sexta-feira, 11 de setembro de 2009






era noite quando do sono fui retirada, ainda tonta, e não em rota de salvação ou fuga: fui lançada no abismo sem premissas de chão, vertigem sem tempo de nó na garganta, sem anteparo, sem cuspe, sem beijo na boca. fui despejada de mim e lançada na irrealidade do que viria a seguir e para sempre. e saído triunfante das imensidões da agonia e do terror, ele, enfim, se deu a conhecer na crueldade do dia em que eu soube o que era o irreversível. E hoje quando te ouço dizer, num misto de desdém e raiva, que irradio a presunçosa calma de quem já viu tudo, apenas lhe respondo que sim, eu vi. e do inferno do qual retornei, você não merece o relato.

2 comentários:

DILERMArtins disse...

Mas bah, Kenia.
Linda texto, é comovente a sensibilidade daquele que "já viram tudo", e que por compaixão
e amor ao próximo, mesmo provocado, não conta!
Parabéns pelo texto.

Anônimo disse...

Kenia,estou aqui em reverência a tudo pq sei dessa natureza soturna q aterroriza e enche de subterfúgios a quem não consegue desviar-se do horror q é vê-la.
Delicadeza e amor únicos de quem em pedra poderia revidar,mas q ao invés,lança mão do afago pq sabe q certas asperezas,mesmo provadas até a última gota,não devem ser perpetuadas,o gesto do amor,mesmo sabendo-o fadado ao nada,é o q de melhor podemos dar,a despeito de tudo.
Obrigada por me dar a oportunidade de falar coisas tão aparentemente sem sentido mas q muito dizem e representam para mim.

Bjos e []s

Ivette Góis