quinta-feira, 31 de julho de 2008

As time goes by...



Uma das vantagens do passar dos anos é o aumento da minha capacidade de resolver problemas. Dos outros.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Cegueira



Vejam a emoção de Saramago ao assistir à adaptação para o cinema do seu romance Ensaio Sobre a Cegueira, que a gringalhada está chamando de Blindness, pelo nosso Fernando Meirelles.





Um dos meus escritores favoritos. Ever.

Acho um abuso isso de Blindness! Se o autor é português, o romance pertence à Literatura Portuguesa e o diretor é brasileiro, por que raios o filme não é Cegueira, ora pois?!

Céu de brigadeiro






Depois que tiveram a péssima idéia de fazer brigadeiro em copinho, ir em festa de criança perdeu a graça. Blé.

Blogagem Coletiva






A Semana Mundial da Amamentação começa na próxima sexta-feira, dia 1º de agosto, e vai até o dia 7.
Convido todos que freqüentam o Leite de Cobra e que possuem blog, flog ou qualquer página na internet a participar: as mulheres contando suas experiências e os papais também, claro, pois o apoio e a compreensão são fundamentais.
Caso você não tenha filhos, isso não te impede de participar haja vista a importância do tema.

A minha participação deve ocorrer na sexta ou no sábado, dia 2.
Cole o selo da Blogagem Coletiva na sua página e comece já a divulgar esse evento tão importante.

Amigo é casa






Amigo é feito casa que se faz aos poucos
e com paciência pra durar pra sempre.
Mas é preciso ter muito tijolo e terra,
preparar reboco, construir tramelas.
Usar a sapiência de um João-de-Barro,
que constrói com arte a sua residência.
Há que o alicerce seja muito resistente,
que às chuvas e aos ventos possa então a proteger.

E há que fincar muito jequitibá
e vigas de jatobá e adubar o jardim,
e plantar muita flor, toiceiras de resedás.
Não falte um caramanchão, pros tempos idos lembrar,
que os cabelos brancos vão surgindo
que nem mato na roceira que mal dá pra capinar

E há que ver os pés de manacá cheinhos de sabiás.
Sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis, choro de imaginar.
Pra festa da cumieira não faltem os violões,
muito milho ardendo na fogueira
e quentão farto em gengibre aquecendo os corações.

A casa é amizade construída aos poucos
e que a gente quer com beira e tribeira.
Com gelosia feita de matéria rara
e altas platibandas, com portão bem largo
que é pra se entrar sorrindo nas horas incertas,
sem fazer alarde, sem causar transtorno.

Amigo que é amigo, quando quer estar presente,
faz-se quase transparente sem deixar-se perceber.

Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar,
se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer.
Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha
e oferece lugar pra dormir e comer.

Amigo que é amigo não puxa tapete,
oferece pra gente o melhor que tem e o que nem tem.
Quando não tem, finge que tem,
faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão.

(Capiba e Hermínio Bello de Carvalho)

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Porque hoje amanheci com saudade dela.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Reforma ortográfica



O que era um subtema do post de ontem, Curtinhas, virou um tema bem legal para discussão, pois envolve um assunto do nosso interesse: a Reforma Ortográfica, que entra em vigor a partir de 2009. Como temos leitores portugueses no blog, creio que a discussão fica ainda mais interessante.
Para pegar o fio da meada, leia no post abaixo, Curtinhas, o tópico que gerou a discussão, e nos comentários também.

