quinta-feira, 9 de junho de 2011

Saúde na Holanda -- Primeiras impressões



Segunda-feira passada, tivemos nossa primeira experiência hospitalar aqui na Holanda. Foi o dia da consulta oftalmológica de Mariana.

Como falei anteriormente, primeiro passamos pelo nosso huisarts (médico da família), que fez o encaminhamento para o especialista. Mas isso ocorreu porque demos sorte com o nosso médico da família. Explico. Na consulta de Mariana, explicamos que, no Brasil, seu oftalmo sugeriu que os exames de vista fossem feitos anualmente e também relatamos o fato de que lá esses exames são realizados por médicos, ao contrário daqui: podem ser feitos por técnicos nas próprias óticas, mas também em hospitais, também por técnicos. Os médicos oftalmologistas só entram em ação em casos mais graves, cirurgias etc. Dr. G. nos explicou como as coisas funcionam aqui, mas solicitou que Mariana fosse examinada por um médico e que suas consultas fossem anuais.

E lá fomos nós para o OLVG, hospital de Amsterdam, bem perto da escola internacional de Mariana:




Os diversos setores de atendimento (o nosso foi o 3):



O hospital é imenso e essa é apenas uma das áreas de atendimento. Tudo muito organizado, limpo e com um excelente atendimento. Desde o setor de recepção até o momento da consulta, foi tudo muito tranquilo.

O exame foi feito por uma técnica e todos os procedimentos foram mais ou menos iguais aos do Brasil. A moça voltou a explicar que aqui o exame é feito por um técnico, mas como o nosso huisarts havia solicitado, viria uma médica fazer a avaliação dos resultados.

A sequência foi esta: exame inicial, dilatação de pupilas, espera, abuso de Mariana, mais exame, vinda da médica, que chegou, se apresentou, apertou nossas mãos, olhou os exames, disse mooi (bonito, mas nesse contexto é melhor ser lido como satisfatório :P), disse tot ziens (até mais) e partiu. Honestamente? Nem precisava a criatura ter vindo. A técnica fez tudo como deveria ser feito, inclusive, se comparado com o tempo das consultas no Brasil, foi até mais demorado.

Aí está outro ponto que preciso rever. No Brasil, as pessoas costumam mal avaliar os cursos técnicos por diversos motivos, um deles, claro, é a falta de qualidade do ensino, a qual não é primazia somente dos cursos técnicos, infelizmente. Aqui, pelo pouco que pude ver e ouvir das experiências alheias, os cursos técnicos são muito bons e não há preconceitos e picuinhas entre os profissionais de nível técnico e os de nível superior. As duas profissionais se trataram de igual para igual, inclusive enquanto a médica soltava os seus mooi, era a técnica quem repassava os resultados para nós. Ficou claro que a presença dela foi apenas porque houve solicitação formal. E o bom foi que as consultas de Mariana vão permanecer anuais.

Tem muitas coisas relativas ao sistema de saúde daqui que eu questiono e quando for oportuno, falarei sobre elas com o nosso médico. Mas acredito também que não dá para mudar de país e achar que o que se faz por aqui é completamente errado e destituído de lógica. Não se trata de aceitar tudo passivamente porque "tudo aqui é melhor", como muitos deslumbrados pensam só porque passaram a morar em um país de primeiro mundo. Mesmo porque a saúde no Brasil, para quem pode pagar, claro, não fica devendo nada para nenhum outro país do mundo. A questão é estar aberto às diferenças e procurar entender por que os procedimentos são diferentes. Se a coisa fosse tão ruim como muitos falam, os índices de saúde daqui seriam piores que os africanos. Então, o momento é de abertura e observação.


6 comentários:

Anônimo disse...

Pelas fotos dá pra ver que é tudo muito organizado e bem conservado, igualzinho aos hospitais daqui do Brasil (os não particulares)...rsrsrsrs
Mas você disse uma verdade: pra quem pode pagar, temos uma das medicinas mais avançadas do mundo, pena que apensas pra quem pode heim?
E que bom que a primeira experiência fi boa, depois me conte sobre o preventivo, não saiu da minha cabeça. rsrsrsrs

Bjos e []s

Ivette Góis

Kenia Mello disse...

É verdade, Ivette, tudo muito limpo, organizado e o atendimento excelente. Não posso dizer por essa única experiência que tudo aqui é assim, mas até agora, no quesito médico/hospital, está bem satisfatório.

Agora que meu plano de saúde já está ok, vou marcar uma consulta com dr. G. e, dentre outras coisas, conversar sobre o preventivo, que por acaso está na época de ser feito. Também estou com isso na cabeça. Hehehe
Beijos.

Rydi disse...

Oi Kenia,
Eu gosto muito do sistema de saúde da Holanda, depois de muito tempo é que vim entender melhor as muitas das razões disso e aquilo. Claro que nem todos os profissionais(isso em qualquer lugar do mundo) honram o diploma que recebem, mas no geral, pelo menos no meu balanço, é positivo :)

Kenia Mello disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Kenia Mello disse...

Rydi, a minha cunhada, que mora aqui há 10 anos, teve uma péssima experiência, um parto inimaginável, normal, que ela foi forçada a fazer, mas isso não pode ser motivo pra generalizações, né? Uma prima minha perdeu um ovário no Brasil também por causa de barbeiragem médica, coisas assim acontecem em qualquer parte do mundo.
Acho que a questão é estar aberto para entender as diferenças e, sim, dar sorte de encontrar bons profissionais.

Line disse...

Eu já passei pelo momento de conhecimento, abertura e observação. Já passei por endocrinologista e reumatologista, ambos muito bons. Infelizmente agora estou no momento quebrando-o-pau mode on com a minha huisarts por conta de uma consulta ao ginecologista que eu preciso fazer. Ela acha que eu tenho que esperar, porque a natureza é sábia e vou me curar sozinha zzzzzzzz. Desisti, vou me consultar na Bélgica onde o sistema é bem diferente do daqui.

Beijos!