sábado, 30 de agosto de 2008

Meu iaiá, meu ioiô...



Falando em verdade interior, no começo da semana, quando eu ainda não me encontrava no leito de morte do qual lhes escrevo, estava eu na academia, suando na esteira e a TV ligada no mavioso e instrutivo programa de Ana Maria Braga. Passava uma entrevista com um casal: ele, brasileiro; a moça, sul-americana também, mas não recordo o país. Conheceram-se numa viagem que ele fez aos Andes, ao Peru mais especificamente (sugestivo, não?).

Tinha ido em busca do seu eu interior, da sua verdade. Não, não queria encontrar o amor, a taça estava cheia, nas palavras dele. Já ela viajou com a intenção de arrumar um macho conhecer o homem de sua vida. E assim foi.

Aí, depois do filminho da viagem, Ana Maria começou a conversar com o casal. Perguntou à moça se ela estava trabalhando e em quê - estão casados há pouco mais de um ano e residem em São Paulo. A resposta dela foi sensacional: estou trabalhando meu eu interior. Adoro quem dá a cara-de-pau à tapa assim, em rede nacional, minha gente.

Daí que continuou o derramamento de amor pleno e transcendente, energia, predestinação, eus interiores e que tais. Uma viagem de mescalina, tão ligados? Num determinado momento, Ana Maria perguntou à moça quando é que viria um bebê. Ela nem piscou: agora nosso filho é o livro! (Eles estão lançando um livro com fotos da viagem e a história deles, claro).

Aí eu pensei lá com o meu top: ué, cadê a energia do amor que se concretiza com o fruto desse encontro que, como gralhava Tetê Spíndola, estava escrito nas estrelas? Pois sí... La plata, mis hijos, la plata nel pie del cipa. Sem ela, as coisas não fluem nem transcendem. Nem a pau. Nem no Peru.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Diário de uma (quase) moribunda



Por mais que marido e filhota afofem, nessas horas eu queria mesmo era estar debaixo das asas da minha avó. Junto dela tudo parecia menos doloroso e difícil. Nem dá pra notar que eu estou carente, né? Doença é uma merda mesmo, transforma a gente em manteiga derretida. Se Vizinho de Cima me desse bom dia, perigava até eu responder, acreditam nisso? Preciso me recolher do mundo para manter a minha fama de má.

Noite de cão essa que eu tive. Mas o melhor mesmo é a minha aparência: cara de boi lambeu, olhos vermelhos e remelentos, nariz escorrendo, cabeça doendo, olheiras - só não mau hálito porque assim também é demais! -, e ainda por cima, fanha. Ai, ai. Realmente meu marido me ama porque se eu fosse ele, já tinha corrido.

E o melhor do melhor é isso: levar bronca de Mariana porque saí da cama e vim pro notebook. Estou perdida, todo mundo manda em mim! E é tão engraçado ouvir as coisas que ela diz, igualzinho como faço quando ela adoece: Mãe, você precisa tomar muito líquido pra ficar hidratada ou Mamãe, pára quieta e tenta relaxar. Ainda mato de tanto apertar.

E a minha pressão, que já é baixa, despenca ladeira abaixo. É bom que eu tenho visões, comungo com as energias do Universo e percebo a Verdade intrínseca do meu ser. Ah, sim, e dialogo com o meu Eu interior.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Curtinhas



* No início da semana, a garganta coçava e eu achando que era por causa do melão (a fruta!) - sou alérgica, mas às vezes não resisto. Que nada, depois de uma noite agoniada, acordei hoje com uma virose(?) seguida de conjuntivite. A cabeça explodindo só pra provar a mim mesma que eu resisto. Espero pelo menos perder um mísero quilo (atualmente, faltam só quatro).

* Falando em virose, tudo quanto é diagnóstico inconclusivo é virose, não é, minha gente? O cara passa seis anos mais uma residência estudando medicina pra sair com uma pulha dessas... Mas isso não é primazia deles, não. Até a equipe fodona do fodão House tem a sua virosezinha de cada dia: sarcoidose! Já repararam? Em toda tentativa inicial de diagnóstico, bingo! Sarcoidose! Prestem atenção. A diferença é que eles procuram e acertam no final. Só na ficção mesmo...

* O puto do Vizinho de Cima continua aprontando. Hoje de madrugada, como eu estava atacada mesmo, peguei o guarda-chuva tamanho família e mandei ver no teto. Num minuto parou. O meu problema é que sou civilizada demais, pheena demais. No dia que fico encaralhada e mando ver, num minuto tudo se resolve. Dias de fúria.

* E eu às voltas porque criaturinha desde o fim do semestre passado acabou a cartilha do ano inteiro. Com 4 anos e 6 meses começou a ler. Estou montando um esquema de apoio pedagógico em casa. Aceito sugestões. Tudo muito lúdico, sem forçar a barra. Livros paradidáticos, estou montando um livrinho de frases relacionadas ao cotidiano dela para leitura, exercícios de escrita. Aceito muitas sugestões.