Ale, de Portugal, disse:

É verdade, Kênia. O que mais me revolta é isso mesmo: o meu país insistiu nesse acordo e ratificou-o. Mas o principal aqui, foi que esta insistência se deveu ao facto de países africanos e o Brasil quererem que isso avançasse. O Brasil estava com dificuldades em penetrar no mercado africano, todo ele um mundo por explorar, um
verdadeiro diamante por lapidar. E sabe-se que a principal dificuldade prendia-se com a língua e com a escrita.
Os africanos escrevem (quando temos a sorte que isso aconteça) em português lusitano, e os produtos culturais brasileiros têm pouca saída lá. Em troca, venderam a banha da cobra aos portugueses e prometeram que as nossas coisas se vão vender mundo afora, etc. Isso tudo é um mito! Saramago sempre vendeu em PT-PT, Fernando Pessoa idem, Lobo Antunes ibidem. A música portuguesa não deixará de ser o que é, o PT-PT continuará a ser falado com o mesmo sotaque. Nada muda! Só a nossa forma de escrever para que o Brasil penetre em África.

Isso vem ainda na sequência dos acordos comerciais e das parcerias que o Brasil pretende ampliar com os africanos. Ou achas que a última CPLP, de há menos de uma semana, beneficiou Portugal? Por algum motivo os brasileiros tinham muito interesse nisso. O Brasil está a ficar cada vez mais esperto e Portugal, para minha tristeza, cada vez mais estúpido e submisso. Chegou a vez do Brasil nos vender os pichebeques e levar o ouro. África significa muito dinheiro, desde o petróleo, até ao mercado cultural. Portugal já significou a ponte que pode ligar o Brasil a África. Agora, aos poucos, o Brasil faz a sua ponte e um dia deita abaixo a ponte lusitana. É triste, mas o meu país é mesmo estúpido...



Pelo que você escreveu, Ale, fica a impressão que o Brasil, o neo-imperialista, buscou essa Reforma para tirar vantagens comerciais de Portugal e África. Só que não partiu do Brasil a iniciativa da unificação e adiamos a assinatura por bastante tempo, esperando a decisão dos demais países, especialmente de Portugal.

A sua exposição mais parece uma projeção: o que Portugal fez em termos de colonização (e conseqüente exploração) é agora motivo de crítica e mágoa nacionalista. É a encarnação da antiga personagem portuguesa que, vivendo de um passado de glórias e ao mesmo tempo ciente da perda do poderio imperial, assume uma postura saudosista, que mistura revolta, tristeza e soberba intelectual.

Ora, a língua é um dos aspectos que confere soberania a uma nação, mas isso não a torna (a língua) propriedade exclusiva dessa mesma nação. Se assim fosse, vocês teriam de ser ver com os remanescentes romanos, pois o português, sendo a Última Flor do Lácio, é fruto das inúmeras modificações que o latim sofreu, na forma do sermus vulgaris, até se tornar a língua portuguesa. A Inglaterra teria de tomar satisfações ao inglês falado nos Estados Unidos, mas não sem antes prestar contas aos descendentes dos celtas, francos e germânicos, que foram a base do idioma inglês. Exercício estéril e sem cabimento cujo objeto, posto que cultural, não pode ser reivindicado da mesma forma que o espaço aéreo ou marítimo de um país.

Grosso modo, por entender que a língua é um organismo vivo e em constante evolução, sou contrária a essa unificação. Pode ser purismo da minha parte, mas creio que esse caráter libertário da língua enquanto processo é o que a torna única, rica e refletora dos momentos culturais, antropologicamente falando, de um povo.

Por outro lado, não acho de todo negativa a tentativa de unificação a que se propõe o acordo. No mundo globalizado de hoje, unificar significa simplificar, quebrar barreiras, conciliar. Para se ter uma idéia, na Holanda, o idioma é constantemente modificado em termos ortográficos para que se aproxime cada vez mais do padrão falado. E olhe que o alcance do holandês é mínimo comparado com a nossa língua, que é falada por aproximadamente 200 milhões de pessoas.

Prejuízos todos os países de língua portuguesa terão. Um exemplo: a revisão dos livros didáticos e paradidáticos visando a adequação às novas regras. Além dos gastos nos cofres públicos, essa conta será repassada para quem compra livros, ora essa.

