terça-feira, 12 de agosto de 2008
Papo cabeça
Eu tenho horror a papo cabeça.
Aquela coisa de energias que fluem, da vibração do ambiente e da influência das cores no humor do ser. Da aura carregada e das couraças de Reich. Tenho horror.
Mas nem sempre foi assim. Já tive minha fase de estudante de psicologia, que usava Havaianas num tempo que só pobre, hippie e maconheiro (o que vem a ser uma redundância) usavam. Já li Baduan, joguei I Ching, deixei de raspar as axilas, tomei muito ban chá e mastiguei arroz integral à exaustão, mas isso faz mais de duas décadas.
E que isso seja papo de quem hoje tem seus 20 e poucos anos eu até compreendo e faço vista grossa porque não gosto de rir da vergonha alheia e também não quero que a criatura lembre da minha cara de enfado quando a lucidez chegar. Ressaca moral é uma merda e eu não desejo isso para ninguém. Nesses casos, guardo a minha impaciência com esse tipo de folclore só para mim.
Mas o que muito me admira é encontrar coleguinha de dobrada do Cabo da Boa Esperança na contramão do movimento: quem antes olhava com desdém para as minhas saias de batique, hoje está conectado com a energia do cosmos e girando na perplexidade da sua condição de mero átomo de carbono em face da grandeza do universo.
Ah, um tanque de roupa suja...
Fotografia: aqui
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12 comentários:
Engraçado que eu, mesmo tendo digerido previamente toneladas de arroz integral, kimpira de nabo com agüê, gersal, umemboshi, cebolinha cozida no vapor, sempre girando no sentido yin para yang, e bebido alguns hectolitros de ban chá, usado chinelo de dedo a minha vida toda, viajado de carona, tenha freqüentado alguns dos lugares mais underground desta capital pernambucana, nunca entendi o porque da denominação "papo cabeça", quando fica no "velho, meirmão, sóóóó, digaí velho, pó di crer..." tá mais pra Maria Antonieta, ou seja, sem cabeça :D
jruti
Eu queria ver tua expressão facial numa hora dessas... mas de longe!
rsss
Eu quero ser tua amiga sempre, víci?!
Juro q nunquinha cum papo cabeça.
Inclusive em bons tempos de muitos momentos livres, nossos papos estavam mais classificados como abobrinha.
A vantagem é que ñ é tão calórico:P
liáizzzz... tenho uma idéia diferente acerca de papo cabeça e tá + praqueles q acham q só eles dominam certos temas.
Ou seja: o papo dos tais pseudo-intelectuais é q eu acho um tremendo papo cabeça... to forinha:P
Nos meus momentos de descontração que são (quase) todos, eu estou mais pra: eu ñ sei dizer o que quer dizer o que vou dizer :p
bjão
R.
Gio, isso aí não é papo cabeça, mas, sim, sem pé nem cabeça. :P
Só não me diga que você freqüentava o Céu e Terra, na Riachuelo. :D
Regina, e não é isso? Aqueles papos que parecem ser herméticos por profundidade, mas o são por excesso de rococó e falta de conteúdo. :P
E vamos combinar que falar abobrinha é o que há, hein? Adoro! E tu sabes, né? ;)
Beijos.
"Só não me diga que você freqüentava o Céu e Terra, na Riachuelo."
huáhuáhuáhuáhuáhuáhuáhuáhuáhuáhuá®
Trabalhava quase em frente...
Também freqüentava o Grão...
Teve uma vez que eu tava no Céu e Terra e encontrei João Paulo, , então deputado, e eu tava tomando (no bom sentido, claro) uma sopinha de missô, ou coisa que o valha, e o mago: "Tu gosta de sopa de entrada, é?", eu disse que sim, e ele: "Não me dou bem não, fico muito cheio...", hoje em dia quando encontro com ele vejo que ele tá cheio é agora :p
vztvc
realmente,aturar neohippie e papo cabeça requentado é dose.rsrsrs
Bjos e []s
Ivette Góis
Se tomar bancha e' papo cabeca, japones e' so' cabeca?
Nei Sam, comer macrô sem tomar ban chá era como comer pizza sem queijo, saca? :)
Ah, nem me fale!
E quer ver onde você encontra um monte dessas figurinhas? Em Ipanema e Leblon. Eles acham que ir para aquele bairro é só dar uma de artista e tomar esta postura b.... que você falou aqui.
Tô fora!
beijos cariocas
Dessas comidas e bebidas que vocês citaram aí, eu só provei arroz integral até hoje...
nada como encostar a barriguinha num tanquinho cheio de roupa suja para reequilibrar as leis que regem o Universo
as mulheres sao a nossa salvacao
Engracado, nos somos da mesma geracao e minha hipagem foi ate os 16 anos. Nao dava pra ser chic. Depois virei podre, punk atrasado nos 80.
A urbe de SP ja tinha seus Bob Cuspes, ever.
Lilás, é uma coisa séria esse povo a nível de falta de assunto, né? :P
Beijos.
Repórter, pois até hoje ainda como arroz integral, acho delicioso.
José Luís, o Universo estaria bem mais equilibrado se assim fosse, nera?
Nei, por aqui o punk não teve muita vez, não. São Paulo e suas periferias tiveram uma identificação maior e mais imediata com o movimento.
Pernambuco tem uma cultura mais tradicionalista, que valoriza as raízes e isso é muito presente em tudo. Os hippies de butique combinavam mais com o maracatu, o frevo, os caboclinhos etc. etc. Uma miséria. :P
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