quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ainda sobre a questão da burca








Diante dos comentários sobre o post anterior aqui e no Facebook, gostaria de esclarecer alguns pontos. Baseio meus comentários nos principais argumentos que as pessoas usaram para apoiar a atitude do governo francês: a submissão feminina e a segurança.

Em primeiro lugar, gostaria de dizer, mais uma vez, que os argumentos acima não apoiam a minha opinião: apenas o princípio da reciprocidade me faz ser favorável à decisão do governo francês, como afirmei no post anterior.

Quando alguém diz que a mulher muçulmana é oprimida porque usa véu, burca e demais paramentos, está assumindo, aí sim, uma postura etnocêntrica: colocando a (pseudo) liberdade da mulher ocidental como algo superior e que deve ser copiado simplesmente porque é o melhor que se pode pensar para a mulher. Particularmente, acredito que muitas mulheres muçulmanas talvez não gostem de usá-los, mas e as que gostam? Não acredito que seja por aí. Agora, nesse nível de argumentação, por favor não incluam a estirpação de clitóris (clitoridectomia), o direito de matar para lavar a honra familiar etc. Na minha opinião, são costumes selvagens e primitivos, que devem ser banidos mesmo. Foda-se quem vir etnocentrismo na minha opinião. Qualquer prática que cause dor, mutilação, sofrimento e morte deve ser execrada. Apenas entendo que na questão da burca, usar essas práticas como argumento para levar vantagem na discussão é desonesto. Volto a repetir: a maioria das mulheres muçulmanas não se opõe a usar véu, burca etc. Tem as que não gostam e usam por obrigação? Lógico. Estar sempre magra, maquiada e produzida muitas vezes também não é um fardo? Ora.

Agora, o pior de tudo é justificar a proibição da burca porque ali dentro pode estar um(a) terrorista. Paranóia, medo instigado e cultivado no pós 11 de Setembro para justificar perseguições, pura propaganda coersitiva. O controle pelo medo, bem a cara dos Estados Unidos da América. Pode haver um homem-bomba ali dentro? Claro! Mas, como argumentou uma amiga minha no FB, e um Ronald McDonald, ícone do fast food americano, também não poderia escondê-lo? Menos, menos, pessoal.

Volto a tocar na tecla da reciprocidade. E volto a não entender por que ninguém que é contrário à atitude do governo francês consegue justificar a intolerância muçulmana em exigir que as mulheres ocidentais, em terras de Allah, tenham de se cobrir. Em um fim de semana desses, conheci, em casa de um amigo, uma mulher (brasileira) que mora em Dubai e ouvi dela a agonia que é ter de se lembrar de cobrir os braços, o colo etc. para sair de casa. E logo Dubai, que abre as pernas para os infiéis ocidentais... Pois é.

Um comentário:

Anônimo disse...

O q eu sei é q essa questão da proibição vai render muito,vai dar uma confusão daquelas e talvez retaliação,pq os fanáticos não perdoam.

Bjos e []s

Ivette Góis