* Só me digam por que o Estado, que deveria ser laico, leva em consideração argumentos religiosos na questão dos fetos com anencefalia. Pelo jeito, a patologia não se restringe aos fetos.

* Sábado passado aconteceu um fato aqui na minha rua, mas não estou em condições de escrever sobre ele agora, por causa da virose(?). Mas adianto que é um claro exemplo do papel social que o Estado não cumpre. Agora, apitar na vida alheia...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

As duas faces de Eva



Sim, certo, nós, mulheres, somos seres contraditórios. Aliás, o ser humano é, essencialmente. Mas nós caprichamos, reconheço. No entanto, uma coisa não deixa de me surpreender: o discurso de algumas companheiras de gênero, que não querem ser vistas como entidades meramente corporais. Ou seja, não se submetem ao estereótipo da fêmea atraente, magra, alta, caucasiana. Não, elas querem o direito de ter o corpo que têm e eu sou uma delas. Uma palavra: aceitação.

O ponto crucial, e o mais curioso também, é que algumas, as mesmas que se recusam a ter um corpo nos padrões midiáticos, de modo a competir com as sílfides do pedaço, apenas desviam o foco: querem ser as mais inteligentes, as mais antenadas, as mais politizadas, as mais sagazes, as tais, sabem como é?

Continuo acreditando no poder pacificador de um belo tanque de roupa suja. Ou, para quem gosta, sempre há a opção de uma boa noite de sexo.

domingo, 24 de agosto de 2008

Stick & Sweet






E no País de Gales, Madonna discretamente ajeita o o.b.®. Não, o Príncipe Charles não estava presente.

Vim, vi, venci






Pequim, eu fui.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Uma vida breve



Desde criança era diferente das demais. Segura de si, rebelde, gostava de chamar atenção, mas nem precisava porque ela toda era uma festa. Vê-la chegar de repente dava até vertigem.

E foi crescendo junto com a necessidade de afeição, de ser notada. Sua beleza seguiu de mãos dadas com a vaidade, com a teimosia e uma vontade sem freios. Como ela era linda! Pequena, rosto de menina, olhar malicioso, corpo de mulher que sabia como conseguir tudo, não importando quais fossem os meios.

Não tinha amigas, eram apenas as outras. E ela as ignorava, só via quem o seu desejo apontava. O resto lhe era transparente, invisível. Era uma fêmea fatal à primeira vista, mas, se observada com um pouco mais de atenção, ainda dava para perceber a menina em busca de alguma coisa inalcançável. Nesses poucos segundos de trégua, não havia como não sentir uma imensa ternura por ela.

E assim foi vivendo: sem regras, sem concessões, sem relutâncias. Teve tudo que quis. Despertou raiva, paixão, ciúme, inveja, mas desconfio que amor, não.

Com menos de 30 anos, foi encontrada morta. Um tiro no peito.

E todos que tiveram o seu amor inconseqüente, o seu desprezo e a sua indiferença silenciaram. Não se chocaram, não lamentaram. Essa calada aceitação diante do fato era reveladora, dispensava palavras. Ela teve o que mereceu, disseram os menos hipócritas sem, no entanto, serem mais corajosos. Coragem mesmo teve ela de viver à sua maneira desenfreada, marginal, impetuosa.

E, de algum lugar, ela ainda parece sorrir como se tudo fosse possível.


Para Tatiana Lins, que perdeu a vida tão cedo numa sociedade em que a liberdade é permitida, contanto que se nasça homem.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Os mortos-vivos



Quem morre jovem recebe em troca uma garrafa com água da fonte da juventude. Nada das primeiras nem derradeiras rugas, cabelos brancos e toda decadência fisiológica que chega com o passar dos anos. Nada de crises de identidade, de meia-idade, nada. James Dean, Marilyn Monroe, Janis Joplin, Byron, Jim Morrison são retratos de um Dorian Gray sem pacto, sem maldição, sem arrependimentos. Suas vidas, suspensas, cederam lugar ao devaneio, ao álbum de fotografias de curto espectro, ao plano das possibilidades. Saíram à francesa no melhor da festa com o ar de não terem perdido grande coisa.

O mesmo acontece com os amores impossibilitados. Os amantes, que se perderam para a distância geográfica, para a morte, para as palavras que foram longe demais para voltar sem fazer estragos, seguem adiante, mas levam dentro de si um espaço mítico onde não há lugar para o massacre da rotina, as pequenas e grandes desavenças, as perguntas sem respostas e as respostas enviesadas.

Eles parecem crer numa perfeição que só não foi atingida porque não houve espaço, tempo ou pedido de perdão. E transformam esse amor suspenso e não consumado num porto seguro, numa sensação de reconforto quando tudo, inclusive os amores reais, parece estar definhando.