Considero argumentos assim perigosos porque exacerbam sentimentos de rivalidade entre países que têm muito em comum, independente da unificação da língua. Eles incitam comparações, velhas mágoas e retaliações que não levam a nada. Todos nós sabemos a força cultural que o Brasil tem: nossa literatura, música, cinema, enfim, o que se produz no Brasil em termos gerais de arte é destaque mundo afora. Isso é fato. É natural, então, que o Brasil tenha mesmo interesse em se expandir mais ainda culturalmente, que mal há nisso? Da mesma forma, haverá a contrapartida para as literaturas, música, cinema etc. dos demais falantes da língua portuguesa.

Não estou com isso querendo dizer que o Brasil é melhor ou pior do que Portugal, apenas que, vendo por um outro ângulo e independentemente da minha opinião sobre a Reforma, a unificação pode ser um movimento positivo rumo a uma maior interação entre os falantes da língua portuguesa.

Update:

MEC: em 2013, nova ortografia será obrigatória

RIO - As novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa serão obrigatórias no Brasil, em caráter definitivo, a partir de 1 de janeiro de 2013, como mostra matéria publicada nesta terça no jornal O Globo. Haverá um período de transição: de 2009 a 2012 valerão tanto as normas atuais quanto as novas. É o que prevê minuta de decreto preparada pelo Ministério da Educação e que será analisada nos Ministérios da Cultura e das Relações Exteriores antes de seguir à Casa Civil.

Leia o resto da matéria aqui.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Curtinhas



* Por que no fim de semana tudo que a gente tenta esquecer e evitar durante a semana inteira parece mais tentador ainda? Uma picanha não é só uma picanha, um crepe não é só um crepe: eles adquirem um apelo bem peculiar, que beira a obscenidade.

* Tem dias que quase me convenço de que sou uma mulher-fruta: limão é o meu nome.

* Essa reforma ortográfica não me agrada nem um pouco. Difícil aceitar a vida sem tremas, sem acentos diferenciais... Mas o hífen, que é bom, continua firme e forte a atormentar...

* Não deixo de me admirar com coisas que tempos atrás poderiam me tirar completamente o chão e hoje só me fazem ter vontade de seguir adiante. São as famosas voltas que a vida dá...

* Possibilidade de Paul passar um mês a trabalho na Venezuela. É, o navio negreiro singra em outros mares. Mas, por pouco tempo. ¿Porque no te callas?

* Continuo procurando maneiras de azucrinar o vizinho de cima. Sei que isso não é uma energia que flui, nem precisam me dizer. Ao invés, contribuam com idéias malignas - a das vassouradas no teto não vale.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Livros, livros e livros






Os Correios acabaram de entregar o meu sossega-leão: uma caixa recheada com dez livros! F-E-L-I-Z!
Na maioria são clássicos que estavam na minha lista desde sempre, títulos que considero indispensáveis - faltam tantos ainda...
São eles:

Assim Falou Zaratustra - Nietzsche
Os Miseráveis, volumes I e II - Victor Hugo
O Processo - Kafka
Crime e Castigo - Dostoievski
Orgulho e Preconceito - Jane Austen
Vestido de Noiva - Nelson Rodrigues
O Livro da Mitologia (História de Deuses e Heróis) - Thomas Bulfinch
O Dia da Tempestade - Rosamunde Pilcher
Por que os Homens Fazem Sexo e as Mulheres Fazem Amor? - Allan e Barbara Pease

A escolha dos três últimos foi só para fechar em dez mesmo, já que não tinha mais nada que me interessasse muito.
E o melhor de tudo: o preço! Teve dois mais baratos, mas os demais custaram 9,90 cada e o frete foi grátis. Bom, hein?
Mas vão ter de esperar um pouco porque, no momento, estou lendo (e adorando!) Civilização Ocidental, Uma História Concisa, de Marvin Perry, que tem 677 páginas, fora os mapas e ilustrações. No entanto, longe de ser moroso e cheio de informações enfadonhas (o que me faz correr dos livros de História!), a leitura flui que é uma beleza, recomendo!

