quinta-feira, 16 de julho de 2009

Cegamente



Não, não entendo muito de mim nem dos meus avessos, o que é fazer sentido? Dar conta de si enquanto espera a vez na ante-sala do dentista? De pequenos recortes de sonhos nebulosos eu vivo, não preciso de mais nada que me dê um norte, eles me bastam, são suficientes, pois se de olhos fechados, perdida e solta, deixo meus medos e limites de lado, por que não haveria de, em troca, cegamente confiar? Nos olhos ainda há o brilho antigo que se espalhava em pequenas porções de ternura e violência misturadas, quase sempre vividas em desproporção, eu nunca entendi exatidões. Hoje ainda passeiam esses arrepios de menina na pele da mulher que sente as dores e os espantos alheios como se fossem seus, por muitos deles já ter quase vivido. Uma mulher a quem você pensa conduzir com um sorriso terno e condescendente. Essa mulher que também te sorri, sente, no fundo da alma, uma justa e sincera piedade por você, pelo que você esconde, pelo que você teme. E seguirá assim, sem medo de nada que lhe vem de dentro, mas completamente aturdida pela vida lá fora. Ao contrário de você.

2 comentários:

Anônimo disse...

pois é,depois dos destemperos sempre chega a poesia,o sentir quase medido com as palavras.Essa é vc,quem te conhece,te compra. rsrsrs

Bjos e []s

Ivette Góis

Anselmo disse...

arrepiou

;)