Por causa do amor congelado no tempo, esses amantes seguem como cartas de um baralho incompleto, que não fazem par com nada, impermeáveis às mudanças da sorte. Quem vive nesses mundos paralelos não percebe que muitas portas são fechadas, muitas palavras não fazem sentido para quem sequer desconfia do que os habita secretamente. Muita dor permanece sem nome e sem explicação.

O outro, o que chega inteiro e são, é arrebatado, sem aviso, consentimento ou explicação, para o convívio dos fantasmas. E passa a se sentir insuficiente, pequeno, inadequado. Intui que há alguma coisa errada, mas não consegue perceber a sua natureza. Perde-se das mais diversas maneiras. Com alguma sorte, consegue escapar para lamber as feridas.

Quem carrega dentro de si um amor inacabado, leva também o peso da ilusão e do egoísmo covarde. E a força atraente e lasciva dos mortos-vivos, que seduz para depois destruir tudo que está à sua volta.

domingo, 17 de agosto de 2008

Utilidade pública



Falando na Bahia, a coisa está séria lá pros lados de Ilhéus. Acompanhe o vídeo (3:47), vale a pena conferir.





Não é kibada, peguei aqui.

sábado, 16 de agosto de 2008

Saudade de Itapoã








Sessão nostalgia






A Pantera Cor-de-Rosa foi um dos meus desenhos favoritos na infância e acho que na de todo mundo na faixa dos 40 ou quase lá.
Como Paul não é nada exagerado, baixou os cinco anos da série. Adivinhem quem virou fã número 1? Sim, Mariana não pára de assistir! O som do saxofone da música tema anda inundando a casa e trazendo boas lembranças.

Este é um dos episódios que eu lembrava mais - depois de assistir, comecei a recortar das revistas um monte de coisas que eu queria e ficava fantasiando que era de verdade. Vocês lembram dele?





Tá certo que tem umas coisas que não seriam apropriadas nos desenhos de hoje, tipo, a cigarrilha da Pantera, que eu, particularmente, nem acho que uma criança na idade de Mariana saque muito o que é, e também o uso de armas de fogo. Mas, quer saber? Está tudo contextualizado num clima de brincadeira e gaiatice, que é o forte da série, e o que eu vejo mesmo é a criaturinha aqui de casa dando belas gargalhadas igual dávamos na nossa infância. The Pink Panther rocks!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Evolução da espécie



Mãe é tudo igual mesmo, só muda de endereço. Concluído e acabado, crystal clear. Filho alimentado é sinal de mãe feliz.

Por que as mães atingem um pedacinho do paraíso a elas destinado quando suas crias estão de barriga cheia? Sentimento atávico, está certo, presente no manual de sobrevivência da espécie, determina que a mãe garanta a manutenção da prole através da observância da sua nutrição. A endorfina rola, meus caros e caras, e essa é a nossa compensação.

Dia desses Mariana estava num dos seus ataques de fofura explícita - também tem os de brabeza e desaforo, bem filha da mãe que ela é -, quando uma coisa vinda lá do meu íntimo (só não me perguntem exatamente de que parte dele) me encheu de vontade de entupi-la de calorias baratas, aquelas que são altamente regimentadas e protocoladas aqui em casa: chocolate, balinha mastigável, pipoca, pirulito.

Aí fiquei matutando: por que eu, ao invés disso, não pensei em enchê-la de salada e franguinho, sopa de músculo com legumes, peixe, um belo copo de leite, uma vitamina de banana com farinha láctea? Deve ser porque a raça humana está fadada a corromper os instintos ancestrais e, num movimento auto-destrutivo, largar a preservação da espécie no reino das Cucuias. Hoje em dia, nem mais na mãe se pode confiar...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Tá ligado, doido?



Tomei ontem um espresso, dos pequenos, na Delta. Acreditam que estou ligada até hoje? Acho que o café de lá é batizado. Voltarei mais vezes.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Enquanto seu lobo não vem...



E eu que achava (lesamente) que a critura fazia hidroginástica. Que nada, meus fios. Ele faz é dança de salão e musculação. Vizinho de Cima é o tampa de Crush!

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E quem pensa que fica por aí, está enganado. Não, Vizinho de Cima é gente que faz. Soube hoje que ele será o garoto-propaganda de uma operadora de telefonia móvel que em breve se instalará em Pernambuco. Já vi que a minha empreitada contra a celebridade é causa perdida...

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Quando acabam mesmo as Olimpíadas?

