terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Formigas






vorazes, velozes,
em adestradas rotas
ora sinuosas,
ora em linhas retas,
às vezes em erráticas formações
seguem...

operárias que mourejam fardos maiores
que os seus diminutos corpos
e afainam-se e laboram
numa dança precisa e silenciosa,
elas que tão-somente
carregam o que lhes cabe,
o que lhes é devido das sobras,
dos descuidos e dos desperdícios
E deles fazem morada, esconderijo,
aprovisionamento

a formiga,
alheia aos desmantelos que a cercam,
caminha exercendo seu mister,
e cumprindo o destino de inseto,
ensina a perenidade da espécie
pela aceitação
de pertencer a um exército sem face,
suprema ausência de designativos

a formiga,
mais uma dentre tantas,
desconhece a real fragilidade
do seu corpo tenso, alerta e febril,
expondo ao desinteresse e à repugnância
a sua grandeza abatida
por um gesto de displicente esmagamento.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010






Bom dia. Bons ventos. Tenacidade e força. O frescor de uma risada aqui e acolá. O resto é seguir em frente. Estou no meio do caminho.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A loka






O tempo passa e as situações não mudam, então a decisão é deixar a casa cair, o barco afundar e o mato cobrir. Omissão? Comodismo? Que nada, instinto de sobrevivência pura e simplesmente. Como é para o bem geral do meu sossego e da minha saúde, digam ao povo que foda-se exploda-se.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Boquinha de siri






Depois de anos e anos sofrendo com uma dor de cabeça dos infernos e, o pior, quase toda semana, com as crises variando de três a sete dias, finalmente bati meu recorde: ontem a danada completou dez dias! Como já não conseguia mais dormir, estudar, viver, tomei enfim as devidas (e tardias) providências: fui a uma emergência para tratar o que eu supunha ser uma crise de enxaqueca ou, nos momentos de maior dramaticidade, um tumor cerebral.

Já na consulta, o médico foi logo dizendo: antes de qualquer coisa, como tomografias e afins, sondamos dor de cabeça através dos sentidos. Perguntou se eu estava com o exame oftalmológico em dia, se estava gripada, viu a minha pressão, checou a temperatura, perguntou se eu estava com tosse seca e, olhando para a minha cara, falou bem assim: você tem a boca pequena. (Oi?) Daí perguntou como estavam os meus dentes e tal. Nisso, com as mãos na minha mandíbula, mandou que eu abrisse e fechasse a boca. A bonita (e pequena) fez um crec e a arcada deu um pequeno impulso para a esquerda. Bingo! Nada de enxaqueca ou tumores: o que eu tenho de vera é Disfunção de ATM (articulação têmpero-mandibular). Preciso ir num bucomaxilofacial e colocar um amortecedor nos dentes senão não posso mais mastigar alimentos sólidos: minhas dores vêm daí. Sem contar que ele ficou admirado por eu ter suportado por tanto tempo. Meu único conforto nisso tudo, fora, claro, finalmente descobrir o que é a tal dor e poder tratá-la, é saber que não vou precisar colocar, além do amortecedor, um freio na língua porque senão perco meu sex appeal, sabem? Quem me ama entende e quem não, mais ainda.


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010




Por ordem judicial, qualquer xícara ou similar contendo café deve ficar a mais de 300m de distância da minha pessoa. E tenho dito.