sábado, 6 de dezembro de 2008

Sucursal do inferno



Centro do Recife - bairro de São José: ruas de Santa Rita, dos Pescadores, das Calçadas, Mercado de São José e adjacências. Sucursal do inferno dez andares para baixo. Os preços são muito baratos se comparados com os dos shoppings e galerias. Mesmo descontando a gasolina e a zona azul, saem mais em conta, de fato. Mas, em compensação, amado(a) leitor(a), tome antes uns dois sossega-leões porque a coisa é braba. Ruas sujas, trânsito caótico de pessoas e veículos - nem vou falar da beleza da fauna nativa porque aí serei xingada de preconceituosa, elistista e mais alguns adjetivos meigos; além do mais, ninguém tem culpa de nascer feio, também outra verdade universal -, desorganização, batedores de carteira e falta de educação, sim, licença, por favor e desculpe não fazem parte do repertório dos transeuntes - já puta que pariu, caralho, quenga, fresco e demais expressões lingüísticas de alto teor afetivo serão música natalina para os seus ouvidos.

Fora os preços, outro ponto a favor do centrão: sem exceção, o atendimento nas lojas sempre é muito cortês e solícito. Aí sem ironia.

Portanto, se você é de ou está em Recife e ainda vai ao centro, muna-se de paciência, um par de tênis confortável, fé em Deus e na humanidade, protetor solar, garrafinha de água mineral e vá a luta porque o inferno é ali.

P.S. Quem se arriscar a levar o notebook na empreitada, pode navegar no Mercado de São José. Lá tem acesso wireless gratuito à internet. Tão pensando o quê?

17 comentários:

Anônimo disse...

qq centro de cidade é terrível!rsrsrs
E nessa época a coisa complica.Muita calma nessa hora!

Bjos e []s

Ivette Góis

ATG disse...

Vou contar-te um segredo: mais patriota do que eu, é difícil que haja! A descrição que fazes dessas zonas de Recife eu podia fazer, na íntegra, a Lisboa. Sim, refiro-me a Lisboa em exclusivo e contra mim falo. Sou lisboeta e não há nada que me deprima mais do que saber que tudo o que aí escreves sobre Recife passa-se exactamente na minha cidade. Lisboa com 1.2 milhões de pessoas tem muito mais movimento que os 3 milhões de Recife. Porém, não é por vermos esta cidade cheia de gente vestida de fato (terno) e gravata ou senhoras executivas e muito bem arranjadas, como se vê por toda a cidade, que temos imediato acesso a educação, etiqueta e respeito. Se soubesses o número de vezes que em pleno trânsito já vi mulheres a chamarem-me "filho da puta" só porque mudei da faixa da direita para a do meio, ou em plena fila quis colocar-me na delas, não acreditarias. Já vi gente à porrada mesmo, soco, pontapé e sangue, pelos mesmos motivos pelos quais estas senhoras me chamam de tudo quase que diariamente. Há gente que nos pisa, nos acotovela só para ganhar 2 segundos numa fila, ou porque simplesmente lhes apetece ser assim, e ainda nos olham com uma cara como se nos tivessemos atravessado no seu caminho.
A diferença daqui para aí talvez esteja na indumentária diária, onde aí as pessoas se apresentam de forma mais humilde e aqui, muito provavelmente, vestem marcas conceituadas, mas a educação e o respeito é precisamente o mesmo. Globalização? Não creio. Apesar de vivermos tempos modernos, a culpa não é de ninguém senão dos pais que supostamente deviam dar educação aos seus filhos e os mimaram e ensinaram a ser caprichosos e egoístas. Se ninguém me tivesse colocado um travão eu possivelmente também seria assim hoje. Felizmente tive uma mãe e um pai que na hora de ensinar se eu não quisesse aprender eles sabiam como meter-me nos eixos!
Acho que vivemos com demasiada liberdade e as pessoas tendem a olhar cada vez mais para si próprias porque tudo à sua volta incita a que assim seja. No entanto, devo referir que em Portugal esse problema afecta sobretudo a capital. As pessoas do Norte (basta sair de Lisboa e ir minimamente para o norte do país) são mais educadas, solidárias, respeitadoras. São pessoas conservadoras, com valores. Aqui no centro-sul e sul somos todos mais descontraídos, mais elitistas. Às vezes tenho saudades da ditadura que nunca vivi, mas que pelo que os factos revelam, havia respeito, educação, censura... hoje as pessoas confundem liberdade com libertinagem e falta de respeito.

Beijos

P.S.: A propósito, tu aí ainda tens os preços como vantagem. Em Lisboa não tenho isso. Um cubículo, vulgo mini-apartamento, custa facilmente os seus 160.000 euros com espaço para... nada. Internet wireless gratuita existe em toda a cidade. Um café custa cerca de 0,60 cêntimos e é bem curtinho. Um pequeno-almoço de café com leite com um pão pode custar-nos, sem muito esforço, 3 euros. Toda a gente fala mal da ditadura, mas hoje, apesar de se ganhar mais dinheiro em número, paga-se dez vezes mais o pão do que se pagava naquela altura em que se ganhava pouco. As pessoas não conseguem fazer comparações. Só interessam os números.

Luci disse...

temos uma sucursal aqui!!!!
bj

Kenia Mello disse...