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Papo cabeça






Eu tenho horror a papo cabeça.
Aquela coisa de energias que fluem, da vibração do ambiente e da influência das cores no humor do ser. Da aura carregada e das couraças de Reich. Tenho horror.
Mas nem sempre foi assim. Já tive minha fase de estudante de psicologia, que usava Havaianas num tempo que só pobre, hippie e maconheiro (o que vem a ser uma redundância) usavam. Já li Baduan, joguei I Ching, deixei de raspar as axilas, tomei muito ban chá e mastiguei arroz integral à exaustão, mas isso faz mais de duas décadas.
E que isso seja papo de quem hoje tem seus 20 e poucos anos eu até compreendo e faço vista grossa porque não gosto de rir da vergonha alheia e também não quero que a criatura lembre da minha cara de enfado quando a lucidez chegar. Ressaca moral é uma merda e eu não desejo isso para ninguém. Nesses casos, guardo a minha impaciência com esse tipo de folclore só para mim.
Mas o que muito me admira é encontrar coleguinha de dobrada do Cabo da Boa Esperança na contramão do movimento: quem antes olhava com desdém para as minhas saias de batique, hoje está conectado com a energia do cosmos e girando na perplexidade da sua condição de mero átomo de carbono em face da grandeza do universo.
Ah, um tanque de roupa suja...

Fotografia: aqui

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Velhas tardes






Daniel Boone was a man, /Yes, a big man! /And he fought for America /To make all Americans free!...

Essa era a trilha sonora das tardes de minha infância, lá pelos idos de 1970 - era a música de um seriado, que contava as aventuras de Daniel Boone, personagem verídico da história da colonização norte-americana, no século XVII.

Daniel Boone foi um dos mais importantes colonizadores do Kentucky e a série televisiva mostrava sua luta pela sobrevivência e da sua família em meio aos índios, bandidos e aventureiros inescrupulosos, animais selvagens, invernos rigorosos etc., tudo isso temperado com altas doses de heroísmo, como não poderia deixar de ser.
Lembro perfeitamente das personagens: o próprio Daniel, Rebecca (sua esposa), Jemima e Israel (filhos), o índio Mingo e Cincinnatus, o dono da taberna.

Todo dia, às cinco horas da tarde, começava o seriado, exceto aos sábados e domingos.
Eu tinha uns sete, oito anos e esperava ansiosamente por esse momento. Claro que hoje, dispondo de informações sobre o que foi a colonização norte-americana, da maneira cruel como dizimaram as populações indígenas, a visão crítica me impediria de acompanhá-lo. Só esse trechinho da música de pronto daria respaldo para uma crítica social justa já que, para dar a liberdade aos brancos colonizadores, foi preciso assassinar, roubar, saquear, tomar terras e empurrar os primeiros americanos, que lá viviam em paz e liberdade, para reservas que, na maioria das vezes, eram desprovidas de recursos naturais adequedos à sua sobrevivência.

Mas aos sete, oito anos da minha infância, a vida era bem mais simples, menos cheia de discursos politicamente corretos. A distinção entre bandido e mocinho era muito clara. O Bem sempre vencia o Mal e, no final, todos eram felizes para sempre. Bons e velhos tempos... E melhor ainda era poder acreditar nisso cegamente. Rir com aquelas piadas bobas, chorar com os fracassos e perdas, com o duro inverno que espreitava a cabana de madeira, que era a casa dos Boone. Velhos e bons tempos aqueles...
E junto comigo estava meu avô, minha companhia constante nessas tardes cheias de índios, mocinhos, bandidos e bang bang. Tínhamos um acordo tácito.

Assim que minha avó ligava a TV, eu ia até o nosso quintal e gritava: Bobô, Daniel Boone!
Ele geralmente estava na Outra Casa – era assim que todos chamávamos a construção que ficava no fundo do nosso quintal e que lhe servia de tipografia, lugar de descanso e escritório.
Era uma pequena casa de um quarto, saleta, copa e cozinha, irremediavelmente cheia de livros, material de trabalho, uma rede onde descansava, muitas estantes, seus apetrechos de caça, suas coleções de moedas e selos, seus discos, suas escondidíssimas revistas Pasquim, que eu lia clandestinamente, enfim, era uma outra casa mesmo, onde hoje sei que realmente vivia o meu verdadeiro avô, sempre tão reservado na casa da frente, mas tão cheio de gostos e individualidades que só hoje vou descobrindo aos poucos, à medida que essas lembranças resolvem me visitar. E lá vinha ele. E eu ficava nervosa se ele atrasasse. Mas isso quase nunca acontecia. Meu Bobô sempre fez as minhas pequenas e grandes vontades, quando e como pôde.

E assistíamos ao tal Daniel Boone.

Uns dez minutos depois, passava o pipoqueiro, sempre na mesma hora, na rua em que morávamos. Ele também sabia que tinha um papel importante nessa rotina: não passava da nossa casa sem antes parar e dar suas buzinadas. Então, eu abria a porta e com duas moedas, cujo valor nem lembro mais, pegava dois sacos de pipoca. Uns sacos cor de madeira, e elas eram deliciosas. Até hoje ainda gosto dessas pipocas e, apesar do sabor não ser mais o mesmo, elas ainda evocam, por uma fração de segundos, um pouco daquela felicidade diária.

