quinta-feira, 31 de março de 2011

Grande expectativa



Amanhã é dia de desafio, mais um em terras holandesas. Desafio sobretudo para Mariana: será seu primeiro dia na escola permanente, na qual ela estudará nos próximos anos, caso não haja nenhuma mudança de percurso.

Desde novembro do ano passado, ela tem frequentado a escola para crianças estrangeiras (aquela sobre a qual falei rapidamente no post anterior). Pois bem, havendo um domínio relativamente bom do idioma holandês, a criança passa a frequentar, todas as sextas-feiras, a escola onde estudará em definitivo, ficando o resto da semana na escola de estrangeiros, cuja duração chega a um ano.

Amanhã, pela primeira vez, Mariana vai estar em um ambiente onde as crianças do nivel dela (grupo 4, aqui a divisão é por idade) só falam holandês. Medo. Eu e ela. Tentamos amenizar um pouco o tranco indo visitar a escola na semana passada: linda, novinha, super colorida, um mimo e, o melhor, aqui em Diemen, dez minutos de caminhada, cinco de bicicleta. Mariana ficou muito animada, curtiu tudo. Hoje, no café da manhã, falou que estava querendo ir, mas um pouco nervosa. Ô dó do meu pitoco!

Ao mesmo tempo, estou super orgulhosa da criaturinha porque ela já está falando holandês sem pensar, com erros, claro, mas já se comunica bem com estranhos, assiste aos desenhos na TV sem que Paul precise traduzir -- ontem foi uma confusão danada aqui em casa porque ela cismou que quer assistir ao jornal também. E a recomendação da faixa etária é a partir de 12 anos...

Temos nos esforçado bastante para dar suporte com as tarefas da escola. No Brasil, eu era a responsável por isso: tínhamos o horário das tarefinhas, ela já estava bem acostumada. Como aqui a escola é de período integral, fica um pouco cansativo, especialmente porque não temos as mordomias do Brasil: o jantar precisa ser feito e mais aquelas coisinhas que tomam tempo e fôlego. Mas sempre há um espacinho reservado para estudar o que foi visto na escola, tirar dúvidas etc.

Como ainda não domino o idioma, estou sempre com o meu dicionário de lado nas horas de estudo de Mariana. E, sim, hoje, passado o stress do exame de holandês que tive de fazer, vejo que o que aprendi tem me ajudado bastante, sobretudo nesse apoio à Mariana. Não vejo a hora de começar o meu curso de holandês! Até porque preciso acompanhar a criatura, que só quer falar em Nederlands em casa. Inclusive os desaforos...

Bom, ainda quero falar sobre a dificuldade com o idioma, mas, no momento, a minha agonia é com o dia de amanhã! Espero que tudo dê certo. Depois conto o resultado da empreitada.


Update:


Parte 1: apesar de eu ter perdido o sono de madrugada (novidade!), a ida para a escola foi legal. Fomos para a sala dela e a professora foi a que eu simpatizei de cara na homepage da escola, torci para que fosse ela: cara boa, meiga, expressão de professora de criança mesmo. Mariana disse que estava nervosa, mas ficou bem. Às 15h15 vou buscá-la e saberei a Parte 2 da aventura, tomara que ela diga que gostou! Mãe é bicho que sofre e desidrata...

Parte 2: expectactivas superadas! Conversei com a professora e ela disse que, para o primeiro dia, Maricota foi muito bem, além de ser uma criança adorável (queria ouvir a opinião da juf Ely sobre Mariana em piti mode on...). E que não foi nada tímida: perguntou coisas a ela e aos colegas. Ufa.

Eu também estava preocupada porque a maioria dos colegas de classe de Mariana (da outra escola, mesma idade) foi para o grupo 3 nas suas escolas permanentes e a criatura foi para o 4. Logo cedo, a supervisora disse que seria um desafio para ela acompanhar e eu voltei para casa preocupada também com isso. Ao perguntar à Ely sobre essa questão, ela também me tranquilizou dizendo que Mariana acompanhou tudo muito bem, um ótimo início.