Gostaria de perguntar duas coisas a vocês: O que estão lendo e o que está nas suas listas de espera.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Cena urbana



Em plena luz do dia, eu e Paul entramos numa rua pequena, estávamos no carro, vidros fechados, por via das dúvidas.
De repente, fomos parados por cinco homens vestindo calças e camisetas pretas, sem nenhum distintivo, que se apresentaram como policiais. Um deles tinha notas de dinheiro na mão, dobradas como fazem os cobradores de ônibus (ou pelo menos faziam). Ele, o das notas, olha para nós com um sorriso auto-explicativo...

Paul saiu do carro, tranqüilizou-me e foi para o outro lado da rua, conversando com um dos homens. Tive medo que ele esboçasse alguma reação, que se indignasse, protestasse ou algo que o valha. Nessas horas, o melhor argumento é não tê-los.

Fiquei perto do carro, na calçada oposta, quase dentro de uma garagem que servia de escritório para a turma do pedágio. Do outro lado da rua, Paul estava sem camisa, acho que sendo revistado. De repente, ouço vozes que se alteram dentro da garagem: um outro homem, também sem camisa, parece ter dito ou feito algo que contrariou os policiais. Um tiro é disparado por um dos de preto. Eu me jogo no chão e perco Paul de vista.

Esse foi o meu sonho da madrugada de hoje. Do jeito que as coisas vão, em breve deixará de ser.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Parto normal ou parto cesareano?



Não é nenhuma novidade que no Brasil os partos cesáreos são numerosos e, na maioria das vezes, desnecessários.
Eu conheci uma criatura que preferiu programar o nascimento do filho porque não queria que ele corresse o risco de nascer sob um determinado signo zodiacal... Sem comentários, hein? Também existe o fator comodidade que faz com que muitos obstetras convençam a futura mãe de que a cesárea é melhor - assim eles não precisam ficar ao lado da paciente por horas a fio no trabalho de parto porque, afinal, time is money e, nesse intervalo, ele poderia fazer mais uns três partos.

Não estou aqui defendendo o parto normal nem o cesáreo. Quando estava grávida, eu quis que minha filha viesse ao mundo de maneira natural (com analgesia, for Christ sake!), mas não deu. Apesar de ter engravidado aos 36 anos, tive uma gravidez calma e saudável, malhei até o oitavo mês - inclusive fazendo exercícios abdominais específicos para fortalecer a área para a hora do parto -, mas não deu, paciência. Eu não tive dilatação alguma, já estava com 40 semanas, o bebê encaixado e pronto para vir ao mundo. Questionei a minha obstetra e ela disse que sim, que poderíamos esperar. Mas também mencionou que minha filha poderia entrar em sofrimento. Ponto para a cesareana. Não cogitei mais nada, tomei a decisão e pronto.

No dia 9 deste mês, nasceu nossa sobrinha Alice, na Holanda. Nasceu com 4 quilos e 700 gramas, uma menininha fofa com cara de bebê de dois meses. E de parto normal. M-E-D-O! Mesmo para uma mulher grande (que não é o caso da minha cunhada, que creio não ter nem 1,55), um bebê de quase 5 quilos é muita coisa. A despeito de todo
sofrimento, meu cunhado questionando sobre a possibilidade de uma intervenção cirúrgica, os médicos (precisou de mais de um!) disseram que iam esperar mais. Enfim, nasceu Alice, de parto normal. Está fazendo fisioterapia porque ficou com um bracinho machucado no trabalho de parto - não consegue dobrar o cotovelo -, e os fisioterapeutas ainda vão ver como isso vai ficar. Até bem pouco tempo, a mãe estava de cama, ainda se recuperando. Faz doze dias que Alice nasceu.

