
A poesia, no entanto e a despeito de qualquer coisa, floresce mesmo em solo áspero. Resistente tal qual erva daninha, brota em qualquer lugar e em meio às intempéries: havendo um sopro, efêmero que seja, eis que ela surge. Poesia: respiração, cadência e matéria, imagens e ritmos que se fundem e dizem, intransitivamente. Poíesis. Aranha laboriosa de infinitas teias: poemas urdidos em finos e viscosos fios, que atapetam os desvãos do interdito e esperam tão-somente que uma fresta se abra e a luz os exiba em resplendor, exatidão e reverente silêncio. Ubíqua poesia, no papel, na boca dos poetas malditos, na língua dos amantes. Poesia virtual: no gigantesco rizoma das infovias, a aranha insiste em engendrar suas teias entre zeros e uns. E por que não?
(Trecho do meu trabalho de pós-graduação sobre a produção em poesia e prosa poética na blogosfera brasileira).