No tocante à criatura, já estava toda enturmada: quando botei a cara pálida na porta da classe, as amigas foram logo avisando. E eu morrendo de ansiedade... No caminho de volta, ela me disse que tinha adorado a escola, feito amigos e blablablá. Mãe é mesmo bicho sofredor, desidratado e besta.


sábado, 26 de março de 2011

Descondicionamentos








Semana passada, hora de pegar Mariana na escola, em Amsterdam. O bairro, próximo da Muiderpoort Station (uma parada de trem antes da Centraal Station), não é o que se pode chamar de agradável: é bastante sujinho e descuidado, bem diferente das ruas de Diemen. Não tivemos outra escolha porque Mariana, antes de entrar na escola regular, precisa frequentar, por um ano, a escola para crianças estrangeiras, na qual é ensinado o idioma, e a mais próxima da nossa casa é justamente essa. Falo mais sobre isso depois.

Voltando à questão deste post, daqui de casa para a escola, levo vinte minutos de transporte público. Geralmente pego um bonde e um ônibus quando o tempo está ruim, mas quando não, só o bonde e faço o resto do percurso a pé. Como a semana toda foi de sol, segui assim.

O fato aconteceu quando eu estava andando pelo túnel sob o viaduto da ferrovia da Muiderpoort Station. Nele há pistas de carro, ciclovias e calçadas nos dois sentidos e geralmente tem algum movimento, mas nada muito intenso. No momento em que entrei no túnel, o trânsito estava bem tranquilo, restringindo-se a algumas bicicletas no sentido contrário ao meu. Foi quando vi atrás de mim, a uma distância de menos de cinco metros, dois rapazes andando apressadamente. Nesse momento, meu coração disparou e eu congelei, reação instantânea de quem morou tantos anos em cidades grandes e violentas como Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Os rapazes, claro, passaram conversando normalmente e eu levei alguns minutos para recobrar a tranquilidade.

Ainda não perdi o hábito de andar olhando para trás, coisa que o pessoal daqui acha estranhíssima, mas, sei lá, não dá pra bancar a lesa, afinal, aqui tem batedor de carteira (especialmente nas ruas mais movimentadas do centro de Amsterdam), arrombamento de casas (no verão, a coisa piora) e muito roubo de bicicletas. Nada que se compare com o Brasil e isso dá muita tranquilidade, claro. No entanto, são anos e anos de condicionamento e de reflexos em prontidão, espero um dia encontrar a medida certa e relaxar um pouco.


sexta-feira, 25 de março de 2011

Gotas de realidade



O que dizer de uma criatura de sete anos que pede para ouvir a história de Anne Frank na hora de dormir?





Tudo começou quando assistíamos a um programa na TV e no intervalo passou uma propaganda da casa de Anne Frank, em Amsterdam. Mariana perguntou quem era e eu, naturalmente dotada de um imenso bucho de piaba, falei, em linhas gerais, sobre campos de concentração, Adolf Hitler, holocausto, febre tifo, nazismo etc. Sou adepta de falar a verdade sempre, guardando as devidas proporções, quando ela pergunta alguma coisa.

Evidentemente, a criatura cismou em saber detalhes. Mas como o programa estava bom, ela deixou Anne Frank pra lá. Só que Maricota não esquece, no máximo, arquiva. Pois bem, à noite, ao invés da continuação da história do mundo -- dia de Paul, que começou com a criação do universo, Big Bang etc., e no momento se encontra na Idade Média --, ela disse que queria ouvir a história de Anne Frank toda. Ai.

Fazer o quê, né? Contei, de maneira resumida, o que está escrito no Diário, com a promessa de que, quando ela for mais velha, emprestarei o livro que ficou no Brasil (nem quero lembrar dos meus livros solitários e abandonados...).

Quando terminei, com a cara mais triste do mundo, ela me perguntou se eu não tinha nada alegre para contar. Daí, lembrei de falar que outra família, também Frank, teve um melhor destino que a de Anne: conseguiu, escondida e nas mesmas condições, sobreviver àquele homem muito, mas muito mau:






Assunto encerrado? Nada. Ela nos fez prometer que a levaríamos à casa de Anne Frank. Não sei até quando vou poder enrolar. Estive lá na primeira vez que vim aqui e chorei copiosamente, a coisa é pesada demais. Ela vai ter de se contentar em esperar um pouco mais.