Lembro que meu avô fazia alguns comentários que eu não entendia. E não adiantava que eu lhe perguntasse. Ele não os repetia ou explicava, apenas fingia que não tinha me ouvido e seguia vendo o seriado. Ele não queria mesmo que eu entendesse, pois sabia que, mais cedo ou mais tarde, eu perderia aquele encanto ingênuo com o qual via o mundo através das aventuras de Fess Parker. Era o meu mundo tão cheio de pequenas alegrias, de tantos livros em estantes abarrotadas, de revistas proibidas, de conchas trazidas de longínquas praias...
Aquela Outra Casa, a qual eu pertencia mais do que a qualquer outra que um dia eu viesse a ter.

Um presente embalado no passado






Ganhei de Paul essa caixa linda com oito DVDs de Daniel Boone, um presente sem data específica, só porque ele sabe que eu adoro. Vocês lembram? O seriado fez parte da minha infância e me traz lembranças maravilhosas daquele tempo. Por isso, resolvi reeditar um texto que escrevi em 2006, que conta um pouco do que tive o privilégio de viver. Espero que gostem.

domingo, 10 de agosto de 2008

Prêmio Dardos






Poxa, fiquei tão, mas tão feliz em ter o Leite de Cobra escolhido pela Lu Naomi, do blog Pensamentos de uma Batata Transgênica, como um dos seus 15 favoritos! Sim, porque além de Naomi ter um blog pra lá de bom e super respeitado na blogosfera, ela é uma pessoa boa, generosa e engraçada, que curto desde os bons tempos da lista Enanenes.

O Prêmio Dardos: "Com o Prêmio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro mostra cada dia em seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc…, que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras."

Regras:

1 – Aceitar e exibir a imagem,
2 – Linkar o blog do qual recebeu o prêmio e
3 – Escolher 15 blogs para entregar o Prêmio Dardos.

Atualmente, os meus 15 são:

1. A Estrovenga dos Corsários Efêmeros, de Nei Punksauro
2. Alta Fidelidade, de Vicky Fontoura
3. Av. Copacabana, de Jôka P.
4. Blowg, de Marina W
5. Cartas Trazidas pelo Vento, de Bárbara M.P.
6. Drops da Fal, de Fal Azevedo
7. Escreva, Lola, Escreva, de Lola Aronovich
8. Língua de Mariposa, de Nora Borges
9. Mãe Gaia, de Beth Q (Lilás)
10. Maio, 26, de Sweet Valentina
11. Para Francisco, de Cristiana Guerra
12. Pensar Enlouquece, Pense Nisso, de Alexandre Inagaki
13. Se as Coisas são Inatingíveis..., de Mani Adaia
14. Síndrome de Estocolmo, de Denise Arcoverde
15. SlowDown, de José Luís

Em nome do pai






Seu Fernando, também conhecido como papai.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Abertura Olímpica






Eu não sei vocês, mas eu achei a abertura dos jogos olímpicos uma breguice só.


Update:
Como postei sem muito tempo, deixei de comentar sobre a sensação que tive ao ver a apresentação dos tambores: todos muito sérios, compenetrados, deram-me a impressão de que se errassem alguma coisa, o pau ia cantar depois, no apagar das luzes. Tive a nítida sensação de um adestramento.

Ele: o vizinho de cima



Bem, parece que o meu vizinho de cima virou uma personagem famosa, hein? Vou tirar a criatura das sombras e dar o resumo da ópera (bufa) para vocês.

Eu tenho trauma de vizinho de cima. Parece karma. Antes dessa pessoa chegar, moravam um casal e um filho, que era um cão chupando manga e engolindo o caroço danado: fazia muito barulho a qualquer hora do dia ou da noite. Para minha sorte, o casal queria outro filho e decidiu mudar para um apartamento maior. Nem preciso dizer que chorei lágrimas de crocodilo, né? Pois sim.

E para coroar a minha glória e regozijo em vida, quem comprou o apartamento foi um senhor de seus 70 anos, sem família que morasse com ele, tendo apenas uma funcionária cuja folga ocorria nos fins de semana. Perfeito, concordam? Vão vendo...

Pois o meu novo vizinho (que é o atual cujo nome está dentro da bem costurada boca de um sapo-cururu) revelou-se um sujeito arrojado: tem uma vida social muito boa, recebe muitas visitas, faz hidroginástica complementando com caminhadas na praia, enfim, é um triatleta.

