sábado, 8 de outubro de 2011

A vida como ela é ou pode ser...



Pelo tempo que este blog passou sem atualizações, posso garantir que assunto é o que não falta. Coragem de blogar, no entanto, são outros quinhentos, vamos combinar, a mão de escrever meio que se perde pela falta de uso.

A começar pelo susto que tomei com a nova configuração do Blogger, não sei ainda dizer se foi para melhor ou não, vamos ver como me saio em relação a ela.

No entanto, quero falar sobre um assunto que me deixou assim, assim durante a semana que passou. Depois da pancada que levei na cabeça (literalmente) aqui em casa -- a porta do armário da cozinha na minha testa, amor à primeira vista, avassalador --, veio a lapada metafórica, aquela que mostra que o buraco, meus bens, é sempre mais embaixo.

A mãe de um colega de classe de Mariana, lá da escola de estrangeiros de Amsterdam, egípcia, doida de pedra, porém domada pelo catolicismo ortodoxo, além de dona de um coração enorme, diga-se, me contou a história que eu tentarei reproduzir a seguir.

Além do coleguinha egípcio 1, filho dessa minha amiga, tem um outro coleguinha egípcio 2 na turma da Mariana. Longe de ser um menosprezo numérico, prefiro não citar o nome dos meninos. Pois sim, ultimamente, eu tinha visto essa minha amiga com o irmão mais novo do menino 2 pra cima e pra baixo, direto mesmo.

Pensei cá com os meus botões: vai que ela está dando uma força para a mãe do menino 2, que está grávida de quase 9 meses, e como o menininho tem menos de 3 anos, ainda pede colo e tal, a minha amiga está quebrando um galho.

Tu pensas o óbvio, Kenia Mello! Quarta-feira passada, a minha amiga explicou o que estava acontecendo.

O pai do menino 2, que é da idade de Mariana, é fumante. Sim, e daí? Daí que, segundo a criatura me contou, um belo dia, ele, ao brincar com o menininho, deixou o cigarro cair dentro da camiseta do filho. O cigarro quebrou e saiu fazendo estrago no peito da criança. Na creche, as cuidadoras viram e acionaram a polícia, Resultado: os pais perderam a guarda do filho e como não têm parentes aqui na Holanda, tiveram de recorrer aos pais do menino 1, que estão com o menininho vivendo em casa, e os pais podendo visitá-lo apenas nos fins de semana. Em dezembro, a sorte da criança (e dos pais, óbvio) será decidida.

Eu, particularmente, achei essa história do cigarro quebrar meio esquisita, perguntei para a minha amiga se não tinha sido violência mesmo e ela me garantiu que os pais são pessoas boas. Who will know?

Por um lado, compreendo parcialmente a iniciativa das cuidadoras: ao ver a criança com o corpo queimado, é lógico que deveriam se pronunciar, chamar os pais, esclarecer o fato. O que me pergunto é se esse comportamento, de chamar a polícia imediatamente, aconteceria se os pais fossem holandeses. E se a história se passou mesmo assim, de acordo com a versão dos pais? Tremenda de uma injustiça, não?

O que eu vejo é a mãe todo dia na porta da escola, barriga pela boca, esperando o filho mais velho agarrada com o caçula, e depois vendo-o ir embora com a amiga que, generosamente, o está acolhendo em sua casa.

Coisas da vida que redirecionam nosso olhar tornando-o um pouco mais duvidoso de que a justiça seja cega. Tomara que ela não seja surda também.


12 comentários:

Anônimo disse...

Complicado Kenia, pode ter sido apenas um acidente, como também pode não ter sido. Eu particularmente acho que nos dois casos fica meio que um quê de irresponsabilidade no ar.
Será que essa família já não tem um passado negro com a polícia ou com a escola por causa de maus tratos ou atitudes suspeitas?
Digo isso porque temos um caso de irresponsabilidade extrema na família do meu marido (minha cunhado com filhos), e mesmo assim as crianças ainda estão com ela - sob supervisão, mas estão!

Beijos, que bom que você voltou!

Kenia Mello disse...