Aí eu pergunto: isso é um parto normal? Claro que qualquer um pode dizer que antigamente as crianças nasciam assim, eram muitas numa mesma família e tudo bem. Não é bem assim. O índice de mortalidade materno-infantil era alto, as conseqüências para as mães muitas vezes eram definitivas - que tal ter incontinência urinária forever? Se a medicina evoluiu para tudo, por que a persistência em situações que não trarão benefícios para ninguém? Porque para quem defende o parto normal a ferro e a fogo deveria também ser natural continuar utilizando a sangria como processo de cura. E com sanguessugas, de preferência.

Toda mulher tem medo das dores do parto, mas isto não é impedimento para o parto vaginal. O medo, qualquer que seja ele, pode ser trabalhado. Existem exercícios físicos, técnicas de relaxamento, enfim, muitas maneiras de suavizar um parto normal, dentre elas, claro, a utilização da anestesia. Mas e se, com isso tudo, a mulher não quiser parir assim? Da feita que ela tem o poder de decisão sobre o próprio corpo, por que a discriminação, a cara torcida, o espanto quando ela opta pela cesareana?

Do mesmo modo, se a mulher quer ter um filho por vias normais, que tenha. As vantagens são inúmeras: o leite desce mais depressa, a recuperação física da mãe é bem mais acelerada, tem o empoderamento etc. etc. E sobre a dor? Todas elas dizem que foi tremenda, mas que se esqueceram. A natureza tem seus mecanismos que facilitam a reprodução da espécie e é sábia.

O que não acho nada legal são os xiitas defensores do parto normal a qualquer custo, que te olham como uma mãe menor porque você não sentiu as dores do parto. E que muitas vezes conseguem incutir nessa mãe o sentimento de culpa por não ter conseguido - mal sabem eles que parir não é nada perto do que vem pela frente... Tudo é uma questão de equilíbrio e isso é o que falta a essas pessoas.
Afinal, desde quando sentir dor é coisa boa, meu povo? Isso tem cara de castigo: desfrutou do sexo, aquela coisa suja - e nas palavras da finada Dercy Gonçalves, com cheiro de água sanitária -, agora que sofra com a dor do parto, a conseqüência. Eu, hein, berimbau.

Ninho de Cobra



Novas fotos no Ninho de Cobra, dê uma olhadinha e se a sua foto ainda não está lá, mande para o meu email.

sábado, 19 de julho de 2008

Batman: The Dark Knight






Inevitável pensar aonde você poderia ter chegado...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Satiagraha se você for pobre...



Está todo mundo se rasgando com a tal Operação Satiagraha, que mais parece nome de cachaça. Minha caixa postal pulula com emails sobre o caso, a opinião de A, B, C e D sobre a vergonha, a corrupção e o poder de Daniel Dantas. Sobrou até para o homônimo ator, que teve seu rosto estampado nas páginas de um jornal italiano. E tem gente que está fazendo apostas: se a lama vai respingar em A, B, C ou D, ou em todos juntos.
Meu povo, minha gente, prestem atenção: vocês já viram antes (durante e depois), na história desse país, crime do colarinho branco - ou qualquer outro crime que envolva quem tem dinheiro - dar em alguma coisa? Vamos cuidar das nossas vidinhas, plantar uma árvore, fazer um filho e escrever um livro que é mais negócio.

Dos ódios que tenho (e dando mote pro Nei)



Outra coisa que não me afofa a alma:

Cinema + Pipoca + Ruminante.

Esqueceram de ensinar pras bestas-feras que comer pipoca com a boca fechada também é possível. Ó-d-i-o!
Por algum tempo, junto com aquele lembrete de antes do filme que fala da brigada de incêndio e pede pra desligar o celular (coisa que pouca gente faz), tinha uma recomendação sobre mastigar pipoca com educação, mas durou pouco. O cartel dos vendedores de combos deve ter protestado.