Mas, como nem tudo é perfeito, ele tem um problema: padece de insônia! De modo que a partir das 22h o cidadão começa a arrastar os móveis (essa é a terceira modalidade esportiva que a criatura pratica)e só acaba quando o Drontal ou qualquer coisa que o valha deixa. Se isso é o ruim, tem o pior: o arrastar de móveis é no quarto dele. Se isso é o pior, tem o péssimo: o quarto dele fica em cima do meu!
E eu fico aqui desejando ser uma mosca (tsé-tsé) e subir até o quarto dele para ver a disposição do mobiliário e entender a razão pela qual esse homem faz tanto barulho.

E nem inventem de ficar com dó do traste e parar de colaborar com as idéias malignas, sim? Quem tiver pena que troque de casa comigo por uma semana e veja...

Já tentei de todas as formas contornar o problema: conversei com ele amigavelmente. Nada. Comuniquei à síndica. Nada e ele ainda negou que o barulho fosse de lá. Fiz uma ocorrência no livro de reclamações que vai para empresa que administra o condomínio. Nada e o safado continuou dizendo que não era de lá.

Na última vez que liguei para a portaria para reclamar, a criatura interfonou para mim, repetiu que não era lá, me chamou de louca e ainda desligou o interfone na minha cara! Só falta agora eu chamar a polícia. E não está longe. Daí que vocês não se espantem quando a imprensa pernambucana noticiar que uma mulher, espumando, chegou na delegacia com os dentes cravados na canela de um senhor da boa idade. Eu não sou louca??

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Suando o top



Um ano e cinco quilos depois, voltei à academia: malhação é o meu nome. Academia nova, instrutor novo, metodologia nova. Resolvi sair do esquema de anos de musculação pesada - para quem não sabe, fiz musculação até o oitavo mês de gravidez -, e agora é ir sem pressa, respeitando os meus limites e o fato de eu ter uma hérnia de disco cervical de estimação. Porque quem treina pesado não tem limite, vamos combinar. Mesmo sabendo que não dava, eu caprichava no peso e as crises constantes de hérnia eram o resultado.

A minha relação com a musculação estava tão ruim que nesse ano parada não tive sequer uma crise, ao contrário do que se supunha com o ganho de cinco quilos (na verdade, formam sete, mas já mandei dois pro espaço). Por isso, agora o lance é ir devagar, recuperando aos poucos o condicionamento sem sobrecarregar a minha coluna.

Mas o melhor de tudo vocês ainda não sabem. Estava eu fazendo aquela meia horinha básica na esteira quando um velho conhecido chegou para fazer hidroginástica. Quem? Quem? Quem?? Sim, ele mesmo, o filho da puta meu vizinho. Aquele que tira minhas noites de sono e cujo sossego você, caro(a) leitor(a), e eu estamos tão empenhados em tirar também.

Pelo menos agora vejo uma saída para o caso das coisas piorarem por aqui. Dependendo da minha noite de sono, amanhã levo o secador de cabelo para conhecer a academia nova...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Mãe não é tudo igual



Quando eu era criança, achava as mães de todos os meus colegas da escola lindas. Todas tinham a voz calma e os olhos doces. Não havia, naquele tempo, um ideal físico: elas eram altas ou baixinhas, gordas ou magras, brancas ou morenas, mas todas lindas e tinham a voz calma e os olhos doces.

Teve um dia em que, na fila para voltar do recreio, chutei a canela de um menino. Lembro seu nome até hoje, mas não o motivo do chute. No outro dia, a mãe veio falar comigo, saber a razão daquilo. Eu não lembro o que respondi, mas mesmo assim sua voz era calma e seus olhos doces ao dizerem que o filho teve febre à noite.

Talvez pelo fato de eu ter passado a minha infância vendo essas mães jovens e gentis e tendo em casa uma avó que fez as vezes de mãe da melhor forma possível, desenvolvi esse fascínio pelas mães alheias porque via nelas o que eu achava que fosse a imagem da minha.

Na verdade, tive pouco contato com ela na infância: seu relacionamento com os pais, que me criaram, sempre foi explosivo, ressentido, tumultuado, de modo que o pouco que tive dela foi em meio a sobressaltos e visitas que acabavam sempre antes da hora.

Mais tarde, com o passar do tempo e da convivência, percebi que o seu ressentimento e mágoa se voltaram contra mim: o carinho, o cuidado e a proteção que ela queria, mas não sabia pedir ou merecer, ficaram para mim. Não sei exatamente quando percebi isso, mas não foi fácil: minha mãe não me via como filha, mas como alguém que usurpara o que era seu por direito. Essa foi uma das piores descobertas que fiz na vida, sem que fosse preciso acusação alguma, sem que eu tivesse ouvido nenhum trecho da conversa alheia: descobri tudo através da voz e dos olhos da minha mãe.

Durante muitos anos tentei ter com ela uma relação de mãe e filha e creio que em algumas dessas vezes ela se esforçou também. Mas sempre chegava num ponto em que sua imaturidade emocional fazia com que ela não pudesse ou quisesse assumir seu papel - ela preferia jogar sobre mim sua inveja e seu rancor: tudo que eu tinha ou fazia de bom era como um soco no seu estômago. Aquilo deveria ter sido dela.