Line, fiquei com um super pé atrás também, acho irresponsável de todo jeito isso de cigarro na mão e criança no colo, não consigo pensar no caso sem ficar em dúvida sobre a sua veracidade, mas, enfim... O que eu sei sobre a família é que estão há pouco tempo na Holanda. Vamos ver como a coisa toda se desenrola.
Beijos e obrigada.

Kenia Mello disse...

Mas aí é que tá, Line, complementando: sua cunhada, holandesa da gema do queijo, está com os filhos, apesar dos extremos maus tratos que você cita. Não dá o que pensar?

S. W disse...

Kenia, acho estranho a policia já ir tirando sem por exemplo conversar com outras pessoas, talvez tentar perguntar a criança... pode ter sido caso de violencia sim, fica sempre a suspeita, se foi um acidente é realmente triste a situação dos pais nesse caso.

Sempre me pergunto em várias situações: e se fosse holandes?

Kenia Mello disse...

Simone, essa pergunta, esse caso, enfim, todas as possibilidades não saem da minha cabeça desde então. :(

Eve disse...

Eu penso como vc. É difícil avaliar o caso, mas, se fosse holandesa... sei nao.

Bjs!

Alexandre Emanuel disse...

Realmente é estranha a estória.Cigarro partir,nunca vi,mas é possível que a brasa tenha caído, e que por ser pequena e redonda,se tornaria difícil de localizar,especialmente por dentro da roupa,gerando lesões na pele delicada de uma criança.
Quanto a tirar a guarda assim de cara e dos dois pais,acho um exagero.

Ivette Góis disse...

Que bom que vc voltou! Não suma. rsrsrs
Sobre o caso, tb achei um pouco exagerado e é de se perguntar mesmo se seria assim caso a família fosse holandesa. Imagino o q deve estar sofrendo essa mãe, ainda por cima grávida. Infelizmente, esses povos tem histórico de agressão, morte pela honra, essas coisas, talvez seja o preconceito, a desconfiança por esse traço que pode nem ter a ver com essa família. Já aqui no Brasil, o que vemos de crianças morrendo porque o Estado não prestou atenção às violências sofridas... dois extremos de uma mesma situação.

Bjos e []s

Beth/Lilás disse...

Ô, Kenia, você anda mesmo sumida menina!
Tudo bem contigo?
Essa estória aí é mesmo escabrosa, mas se eles não tiverem culpa, caramba, que maldade! E o que você diz é mesmo verdade, não tem nada a ver fumar e segurar criança com outra mão. Criança tem que ser segura com as mãos limpas e firmes, amorosas principalmente.
Tudo de bom pra você aí na linda Holanda!
beijos cariocas

Kenia Mello disse...

Pois é, gente, ainda espero saber o desenrolar dessa história. Mas que está esquista, isso está!

Beth, tudo tranquilo por aqui, querida, só o outono que parece estar vindo com tudo pra cima de nós que nem verão direito tivemos este ano.

Beijos gerais.

Anônimo disse...

Olá Kenia !
Esbarrei no seu "blog" quando procurava informações sobre o Inburgering Exame.
Foi muito bom ler sobre a sua experiência, pois algumas pessoas minimizam o grau de dificuldade do exame. Agora sei que realmente é necessário estudar muito e ficar super preparado para fazer o teste. Aliás, eu também tinha essa opinião, que foi reforçada por você.
Adorei ler seus relatos. Já li quase todos... rs
Você escreve de uma maneira tão leve e descontraída que a gente tem a impressão de estar participando das suas histórias.
Já estive na Holanda várias vezes e gosto demais desse país, apesar do frio. Se bem que sou muito suspeita, porque meu "liefje" mora também aí. rsrs Mas, independente disso, me identifico muito com o modo de vida na Holanda.
Bom, era isso.
Só queria lhe deixar um comentariozinho e lhe pedir que continue escrevendo.
Um abraço.
Lenynha
São Paulo - Brasil

Kenia Mello disse...

Oi, Lenynha, que bom que você gostou do blog, tento mantê-lo atualizado, nem sempre consigo, mas vamos seguindo.
Desejo a você sucesso na caminhada. :)
Abraço.