quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Tem quem agüente?

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Ando meio sem paciência pra certas coisas que acontecem no dia-a-dia, mas que quando se está no limite, assumem os contornos de verdadeiras afrontas ao humor, inteligência, sensibilidade, higiene e demais afins. E não tem nada a ver com TPM, não, viram? Trata-se de pequenas coisas que só vêm a provar que determinadas pessoas foram educadas numa pocilga ou num estábulo - que me perdoem os reais habitantes desses recintos...

E quem agüenta?

Entrar no MSN. Estar ocupada, colocar o status "Busy", tentar se concentrar no que está fazendo. De repente: "Ei, você está aí?" "Está ocupada?" Nem respondo mais. Porque não há quem use esse ou qualquer outro programa de bate-papo que, mesmo sem saber inglês, desconheça o significado oculto, messiânico e abissal desse status.

Ainda no MSN.

O lado oposto da história. Alguém que sabe muito bem o que significa "Online", usa o dito cujo, se ausenta do computador e quando alguém tenta contatá-lo (a), acha ruim, injuria-se e coisa e tal. Será que alguma divindade hindu poderia traduzir pra essas criaturas a palavra "Away" e todas as suas implicações filosóficas? É por essas e outras que detesto o MSN. Só uso mesmo quando quero fazer hora ou quando é o meio mais rápido para falar com quem preciso. E só.

Cinema.

Adoro.
Mas tem coisas que exasperam...
Criaturas ruminando pipoca é uma delas. A mãe não ensinou que é feio (e nojento) mastigar de boca aberta, não? Porque ninguém é obrigado a ouvir cada croqui de pipoca mastigada, né? Tomem tento e aprendam com as cabras, elas sabem das coisas.

Outro dia, fui assistir a Pecados Íntimos, filmaço, numa sexta, estréia e tudo mais. É o tipo de filme que não atrai muitos adolescentes, que salvo raríssimas exceções, estão cada vez mais mal-educados. Só tinha terceira, ops, melhor idade (não me perguntem a razão porque desconheço, quando eu chegar lá talvez descubra...). Pensei: vou me dar bem. Sem bagunça, celular tocando, quiquiqui, ruminâncias e outras cositas mas.

Ledo engano. Três poltronas depois de mim sentou-se uma distinta senhora de cabelos alvíssimos e pacote de balas imenso. Literalmente chupou e resfolegou umas três antes do filme. E eu me contorcendo... A sorte que chegaram mais pessoas e ocuparam as cadeiras. Sobrou uma junto da minha. Sentou-se um melhor idade. De sorvete na mão. Cena erótica e imprópria pra menores se seguiu e, claro, com sonoplastia e tudo! O que me consolou foi saber que o sorvete uma hora teria que acabar... Mas restava sempre o casquinho. Mesmo pensando que poderia haver a possibilidade de ele desprezá-lo, nem me empolguei com a lembrança e aceitei o pior, porque quem toma sorvete com aquele ímpeto jamais desprezaria o casquinho. Coisa de gente sem religião... Mas agüentei, sorte que o filme valeu e pior seria se o babão sofresse de incontinência flatular. Bora jogar o contente, né?

Academia.

Chego depois de deixar Mariana na escola. Atrasada (eu), uma série monstruosa e todos os aparelhos que eu vou usar ocupados.Uma infeliz vira pra mim e pergunta: "Quem foi eliminado?" Como assim, Bial? Olha bem pra minha fisionomia e me diz se eu tenho cara de quem assiste ao Big Bródi. Te assunta, sujeita!

Tenho o sono leve. Acordo por nada e depois pra dormir é complicado.Meus vizinhos de cima, que eram uns amores, mudaram. Dei graças a Deus, porque a despeito de serem miguxos e fofuchos, eram barulhentos demais.