quinta-feira, 24 de março de 2011

IA -- Imigrantes Anônimos -- um dia de cada vez






Bem, oficialmente e a partir de hoje, posso bater tamancos livremente pela Nederlândia sem que precise carregar meu passaporte brasuca pra cima e pra baixo! Hoje, no IND (serviço de imigração e naturalização), recebi a minha permissão de permanência, a qual é válida até março de 2012. Depois desse período de um ano, o IND irá reavaliar o meu próximo pedido de permanência e ampliá-lo, caso tudo esteja nos conformes, para mais cinco anos e depois blablablá até o ponto em que terei de optar pela cidadania holandesa (abrindo mão da brasileira) ou por um visto de permanência por tempo ilimitado. Veremos esse detalhe cabuloso no seu devido tempo porque quem morre de véspera é peru. Hoje é dia feliz porque saí do limbo (meu passaporte tinha uma estampinha provisória de seis meses) e devo portar mundo afora a minha carteira de identidade de estrangeira.

E dentro de duas semanas, a prefeitura de Diemen emitirá o meu sofinummer (número social e fiscal, algo como o nosso CPF). A vida só passa a acontecer quando se tem esse número: aquisição de plano de saúde, conta bancária, retirada de remédios com receita etc. Enfim, os tamancos aqui se arrastam, mas andam.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Mania nacional







Holandês tem obsessão por jardinagem. Com o início da primavera e até bem antes, as pessoas por aqui já estão preocupadas com a grama a ser plantada, as sementes, os bulbos e afins, as ferramentas, os adubos etc. Quem mora em casa (com jardim e/ou quintal) parece ter o dever moral e cívico de deixar tudo arrumadinho, colorido, bonito. E nem acho que seja obrigação, não: a primavera aqui realmente é linda e parte dessa beleza vem desse zelo individual.

Pensando bem e deixando um pouco a implicância (um dos meus hobbies) de lado, é bastante compreensível que um país cujo céu na maior parte do ano é cinza, se prepare com tanto empenho para esse colorido todo que vem por aí -- aliás, a florada já está começando. A partir de agora até o verão, as pessoas começam a passar mais tempo fora de casa e aproveitar um solzinho no jardim/quintal enquanto se lê um livro, come e bebe com a família e os amigos não é nada mal, convenhamos.

Mas coitado de quem mora em apartamento e tem de se contentar apenas com as flores nas varandas e com vasinhos nos parapeitos das janelas, não é verdade? Mentira. Descobri que aqui é possível para esses desafortunados alugar lotezinhos de terra em uma espécie de clube para os Sem Jardim (o nome não é esse, claro) e mandar ver nos fins de semana, realizando o desejo atávico que as criaturas têm de mexer na terra. Cada doido com a sua terapia.



terça-feira, 22 de março de 2011

Nosso huisarts

Ontem foi a nossa primeira visita ao huisarts (médico da família, em uma tradução aproximada). Na verdade, Mariana e Paul tinham hora marcada e eu fui junto porque de lá seguiria com ela para a escola.

Durante o tempo em que estive estudando para o exame de integração, dei umas fuçadas em inúmeros fóruns aqui na net, nos quais pessoas relatavam suas experiências com o famigerado teste e também falavam de outros aspectos da vida na Holanda. Um dos que mais me impressionou foi a questão da saúde: de 10 pessoas que falavam dos seus médicos da família, nove davam informações negativas, tais como: eles só receitavam paracetamol para qualquer tipo de doença, não examinavam direito etc. Por conta disso, fiquei com o pé atrás. Sem contar que houve um caso de tremenda barbeiragem na família também (falo um pouco sobre ele aqui). Ah, e a cereja do bolo: o exame nosso de prevenção, também conhecido como Papanicolau III (desculpem, mas não resisti), que no Brasil é feito todo ano, aqui é feito a cada cinco! Enfim, medo, muito medo.

O esquema da saúde aqui funciona mais ou menos assim: cada pessoa tem de ter um seguro de saúde, pago do próprio bolso -- menos as crianças, que são dependentes do seguro dos pais sem custos, isso até os 18 anos. Pois bem, daí você, com o seu planinho, vai escolher seu huisarts (geralmente as pessoas escolhem em função da proximidade de onde moram, uma vez que, em casos de emergência, o huisarts atende a domicílio; huis quer dizer casa em holandês, tcharam).

