terça-feira, 3 de junho de 2008
O som e a fúria de Tim Maia
Tudo em Tim Maia era superlativo: sua voz, seu temperamento, sua sensibilidade musical, sua paixão pelos animais, seus amores e desilusões.
Dono de uma voz monumental e de um gênio irascível, ele era a personificação do contraditório: alternava horas de extrema generosidade com rompantes de agressividade, era uma verdadeira bomba relógio. No entanto, tinha um respeito quase sagrado pela mãe e sofria de saudade do filho. Tim era um homem que carregava dentro de si um mar em tormenta. Era amoroso, carente, espirituoso, malandro, inteligente e furioso. Não reconhecia limites, ele mesmo os fazia. Viveu como quis e se partiu cedo, foi por decisão própria. Ele foi coerente até na insensatez.
Se você gosta de MPB, terá uma boa oportunidade de acompanhar a cena nacional desde o final dos anos 50, passando pela Jovem Guarda, Bossa Nova, Tropicália, o rock nacional dos anos 80, e verá também o início da carreira de nomes como Roberto e Erasmo Carlos, Jorge Ben Jor, Elis Regina, Rita Lee e outros. E Tim Maia que transitou por todos esses espaços com o seu desconhecimento de teoria musical, mas com instinto e ouvido musicais raros.
E o fato de a biografia ter sido escrita por Nelson Motta, amigo de muitos anos e parceiro em projetos musicais, possibilita ao leitor uma proximidade tal com a figura de Tim Maia que dá a impressão de que ouvimos a gargalhada, os palavrões e a ginga de carioca suburbano que o caracterizaram.
Tim atribuía o sucesso dos seus discos ao que ele chamava de combinação perfeita entre o mela-cueca e o esquenta-suvaco. E odiava ser chamado de brega. E eu concordo com ele. Quem nunca dançou ao som de Tim Maia ou sofreu por amor embalado por seu vozeirão que atire a primeira pedra. Tim era um romântico na verdadeira acepção do termo: marginal, desiludido, solitário e iconoclasta.
Fez 10 anos em março que o síndico se foi. Seus fãs continuam morrendo de saudade.
No vídeo, o último show (inacabado) de Tim Maia:
Assinar:
Postar comentários (Atom)
11 comentários:
Tim merecia um biografo melhor que Nelsinho Motta... (Peitiquei)
Mas Nelson foi um dos poucos que se manteve sóbrio pra isso. Hehehe
Nélson Motta não teve a intenção de escrever uma biografia acadêmica, Gio. Ele mesmo diz isso no livro e nas entrevistas que deu.
Fiquei com vontade de ler o livro, Kenia. Eu adoro o Tim e tenho suas melhores músicas aqui em casa... de vez em quando ele invade a casa com o vozeirao e enche meu coraçao de melancolia. (De vez em quando eu faço de propósito e piso na jaca... depois de Tim, boto a Marron e choro. Ui!
Sebastiãos são furiosos.
Olha o Santo.
Tem o Seba, que era.
Tins e Sebas morrem cedo.
Mas os metais do Vitória Régia, hein? Nem a tchurma do Quincy Jones.
Nelson Motta é um pastel mas pelo menos tem estilo. Dos que viveram ao vivo as façanhas do Tim, o NM é o que escreve melhorzinho. Fernando Moraes tava muito ocupado fazendo a biografia do Paulo Coelho. Num li mas vou dar uma conferida.
Como diria o Síndico "Não fumo, não bebo, não uso drogas. Só minto um pouquinho"
Tim Maia é conhecidíssimo, até mesmo aqui em Portugal. No entanto, conheço muito pouco da sua obra. Vou procurar aí tudo o que puder sobre ele para o conhecer ainda mais ;)
Beijo!
Pois é, Kenia e o livro está aqui me esperando desde o dia das mães que ganhei-o de presente do maridão. Acontece que estou lendo ainda um outro de guerra e não quero misturar os dois temas, embora faça isso constantemente.
Mas, quero deixar a cabeça só para ele quando o pegar, pois sei que vou mergulhar num mundo muito legal e que fez parte da minha juventude.
Beijos cariocas.
Eu tenho uma teoria: os "gordinhos" são meio tarados e bem humorados...hehehe
Agora é sério: o que eu acho legal de Tim Maia é que ele foi precursor de um estilo...
Tim Maia teve fases boas e ruins na sua carreira, mas no geral fez muito mais coisas boas do que ruins. E ganhava crédito só pela porralouquisse dele.
Hum, quero ler...
Postar um comentário