Chegou um ponto em que desisti dela porque não havia saída: seus tormentos eram grandes demais para que eu os pudesse apaziguar e ela nunca quis ajuda. Preferiu desfilar sua raiva vida afora como um troféu - ela tomou sua decisão e eu, a minha. Entendi que eu não poderia trocar de papel com ela, inúmeras vezes me vi ferida, desnorteada e chocada diante do contraste entre o que eu pensava que viria e o que veio de fato. E foi assim que eu desisti. Sem remorso, sem arrependimento, sem pena, sem nada. Decidi não esperar mais, não sofrer mais. Risquei sua presença da minha vida não porque sentisse raiva, mágoa ou desamor, apenas percebi que não dava mais. Os fatos eram muitos e sempre se repetiam, fosse como fosse. Por que insistir, então?

Causa indignação a muita gente quando falo que não tenho contato com a minha mãe por decisão própria. Daí entram em cena os mais surrados chavões para sustentar o que aparenta ser óbvio: Mas ela é sua mãe!, Mãe é mãe etc. e tal. Talvez o que choque mais seja o fato de eu ir contra a maré: não, nem toda mãe é mãe, e nem toda mulher nasce para ser mãe. Muitas nascem apenas para ser filhas, quando muito.

Já eu me espanto é com a qualidade das relações pessoais e familiares de algumas dessas pessoas. Muitas vivem relacionamentos abusivos, marcados pela humilhação, subserviência, chantagem emocional e agressão velada - quando não explícita -, achando que isso é o normal porque, afinal de contas, mãe é mãe, pai é pai e assim seja para as demais combinações genéticas.

Acredito que as pessoas não estão condenadas a viverem atadas umas às outras numa relação doente só porque existem entre elas laços de sangue. E outra coisa também é fato: mudar, em determinada altura da vida, é praticamente impossível para certas pessoas - elas não querem ou não podem mais fazê-lo.

Então, por que fingir que é normal ser infeliz? Talvez existam várias respostas para a questão, mas desconfio que o medo seja a principal delas: medo de ir de encontro ao senso comum, medo de não saber se relacionar com alguém de forma sadia e, principalmente, medo de iniciar um processo longo e por vezes doloroso de (re)aprendizado afetivo. Por fim, medo de ser castigado - culpa. Sim, ela sempre é a base dos relacionamentos doentes.

Não sou tola de achar que pode haver perfeição nos relacionamentos humanos e há muito aprendi que é injusto idealizar as pessoas: se elas embarcam na fantasia e tentam corresponder, o fardo quase sempre é maior do que podem carregar. Caso se recusem, a decepção fica reservada a quem sonhou sozinho. No entanto, é unicamente nossa a responsabilidade de decidir que tipo de vida desejamos e, na sua urgência, é necessário definir o que levar adiante e o que deixar para trás. Quase sempre essas escolhas são dolorosas, mas uma vez feitas, no lugar fica não um vazio, mas a leveza de poder seguir adiante.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A necessidade é a mãe da invenção



Tive uma idéia que julgo ser muito boa, mas como me falta qualificação técnica para implementá-la, gostaria de contar com a ajuda dos leitores e leitoras do blog que possuam expertise nas áreas em questão.

Seria um objeto em forma de ventosa (aqueles trocinhos de plástico que aderem em azulejos e vidros), mas grande e de metal, por este ser um bom condutor de eletricidade. Deve também ter um mecanismo de ajuste ao teto. O referido objeto deve possuir a capacidade de propagar ondas de choque de médias a intensas, desde que se circunscrevam ao local do seu ajuste.

Objetivo do projeto: acordar o meu vizinho de cima com trepidações no chão do seu quarto de intensidade suficiente para que o mesmo pense se tratar de um terremoto ou desabamento do prédio, porém que não cause danos reais à estrutura do edifício. O objeto em questão deve ser desmontável e de fácil acondicionamento e ocultação.

Áreas de interesse: Engenharias Mecânica e Civil, Física, Arquitetura, Design Gráfico e, só para garantir, Direito.

domingo, 3 de agosto de 2008

Como um dia de domingo






Ficar segurando a mãozinha dela foi a melhor parte do filme. Depois, McLanche. Feliz. :)

sábado, 2 de agosto de 2008

Coisinhas miúdas



Tem gente que acha que é falta de classe mulher falar de futebol. Já eu acho essa atitude esnobe - do latim sine nobilitate (sem título de nobreza), ou seja, daqueles que querem ser, mas não são...

