes é estarrecedor observar o senso comum...

terça-feira, 3 de novembro de 2009






Certas situações se insinuam tão sorrateiramente e se aboletam na nossa vida de modo que sequer percebemos o quanto não é natural viver com o peso do mundo inteiro nas costas: a gente acorda cansado, sem saber ao certo o que incomoda, mas também sem ânimo algum para cascavilhar motivos, entorpecimento que mais parece resultar de mandinga, reza braba ou coisa feita, o que vem a dar exatamente no mesmo. E assim a gente segue naquele fazer o quê? que é a constatação do que de mais óbvio existe na face da terra: a vida é isso mesmo. E você só se dá conta quando, num inesperado rasgo de lucidez temperado com uma pitada de doidice e falta do que perder, sapeca um basta bem redondo na cara do que te esmaga e muda a lógica da expropriação de si mesmo. Depois do espanto, a vida começa a seguir com a serenidade e a leveza que há muito tinham sido esquecidas.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Fundação






Saudade é rio de longas deságuas e elas sempre sabem para onde nos levam... Hoje é dia de lembrar de uma figueira, de um cachorro perdigueiro com nome de rei, de almofadas e penumbra, de cheiros de café e água de colônia. Minha pedra fundamental tem essas marcas gravadas em si e outras mais. É lugar de retorno, abrigo,
reconhecimentos. Fui forjada em pedra áspera, pontiaguda, irregular. Mas pelas mãos do ourives todas as arestas foram desbastadas, polidas, apaziguadas. A força do furacão domada por olhos cheios de paciência, de sabedoria e de silêncio. Minha fundação, o que melhor me traduz, o que me lembra a cada instante quem sou e de onde vim.