Então, fica assim: se você sente uma dor, uma indisposição qualquer, marca uma hora no consultório do médico da família e, dependendo da gravidade, ele/a te encaminha para um especialista; caso seja algo simples, a criatura médica resolve por lá mesmo. Com relação à medicação, o bom é que ela é coberta pelo plano de saúde. A grande diferença com relação ao Brasil é que a pessoa só vai direto para o hospital em casos realmente graves: acidentes automobilísticos, ataque cardíaco, fraturas, por exemplo.

Sim, porque atualmente no Brasil (e isso para quem não depende do SUS), qualquer coisinha já se corre para uma emergência. As emergências dos grandes e bons hospitais viraram uma coisa de doido. Claro que chegam casos realmente graves, mas cansei de ver gente ido para a emergência (adulto) só porque estava com febre e dor de cabeça! Já fui uma vez na emergência de um hospital grande, próximo da nossa casa em Recife, porque estava, havia nove dias, com uma dor de cabeça medonha e o médico de plantão me receitou um relaxante muscular, sem ao menos solicitar uma tomografia, isso porque eu falei que estava passando por um grande período de stress. Quer dizer, você tem a falsa sensação de que está sendo assistida, não é verdade? E a verdade maior: saúde, mundo afora, virou businness mesmo...

Mas voltando para o huisarts -- não, definitivamente não sou uma pessoa de 140 caracteres... --, tive uma ótima impressão do dr. G., que foi muito simpático, conduziu a consulta em holandês e inglês, receitou remédio que não paracetamol para a pressão de Paul, solicitou uma visita ao oftamo para Mariana e outra para Paul (nefrologista). E também me falou que a consulta pediátrica aqui, em caso de a criança ser saudável, é feita a cada dois anos. Mariana ia à pediatra de seis em seis meses... Enfim, são algumas diferenças metodológicas que precisamos assimilar, uma vez que a coisa aqui funciona assim e ponto.

O pensamento que tem ocupado a minha cabeça é tentar parar de comparar as coisas e procurar perceber a lógica de cada situação. Por exemplo: Mariana ia à pediatra (que adoramos!) a cada seis meses, é verdade, mas muitas vezes eu não tinha nada a perguntar, estava tudo sob controle e o que saía, era resolvido via telefone. Quer dizer, a coisa aqui não é tão absurda, né? (Menos o Papanicolau, que eu não engulo, e que o dr. G. vai ter de explicar beeem direitinho).







(Um médico da família sabe um pouco de muitas coisas; Um especialista sabe muito de poucas coisas; Eu sou um super gênio porque de nada, sei tudo). Tradução minha. ;)




segunda-feira, 21 de março de 2011

Das coisas boas daqui



Mudar de país é algo complicado, especialmente quando a nova língua é difícil como o holandês -- se bem que qualquer pernambucano, depois de tomar uns gorós, fala o idioma fluentemente, corre a lenda nas ladeiras olindenses --, mas a verdade é que a língua requer estudo, muita prática, altas doses de cara de pau na hora de falar (no meu caso, que sou perfeccionista e, consequentemente, termino me cobrando em excesso em termos de correção) e paciência, muita paciência...

Em função da dificuldade com o idioma, muitos outros entraves surgem e todo dia é uma batalha a ser travada, novos códigos culturais a serem compreendidos e, muitas vezes, assimilados em nome de uma integração satisfatória. Nem tudo são flores como pensam aqueles para quem o simples fato de morar nas Zoropa é o máximo. Vão vendo...

Apesar das dificuldades, claro que existem coisas legais: são elas que nos fazem ver o outro lado, a compensação para o desgaste e o desamparo que muitas vezes nos acometem. Sei que não somos os imigrantes padrão. Saímos do Brasil deixando para trás uma vida estruturada, nosso apartamento, família, amigos e as nossas muitas comodidades de classe média. Encaramos este desafio ambos com mais de 40 anos, e com uma criança de 7, as coisas não são simples. Parto diário, às vezes de fórceps, mas falo sobre isso depois.

Hoje, a exemplo do fim de semana, o dia está lindo, 8°C, céu claro, as flores já nascendo, a primavera chegando. A cidade e as pessoas sorriem, o sol tem esse poder por aqui: abrir caminho em meio a sisudez. E esse fim de semana foi especial por um motivo: alargou a minha percepção acerca de uma desconfiança, uma cisma minha, que se mostrou correta.