No lugar, veio morar um melhor idade, sozinho, apenas com a empregada que o acompanha desde o Neolítico. Perfeito! Minhas preces foram atendidas... Só que pro meu infortúnio, o namorado dele parece que mudou em definitivo para a residência e reformas foram feitas, amigos. E como! Só essa semana fui acordada duas vezes depois das 23h porque o arrastado de móveis estava comendo no centro. Deve ser uma nova modalidade de sexo geriátrico. Só imagino a trilha sonora... Depois falo pra vocês se o creme pra hemorróidas funciona, viram? Pras olheiras, lembram, mentes porcas?

Quarta-feira. Eu e Gláucio na fila da lotérica antes das Cartas de Iwo Jima - sim, levamos muito a sério o post da Mega-Sena acumulada. Fila da besta-fera, diga-se de passagem. Um caixa reservado pra Idosos e Deficientes mediante documento, claro. E tem documento que ateste deficiência? Essa eu não sabia. Uma mulher grávida se dirigiu a esse guichê reclamando porque também deveria ser atendida ali. Claro que sim e foi. Depois dela, um japa do interiorrrr de San Paulo foi pro mesmo guichê e quis ser atendido. Nem era idoso, nem deficiente (físico pelo menos...), mas alegou que não tinha escrito Grávidas e que gravidez não era doença. Ainda acrescentou que a barriga da mulher poderia ser gordura e sendo assim, ele também estava grávido. Queria ver esse fela de chocadeira agüentar uma fila com um barrigão de nove meses. Eu sei do que estou falando. Misoginia tem limite, safado.

E falando em contar, lá vem Mariana com um livrinho. Começa a contar as estrelinhas de uma gravura: um, dois, três, quatro, cinco... Beleza! Depois que passa de dez: onze, quatorze, dezessete, dezeoito... E não pode corrigir, viu, mãe?! Adoro a Pedagogia Muderna...

Passa das 22h, dia de semana.

O telefone toca. Eu antendo com voz de sono. Do outro lado, perguntam: "Tava dormindo?" Eu respondo o quê? Quem me oferecer a resposta mais educada ganha dois BIS! É por essas e outras que quando os dois moradores adultos dessa residência se recolhem, os telefones fixos e celulares "vão estar sendo imediatamente desligados". Quem achar ruim que não deixe recado.

Como se não bastassem essas coisinhas miúdas roendo, comendo, amassando aos poucos o nosso ideal, como cantaria a filha mais velha de Dona Canô, ainda tenho que ouvir desaforo do porteiro aqui do prédio só porque eu tive a ousadia de mandá-lo fechar o portão da garagem, que jazia escancarado, dando sopa pra bandidagem, enquanto ele paquerava na portaria uma babá muito dadivosa, que lhe contava todos os seus pobremas pessoais... Dei parte à síndica, que é um@ mulher arretad@, solidária e que leu na atitude do porteiro uma postura machista e desrespeitosa, que não aconteceria caso a queixa partisse, por exemplo, do macho do meu marido. Sacaram? Rua pro safado, que além de querer dar uma de galo na frente da pobremática, ainda deixou de cumprir a sua obrigação. E eu nem fui dormir com a consciência pesada porque o cretino é terceirizado: não foi demitido, vai cantar em outra portaria. De preferência, nos quintos dos infernos.

Mas essas coisas, bem sei, são passageiras. E são ninharia comparadas com a imensa alegria que senti quando, ao sair do supermercado com duas sacolas na mão - na mão, atentem, e não nas mãos porque eu malho braço, minhas senhoras e senhores! -, um cheira-cola virou pra mim e disse: "Quer que eu leve?" Como eu fiz que não ouvi, ele repetiu: "Ei, coroa, quer que eu leve?"Pra quem está a um mês e seis dias dos quarentinha, eis que uma injeção de botox dessas faz um bem danado, concordam? Mas sabem de quem é a culpa? Das zelites que vão ao supermecado e não deixam os trombadinhas carregar suas sacolas até em casa. E são trombadinhas com dupla jornada de trabalho, coitados. De dia cheiram sua colinha e ajudam a carregar as compras das zelites e de noite batem carteira, colocam fogo nas lojas das redondezas e tal e pá. Sou do pedaço e sei das paradas, tão ligados?
Eu preferia estar Away...

Kenia Mello

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