Update: E você, amado(a) leitor(a), costuma se irritar com que tipo de comportamento alheio? Aproveite e desabafe porque reclamar é preciso.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Detesto gente boazinha...



Eu queria ser uma pessoa do tipo que releva, que oferece uma flor a quem já me deu porrada, mas, infelizmente, não dá. Admiro, meio desconfiada, quem é assim, mas penso que, no fundo, tudo não passa de orgulho - sentir-se superior e bom (e a opinião alheia endossar isso) é bacana, né? No fim, acho que a canalhice empata: a de quem sacaneia com a de quem joga pra platéia bancando o boa gente.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Das perdas e ganhos



Sim, já tive muitas perdas. E cedo. Foram profundas, covardes, desproporcionais.
Daquelas que tiram o ar, o chão, a lógica do pensamento, o centro e tudo que estava ao redor.
Reconstruir a partir do que sobrou é doloroso, muitas vezes parece impossível. O depois, quando quer que seja, sempre vem e os sentimentos se aquietam e pacificam. Afinal, quem sobrou, quem ficou para trás, precisa sobreviver sempre e a cada dia. Aí chega um momento em que as dores não são mais tão fundas, as lágrimas já não
vêm com tanta freqüência e descontrole, e a solidão virou mais um lugar de silêncio, lembranças e quietude do que de angústia e desamparo. Com essas mudanças, você vai percebendo que já não há tanto a temer e, no fim, nada mais te prende: a liberdade chegou por uma porta que não se supunha possível.
E não falo apenas da morte porque muito se perde para a vida também.
Hoje minha bagagem está mais leve, tudo de que preciso está guardado dentro de mim e o que perdi não me faz falta. Abrir e fechar portas se tornou um ato tão corriqueiro que muitas vezes me espanto por não olhar mais para trás. E não me arrependo por isso, mas nem sempre foi assim.

domingo, 13 de julho de 2008

Ainda não foi dessa vez...






Psiu, se você for alvirrubro, nem precisa se identificar. Uma imagem vale mais que mil palavras...

sábado, 12 de julho de 2008

Lei é seca; nós, não



As Blitze estão comendo no centro da minha, da sua, da nossa Recife. E com toda razão: o trânsito é um dos maiores causadores de mortes no país e por trás das estatísticas a ele vinculadas, o álcool quase sempre está presente. Definitivamente, direção e bebida não combinam.

Ontem e hoje as ruas estão em operação-padrão: bafômetro em punho e caneta na mão, a polícia não está para brincadeira - pro toco pode ser que ainda não -, mas a verdade é que as pessoas estão pensando duas vezes antes de arriscar. Nós hoje vamos de táxi porque bebemos mais do que um copo de cerveja.

Fico pensando na nossa cidade, cheia de pontes e mangues e de uma bandidagem nada besta. A demanda por táxis madrugada afora aumentando e neguinho se organizando para desorganizar: assaltar táxi com mané bebum (porém consciente) vai virar negócio rentável para a malandragem. Que a (in)Segurança do Estado de Pernambuco atente também para este detalhe que me parece óbvio. Mas como sempre o óbvio nunca é ululante o bastante para ser levado em conta antes que alguma tragédia aconteça, não custa sinalizar.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Um tapa no ouvidor de novela



Esses dias, sem TV a cabo, assisti a algumas novelas da Globo. Gente, que porcariada é essa, hein? Faz muito tempo que eu não acompanho nenhuma, mas elas já foram ótimas. Duas inesquecíveis para mim: Roque Santeiro e Vale Tudo - the best, ever!
Sem falar na canastrice da maioria dos novos atores e atrizes: até os veteranos não rendem quando contracenam com eles, um horror.
E vocês gostam, assistem ou lembram de alguma em especial?

terça-feira, 8 de julho de 2008

Vou ali e já volto



Meus bens, meus zens e meus maus, vou dar uma saída por uns dias, férias escolares, criança indócil em casa, aquelas coisas, sabem? Mas volto lá pelo fim de semana.