Hoje o dia todo de chuva. À noite, sopa de tomate com almôndegas feita por ele. A vida desce quentinha garganta abaixo. Amanhã? Pode ser que faça sol, mas se não fizer, não acho ruim.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Blogagem Coletiva: Semana Mundial da Amamentação






Inicia-se hoje a Semana Mundial da Amamentação - 1º a 7 de agosto. Aproveito para contar para vocês como foi a experiência de amamentar minha filha, hoje com 4 anos e oito meses.

Amamentei Mariana até 1 ano e três meses, mesmo ela já comendo tudo. E só parei nessa época porque fui forçada: tive uma crise séria de hérnia de disco e, sendo a medicação muito forte, fui aconselhada a parar, pois as substâncias passariam todas para minha filha.

Enfrentei algumas barras para amamentar e se não fosse tão tinhosa, teria desculpas lógicas e aceitáveis para fazê-lo.
Ao contrário de muitas mães, fui muito feliz porque não sofri com ferimentos ou rachaduras nos mamilos. Tive um certo desconforto no começo, lembro só de um pequeno corte, mas deu para agüentar firme e em uma semana tudo já estava muito bem.

Muito do que aprendi sobre esses primeiros dias foi com as enfermeiras do aleitamento do hospital onde Mariana nasceu.
Desde que minha filha me foi entregue, a equipe veio várias vezes, orientando, estimulando, indicando a posição correta, porque o seio só fica ferido se a pegada estiver errada. Essa ajuda foi fundamental.

Até o terceiro mês de vida, Mariana ganhou peso normalmente, mamando em livre demanda e exclusivamente. Do quarto mês em diante, ela começou a ganhar pouco peso.
Após algumas tentativas de introduzir frutas e papinhas salgadas, além do meu leite, claro, a pediatra aventou a possibilidade de uma alergia alimentar.

Ainda tentamos algumas introduções alimentares nos meses seguintes, mas nada fazia com que Mariana tivesse um ganho significativo de peso. Nunca perdeu, mas não engordava o que normalmente uma criança nessa idade engorda.
Foi aí que ela me indicou uma especialista no assunto e lá fomos nós confirmar que Mariana era realmente alérgica à proteína do leite, a caseína.

Aí seria a segunda oportunidade justificada para o desmame. A primeira eu já tinha que era o desestímulo de algumas criaturas sensibilíssimas que viviam dizendo que Mariana não engordava porque meu leite era fraco! Um absurdo, pois nenhum leite materno é fraco: levei essa questão para a pediatra de Mariana e ela me esclareceu que isso é balela, o que acontece é que existem leites maternos mais ou menos calóricos. Que culpa tenho eu de ser light até nisso? Nessas horas, o melhor é sair pela tangente do humor mesmo...

Voltando ao segundo motivo aceitável para parar de amamentar, quando a gastro constatou a alergia, colocou-me completamente à vontade para o desmame.
Eu insisti numa segunda possibilidade. Porque sempre há, não para tudo, mas nesse caso havia: ela me disse que se eu quisesse continuar, teria de cortar TUDO que contivesse leite da minha alimentação. E foi o que eu fiz.
Em pouco tempo, transformei-me numa especialista em rótulos de alimentos, uma farejadora de rastros de leite em qualquer coisa que via pela frente, fosse para meu consumo ou para o da minha filha.

E isso foi um tremendo sacrifíco porque adoro laticínios, especialmente os queijos e iogurtes... Meu café da manhã ficou reduzidíssimo, mas tudo por uma boa causa.
Sem contar que depois de estar sob uma privação dessas, você percebe que tudo que é bom leva leite... Ó vida, ó céus.
O meu consolo era saber que para Mariana seria bem mais fácil porque ela ainda não conhecia as deliciosas tentações que são brigadeiros, sorvetes, pizzas e afins. Já eu passei a sonhar com essas coisas...

Depois notei como a indústria brasileira ainda é pobre na oferta de produtos que atendam à demanda de pessoas que, como nós, estávamos nessa situação. Aqui em Pernambuco então a coisa complicava. Amigas que moram no Sul e no Sudeste tinham mais produtos à disposição. Vaguei por todos os supermercados daqui à procura de um iogurte de soja e nada. Lembro que na época só tinha sorvete de maçã e soja de uma marca pioneira em bebidas à base de soja. E era delicioso! Até hoje de vez em quando tomamos.

Com quase 2 anos Mariana superou a alergia e hoje come tudo, inclusive laticínios, normalmente. E acho que saiu a mim: adora queijinho e iogurte.

Tenho certeza de que tudo que passamos valeu. Não ter desistido de amamentar minha filha fez muita diferença! Ela, por exemplo, nunca teve uma diarréia, que é um dos muitos benefícios da amamentação: intestino funcionando como um reloginho!
É isso aí. Para as leitoras do Leite de Cobra que pretendem ser mães, uma grande dica: amamentem muito. Além de tudo, ajuda a voltar à forma que é uma beleza. Experiência própria!