DJ, também não vivi ativamente os anos de ditadura no Brasil, pois nasci três anos depois do golpe militar, que ocorreu em 64, e durante a infância fica muito difícil de entender uma porção de coisas. Mas daqueles tempos me recordo do medo, de pessoas conhecidas que tiveram parentes desaparecidos nos porões da repressão, do pavor de, por algum motivo, ser tachado de comunista ou subversivo.

Não sei aí em Portugal, mas aqui no Brasil, muitos dos problemas econômicos que se apresentam ainda hoje originaram-se no período da ditadura, no qual obras faraônicas e o crescimento a todo custo das indústrias nacionais, o chamado Milagre Econômico, maquiaram o país de modo a garantir, perante o povo, a manutenção dos milicos no poder. O preço ainda é pago por aqui.

Tá certo que hoje as coisas extrapolam em nome da liberdade, mas existem mecanismos de ajustes em todos os setores. O que não dá é uma volta àqueles tempos de censura, repressão, violência (de ambos os lados, é verdade, mas com vantagem para o aparelhamento do Estado) e falta de liberdade.

Também acho muito perigosa a romantização dos velhos tempos ditatoriais porque esse sentimento caindo em mãos mal-intencionadas é pode fazer muitos estragos...

Beijos.

Ana R. disse...

Sabe que não vejo nada de positivo em comparações? Fica parecendo que tem sempre uma desculpa pra esculhambação. Eu não quero saber se é melhor ou pior em outro lugar. Eu gostaria que aqui fosse melhor para todos. É mais ou menos a mesma coisa que dizer em rede nacional, que caixa 2 é bobagem, que foi o que sempre fizeram. Isso lá é motivo para continuar fazendo?
A gente pode melhorar....e muito! Mas quem realmente quer?

Sweet! disse...

O vucu-vucu!
Eu gosto, a cada dez anos, hahahahah!

Anônimo disse...

No meio daquele inferno inziste um lugar legal de passear: o Mercado de São José. Mas eu é que não sou doido de levar meu bostbook pra lá... Tampouco me aventuro andar por lá nessa época.

O centro do Recife virou o caos institucionalizado. É o cume da esculhambação. Ali tudo pode tudo.

Se você for andar por lá, tenha sempre em mente o seguinte lema: "liga não, cabaré é assim mesmo!"

Anônimo disse...

Só de ler já cansa, dá logo enxaqueca afe!
Aquilo ali é único, não existe em lugar nenhum que se intitule "centro comercial" de uma cidade que se preze.
Não costumo radicalizar nas coisas mas o lugar mais próximo daquele antro que vale a pena ir é a Casa da Cultura quando levamos nossos hóspedes/visitantes pra conhecer e consumir :P
No foco do foco só em necessidade extrema... affff!!!
Certamente foi esse seu caso :)
bj
R.

Anônimo disse...

Ah... e nunca tive a oportunidade de conhecer nenhum cabaré não, mas eu acho que lá é mais organizado.
:P
R.

Anônimo disse...

Eu esqueci de dizer:

ô povo fei!

Marco Yamamoto disse...

Acho que você precisa de um desintoxicação de Internet urgente.

Se no meio deste caos todo, você consegue pensar em levar notebook, alguma coisa está errada.

kkkkkkkkkk

abraços

Kenia Mello disse...

Marco, não é. Apenas uma maneira de dizer que todos os mercados públicos de Recife têm internet wireless. Porque vamos avacalhar, pero sin perder la ternura jamás. :P

Kenia Mello disse...

Regina, é aquela coisa: como eu só vou para lá uma vez por ano, tá valendo - e como! Pra você ter uma idéia, no Mercado de São José, o quilo da castanha-do-pará, que além de dar um toque tropical à ceia natalina, é uma maravilha pro colé, custa 27 reais. Já no hiper, 50. Diga aí. :P
Beijos.

Anônimo disse...

Não conheço Recife, muito menos o centro daí, mais seu pegar o carro e andar uns 40 minutos chego na 25 em sp, e a falta de respeito uns com os outros é a mesma, semana passada foi a segunda vez que fui lá, e voltei cansada, de tanto vucu-vucu, gente xingando, empurrando, tive que parar várias vezes num cantinho e respirar fundo para entender toda aquela falta de respeito com as pessoas e eu que não estou acostumada com isso, acho melhor pegar o caminho de volta pra casa e esquecer os preços baixos da tal da 25!

Beth/Lilás disse...

Pensei que estava falando do centrão do Rio, pois é a mesma miséria.
bjs cariocas

Giovanni Gouveia disse...

POis eu sou habituê do bairro dee são josé, o enxoval de Danton foi comprado por lá, muito das coisa quee eu tenho em casa fora comprado lá. Passo lá, pelo menos, 3 vezes por semana, e os preços não são a única explicação, embora seja uma atração das melhores.
Adoro passar no Beco do Sirigado, sinto-me na idade média, ou no oriente médio com aquele metro e meio de largura de "rua", beber e comer é outra atração daquelas bandas, encontra-s de tudo da culinária local, e cachaça de todas qualidades, a preços de cair o queixo, e se o aperto estiver muito grande, vai-se ao pátio de são pedro que parece um oásis de calmaria dentro do caos estabelecido por lá.
E, se pode parecer, a primeira vista, bairrismo de minha parte, minha mulé, que vem do interiorrrr de sum paulo, também adora aquelas bandas da capital pernambucana


efuncs

Anônimo disse...

Os centrões das grandes cidades são mesmo iguais e há um pocuo de beleza em tudo isso pq lembra a infância, pelo menos a minha.