Antes de pegar a reta, gostaria que vocês me dissessem o que faz com que vocês não voltem a um blog.

Até logo.

sábado, 5 de julho de 2008

Aos pedaços



Sempre sinto uma tristeza tão grande quando vejo essa moça cantar...





Rock in Rio Madrid, 2008

Curupira - o insight



Do outro lado do mundo, Nei sempre me dá aquela força, resolvendo mistérios nunca antes por mim desvendados. Valeu, Nei! Besos.


Não se preocupa não, quem sabe você não tem uma presidenta da república em casa?
Olha a foto do Janio.
Besos!
Nei






Pra situar os amigos de outros países que nos lêem:





Curupira
(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)

O Curupira é uma figura do folclore brasileiro. Ele é uma entidade das matas, um anão de cabelos compridos e vermelhos, cuja característica principal são os pés virados para trás.

É um mito antigo no Brasil, já citado por José de Anchieta, em 1560. Protege a floresta e os animais, espantando os caçadores que não respeitam as leis da natureza, ou seja, que não respeitam o período de procriação e amamentação dos animais e que também caçam além do necessário para a sua sobrevivência e lenhadores que fazem derrubada de árvores de forma predatória.

O Curupira solta assovios agudos para assustar e confundir caçadores e lenhadores, além de criar ilusões, até que os malfeitores se percam ou enlouqueçam, no meio da mata. Seus pés virados para trás servem para despistar os caçadores, que ao irem atrás das pegadas, vão na direção errada. Para que isso não aconteça, caçadores e lenhadores costumam suborná-lo com iguarias deixadas em lugares estratégicos. O Curupira, distraído com tais oferendas, esquece-se de suas artes e deixa de dar suas pistas falsas e chamados enganosos.

Sendo mito difundido no Brasil inteiro, suas características variam bastante. Em algumas versões das histórias, o Curupira possui pêlos e dentes verdes. Em outras versões tem enormes orelhas ou é totalmente calvo. Pode ou não portar um machado e em uma versão chega ser feito do casco de jabuti.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Curupira






Não sei como Mariana conseguiu colocar a perna nessa posição...

terça-feira, 1 de julho de 2008

Cotas x meritocracia

o lado

Antes de expor minha opinião sobre as cotas para os negros nas universidades brasileiras, considero necessário assinalar a péssima qualidade do ensino público, tanto no nível fundamental quanto no médio. Com exceção de algumas ilhas de excelência, o que vemos é um verdadeiro sucateamento da escola pública, na qual a carência se dá nos mais diversos níveis: profissionais mal qualificados, infra-estrutura precária (um breve olhar nas escolas da Região Metropolitana da nossa cidade já é o suficiente para se ter uma boa idéia do que estou falando), falta de segurança e policiamento na própria escola e entorno, enfim, somados aos problemas de ordem educacional, estão outros, sérios e tão danosos quanto: os sociais.

Tornar a permanência das crianças na escola uma das condições para que as famílias recebam benefícios do governo foi uma boa iniciativa: melhor do que tê-las nas ruas, sem dúvida. Mas também considero essa freqüência, muitas vezes estimulada também pelo recebimento da merenda, um beco sem saída. As crianças vão para a escola, mas não aprendem. O que se cumpre da meta proposta se não há melhora no nível do ensino? Fica uma coisa pela outra, no final.

Levanto a questão da precariedade do ensino com o simples propósito de afirmar que quem padece com tal estado de coisas não é apenas o cidadão negro, mas o pobre, de maneira geral. Porque quem tem condições financeiras coloca os filhos em escola particular. Já se foi o tempo em que a escola pública era sinônimo de excelência. Nele, os filhos das famílias mais abastadas freqüentavam o ensino público, o diferencial era que, depois, os mesmos seguiam para a Europa para lapidar seus conhecimentos, ao passo que os outros, não tão abonados, caíam no serviço público.

