
às vezes tudo parece sonho comprido, exaustivo, em preto e branco. as cortinas quebraram, o vinho azedou, a poeira cobriu os móveis e a minha cara, os jornais estão empilhados na porta da frente, assim como as roupas que não vou guardar. o sono me toma e eu prescindo de receitas infalíveis: conversas de bar, filosofias baratas, histórias requentadas nas quais o idiota da vez é sempre o mocinho, o que se deu bem, quando, na verdade, é apenas o mais infeliz dos clowns. quero qualquer coisa que está ao meu alcance e tão distante, quero falar do poço até me esvaziar, quero chorar até perder a voz em soluços, quero um abraço, quero só isso, mas de verdade. o abraço de quem tem coragem de ouvir sem interromper, de quem sabe que essa dor também lhe pertence pelo simples fato de estar vivo e que por ser assim, e tacitamente aceito, não vai se desconcertar diante dela. quero o impossível, eu sei, e não faço concessões. se isso não lhe agrada, me deixe em paz e vá viver a sua farsa de cada dia. cansei de fazer de conta que estou presente.
6 comentários:
Pega leve, Kenia Mello, assim você destroi todas as ilusões e esperanças já tão perdidas...
o anônimo deve ter tomado a farsa pra si...
Mas digo q apesar de tudo,me encantam sempre a coragem e a lucidez.
Bjos e []s
Ivette Góis
Ivette, sem querer enfiar o dedo no suspiro (e já enfiando), na maioria das vezes a coragem é apenas falta de opção...
Ke, eu sei que é egoísmo meu, mas preciso de você. Responda meu e-mail, sua catraia.
Cristiana,se a coragem é apenas falta de opção, viver em covardia seria A opção?
Ai, Ivette. Faz uma pergunta que não seja de vestibular, mulher!
Sei não, acho que uma coisa redunda noutra. Por paradoxal que seja. Falo de mim, que só sei de mim (e olhe lá).
Cristiana,mas o q é a vida além de uma questão de múltiplas escolhas?rsrsrs
Bjos e []s
Ivette Góis
Postar um comentário