domingo, 2 de agosto de 2009
O Amor
Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos,
apareça
numa alameda do zôo,
sorridente,
tal como agora está
no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela,
que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame
de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então,
de todo amor não terminado
seremos pagos
em inumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo;
a mãe,
pelo menos a Terra.
Vladimir Maiakovski (1923)
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5 comentários:
se não estou enganada,Gal canta uma versão desse lindo poema de Maiakóvski.
Bjos e []s
Ivette Góis
Isso, Ivette, Caetano musicou esse poema. Gal é quem canta.
Beijos.
Eu adoro esse final "Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo;
a mãe,
pelo menos a Terra."
Isso mesmo, Gal canta o que magistralmente Caetano tocou com sua varinha.
bjs cariocas
Tem gente, até hoje, qua acha que esse poema é de Gal/Caetano, assim como quase ninguém sabe que "Romance da Lua Lua", Gravado por Amelinha, é de Flaviola sobre poema de Frederico Garcia Lorca... :D
Beth, que história é essa de "varinha de caetano"?
revianni
Well, se Paula Lavigne, que é ex, diz que ele é bem-dotado, não sou eu quem vai contestar. :P
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