
O corte revela o tempo passado,
sem alarido:
arbóreo relógio de estações centenárias.
Sob a superfície do invisível estão os nós,
os sulcos,
os misteriosos desenhos,
materializados,
concretos,
ao alcance,
sem que se percebesse o silencioso mourejo.
Tomou-me há dias a sensação de madeira talhada:
um mundo subterrâneo me convoca.
Guiada pela música incidental
das profundezas da terra,
aquiesço: a febre me consome e embala.
Na escuridão,
as raízes se contorcem buscando o mais fundo,
húmus,
seiva,
fertilidade de novos ramos,
brotos.
Diante dessa orquestra laboriosa e úmida,
húbris,
veleidades,
são poeira e
nada.
O transitório, que tudo esmaga,
esculpe sinuosidades nas nossas entranhas.
7 comentários:
gostei da imagem do passar do tempo refletido nos veios da madeira,muito bonito mesmo.E é justamente a partir de imagens simples q vc cria textos tão bonitos nos quais o concreto e o imaterial se fundem.
Bjos e []s
Ivette Góis
Mas bah, guria.
Que lindos versos...Nem mesmo os anos retratados no lenho da centenária árvore a fazem definitiva...É transitória, como transitórios somos nós os donos da Terra, que no final, não passamos de inquilinos!
PS.:
Estou fazendo um link do Taras, Torá, lá no ARTeiro.
Maravilha de reflexão evoca essa imagem e texto.Cheguei aqui pelo Dilermano, do Arteiro... Beijos,chica
Ivette, A leitora. :)
Beijos.
Diler, que coisas lindas você escreveu! E obrigada por ter referido o texto no seu blog.
Beijos.
Chica, bom ter você por aqui. :)
Reflex]ao profunda, verdadeira, arrebatadora.
Bjs
Dediquei um selinho para você!
Passa lá!
bjs
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