segunda-feira, 14 de julho de 2008
Das perdas e ganhos
Sim, já tive muitas perdas. E cedo. Foram profundas, covardes, desproporcionais.
Daquelas que tiram o ar, o chão, a lógica do pensamento, o centro e tudo que estava ao redor.
Reconstruir a partir do que sobrou é doloroso, muitas vezes parece impossível. O depois, quando quer que seja, sempre vem e os sentimentos se aquietam e pacificam. Afinal, quem sobrou, quem ficou para trás, precisa sobreviver sempre e a cada dia. Aí chega um momento em que as dores não são mais tão fundas, as lágrimas já não
vêm com tanta freqüência e descontrole, e a solidão virou mais um lugar de silêncio, lembranças e quietude do que de angústia e desamparo. Com essas mudanças, você vai percebendo que já não há tanto a temer e, no fim, nada mais te prende: a liberdade chegou por uma porta que não se supunha possível.
E não falo apenas da morte porque muito se perde para a vida também.
Hoje minha bagagem está mais leve, tudo de que preciso está guardado dentro de mim e o que perdi não me faz falta. Abrir e fechar portas se tornou um ato tão corriqueiro que muitas vezes me espanto por não olhar mais para trás. E não me arrependo por isso, mas nem sempre foi assim.
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5 comentários:
Kenia,admiro demais essa sua capacidade de nos dizer coisas tão simples mas ao mesmo tempo tão profundas,coisas q vivemos e sabemos exatamente q são assim,mas não temos as palavras,a sensibilidade para verbalizar.
Bjos e []s
Ivette Góis
É verdade, cara amiga.
Nunca havia pensado assim como você bem o disse.
Parabéns pelo texto tão bem escrito.
beijo carioca
Oi, Kenia!
Você já leu sobre o que postei ontem?
Dá uma olhadinha no post "Conversando com o Inimigo", vale a pena para quem tem filhotes pequenos.
beijos
Just in time, as usual..
o ultimo paragrafo e' a minha cara
e' meu
obrigado
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