No último novembro, fiz um post sobre o dia de Sinterklaas e dentre os comentários, um meio irônico dizia que a comemoração era "animada". A minha resposta de então tem a ver como essa confirmação sobre a qual falo acima.

Vamos lá. Ontem, 13°C, eu e Paul decidimos que não iríamos muito longe, afinal, passamos o sábado batendo perna o dia inteiro:



Além de fazermos compras, fomos para um parque perto da divisa de Diemen e Amsterdam e depois, com nossa cunhada e sobrinhos, encaramos mais uma sessão de criancinhas atacadas no Amstelpark, em Amsterdam (foto acima). Então, no domingo queríamos mais era descansar. Mas quem disse que uma criatura de 7 anos quer saber disso? E aí está o ponto.

Atividades de Mariana no domingo: uma hora de Wii, estudo de matemática (ela adora), pintura com tinta guache (arte em toda parte da casa, céus...), visita ao canal para alimentar patos, pombos, galinhas d'água, gaivotas e quem mais chegar, ida ao kinder boerderij (fazendinha para crianças, que fica bem perto daqui de casa), jogo de amarelinha com o pai (que pulou pela primeira vez) e patinação no estacionamento do Sporthal em frente do nosso apartamento. Tudo isso a custo zero, pertinho, seguro, bem infância mesmo. Coisa que eu, com quase 44 anos, tive na minha infância no Brasil, mas ela, com certeza não teria. E deixo de lado a questão da violência. O meu insight é com relação à obsessão consumista que se vive hoje no Brasil: criança só se diverte em shopping, com coisas muito sofisticadas (e caras), tudo isso reforçado por uma publicidade irresponsável, que vai incutindo, desde cedo, a coisa do consumo desenfreado.

Nossa filha também viveu um pouco disso no Brasil, claro, mesmo com o nosso esforço em mostrar que as coisas não precisavam ser daquele jeito. Aqui, felizmente, podemos adequar nosso modo de pensar ao que acontece ao nosso redor. Claro que aqui tem consumo, as crianças e adolescentes gostam praticamente das mesmas coisas que no resto do mundo, mas não é essa onda de ter tão imperiosa. Fico feliz que seja assim.


domingo, 20 de março de 2011

Blogar ou não blogar








Alguém ainda lê blog? Essa é uma pergunta que venho me fazendo há um bom tempo e que talvez justifique um pouco o abandono deste blog. Nunca passei muito tempo sem atualizar o Leite de Cobra e agora lá vão quase quatro meses sem que eu faça uma postagem. Além da rotina corrida, do Facebook, que aqui mesmo eu disse um dia que não curtia, mas que hoje virou minha referência para entrar em contato com todos os amigos (os virtuais e os que ficaram no Brasil), tem a coisa da preguiça de escrever, confesso. Por mais que me seja irritante reduzir o que quero dizer em 140 caracteres -- não, não aderi ao Twitter: uma simples postagem no FB não pode exceder esse número, caso contrário, vira nota --, acredito que síntese é a palavra da hora, para o bem e para o mal.

A interatividade de outras ferramentos é outra razão que também me levou ao quase abandono deste blog. Sim, porque aqui na blogosfera tem a questão da "etiqueta" entre os blogueiros que já me irritou tanto: as pessoas comentam seu blog esperando que você comente no delas. Aí você acessa o blog, lê posts imensos e perde horas e horas na net como se não existisse mais nada no mundo a ser feito. Ao mesmo tempo, não conheço ninguém que escreva para não ser lido e comentado, de preferência, porque a menos que você fique monitorando esses sites que medem a frequência dos blogs para saber o número de acessos, sempre se quer saber a opinião de quem nos lê. Já com outras redes sociais, a interação é mais rápida, você pode, mesmo sem escrever grandes comentários, assinalar que leu e gostou de algo. Enfim, essas são algumas pistas do meu sumiço.

Vou tentar não abandonar o Leite de Cobra, sobretudo porque ainda disponho de tempo em função do processo de imigração -- sim, ainda estou nele, fazer o basisinburgeringexamen foi só o primeiro passo, vou comentando aos poucos o processo -- e tenho muitas coisas legais (outras não muito) para contar. Vamos ver como será retorno.

Um bom domingo para todos. Aqui são 9h25 de uma manhã ensolarada (4°C com sensação de 2.1°C).