Sou contrária às cotas para os negros nas universidades.
Ao invés de estabelecer como requisito um critério em si tão segregativo quanto o racial, o governo deveria se empenhar em melhorar efetivamente o ensino básico, de modo que apenas o mérito fosse a condição para o ingresso na universidade. Porque antes da cor da pele, o negro, na maioria dos casos, sofre por ser pobre, o que também não quer dizer que não haja branco, amarelo ou vermelho (como não sei a "cor" dos índios, vou pela alusão aos faroestes norte-americanos mesmo) nas mesmas condições. Sem contar com a complicação que é saber quem é negro no Brasil devido ao alto grau de miscigenação da nossa população - e isto é mais uma prova da imbecilidade desta política. Houve até um caso, com bastante repercussão, de dois irmãos gêmeos que pleiteavam vagas no sistema de cotas e apenas um deles conseguiu...

O exemplo de Ubirajara, o morador de rua que foi aprovado na maioria dos concursos que fez e que foi chamado para ingressar nos quadros do Banco do Brasil, é um exemplo do que é esmola e do que é mérito. Claro que ele é uma exceção, a maioria dos moradores de rua não tem o seu perfil e precisa, de fato, de outro tipo de ajuda
para vencer o alcoolismo, as drogas e o desamparo. Se ele vai ser discriminado no seu ambiente de trabalho? Talvez. Mas até onde posso alcançar, a pequenez se dará não pela desconfiança na sua capacidade intelectual, afinal, mesmo em condições adversas, o rapaz conseguiu mostrar inteligência, conhecimento e força de vontade.

O mesmo se pode dizer de alguém que ingressou numa universidade por causa da cor da pele? Claro que entre os cotistas há aqueles que, mesmo tendo freqüentado escolas precárias, procuraram aprofundar os estudos, preenchendo as lacunas em suas formações. Mas e os outros? Fatalmente ficarão para trás. Sei que há uma dívida social grande para com os negros no Brasil, mas a mesma também existe com relação à população que empobreceu no decorrer dos anos em que se brincava com a economia do país.

Enquanto o discurso da inclusão social persistir apenas maquiando onde mudanças efetivas, urgentes e ousadas são necessárias, distorções como essas só tendem a aumentar. Oportunidades iguais para todos, ensino de qualidade, aulas com começo, meio e fim, professores capacitados e escolas com o espaço físico que facilite o
processo de aprendizado dispensam cotas que fazem valer o indivíduo apenas pela cor da sua pele, numa prática que exacerba mais ainda o preconceito e a discriminação.



Update: Bruno comentou:

Temos que ter cuidado com a Verdade. Depois que Marx descobriu a Ideologia, a verdade não é mais absoluta. Depois veio Freud e descobriu o Inconsciente, e ela, a verdade, depende de cada um de nós. O ensino médio e o fundamental públicos ficarão melhores apenas quando àqueles que usufruem deles forem dadas condições de melhorá-los. A classe média e alta brancas (já que elas não existem de outra cor) têm mostrado não serem o grupo mais indicado para cuidar desses problemas, o que a realidade confirma, visto que seus filhos não frequentam o ensino público. Isto serve para a saúde também. Quem é esse Governo que não muda essa situação? Esse
Governo somos nós mesmos que formamos a classe dominante atual: brancos em sua acachapante maioria.
Toda essa verdade meritocrática nos é muito conveniente. Será que não existem outras verdades além dessa tão superficial que nos favorece? Será que alguém que sofre discriminação desde criança, que percebe desde pequenino nos olhos de seus pais, esse sofrimento de discriminação, possui as mesmas condições para essa comparação meritocrática? E a que se resume essa comparação: fazer contas mais rápido, escrever sob um certo padrão, decorar fórmulas químicas.
Abraços.
Bruno