quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Brincadeira de criança






Hoje cedo, em resposta ao apelo de Ana Maria Braga para que as pessoas doassem brinquedos para as crianças de Santa Catarina, ouvi, na academia, o comentário de duas senhoras que, não fosse pela minha convicção de que nessa altura do campeonato (delas) nada mais resolve, eu teria dado uma resposta bem atravessadinha.

Porque eu acho que, tudo bem, as pessoas têm o direito de emitir suas opiniões, por mais imbecis que elas sejam. Mas ter quem endosse é demais. Com o passar dos anos, aprendi a ligar o botãozinho do foda-se e deixar correr solto, mas confesso que tem dias em que esse exercício de complacência com a ignorância alheia me é particularmente custoso.

O comentário que me irritou foi mais ou menos o seguinte: Com as pessoas lá passando fome e frio, precisando de remédios e demais gêneros de primeira necessidade, acho um absurdo isso de recolher brinquedos. A companheira concordou com um sem sombra de dúvida.

Há quase três anos, Mariana, vítima de uma pneumonia grave porque mal-diagnosticada, ficou uma semana internada. Num estado de fraqueza e prostração que nos levou quase ao desespero. Pela primeira vez na vida, tive a dimensão do horror que é a possibilidade de perder um filho. Nem para os maiores cretinos da face da terra desejo tal situação.

No terceiro dia de permanência nossa no hospital, a Brinquedoteca foi liberada para Mariana. A coitadinha ia com soro no braço, eu segurando o suporte. Ela, fraquinha, pele e osso, brincava. Nos dias seguintes, a melhora de Mariana era visível: já tinha mais disposição para andar, se alimentar e voltar a ser o que sempre foi. Graças ao poder da atividade lúdica porque o normal para uma criança, esteja ela doente ou não, com algum problema emocional ou material, é brincar.

É através da brincadeira que a criança apreende o mundo que a cerca, elabora conceitos, lida com seus problemas e até sinaliza para que observemos mais atentamente se as coisas não estão bem. Criança deve e precisa brincar. Realizar atividades lúdicas e educativas. Ou simplesmente fantasiar: brincar de princesa, super-herói, monstro, de casinha, de bola, de carrinho, de massinha, de colorir. Brincar.

Fico me perguntando se essas duas senhoras tiveram filhos e se seus filhos tiveram infância. Pelo jeito, parece que alguém perdeu alguma coisa no meio do caminho...

12 comentários:

Giovanni Gouveia disse...

Ou então é falta de "brincadeira" na maturidade...

parch

Anônimo disse...

um comentário realmente muito infeliz da parte dessa senhora.E neem estou me referindo ao período natalino onde é praxe a oferta de briquedo para as crianças.

Como educadora,assino embaixo de tudo q vc escreveu sobre a atividade lúdica.

Bjos e []s

Ivette Góis

Anônimo disse...

Oxi madama

Elas não bricaram e nem "brincam" :P

Putz eu não sou educadora, nem tenho conhecimento dos conceitos de "atividades lúdicas" mas é tão natural perceber a mudança da criança frente a um brinquedo e se ela não reagir algo vai mal. Brincar, alegria, divertimento, tirar as tensões... tão óbvio que isso ajuda. Tais figuras esqueceram que foram crianças? Será hein?

Ainda bem que tu visse que num ia ter jeito porque ia se cansar argumentando com as "Senhôras"

Grunf... Onde ja se viu perder tempo brincando né?

Beijoooo Naná toda perfumada :P

Kenia Mello disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Kenia Mello disse...

Isso é que é um blog chique: o povo só vem comentar perfumado. Hehehe

Anônimo disse...

ondé que eu assino embaixo? esse povo que só concebe que algo é bom se for "útil" merece viver a vidinha ordinária que vivem, e espero que isso seja um bom destino pra eles. qualquer dia reedito uma tirinha do laerte qhe diz tudo.

Anônimo disse...

É que tem gente que vive no seu próprio mundinho de m...., frustrada e só olhando pro umbigo. Assim não vê que é nas pequenas "besteirinhas", não só para as crianças, que estão grandes alegrias. Qual a mãe ou pai que não fica todo bestão quando vê um filho feliz?

Beijos
Elga

Anônimo disse...

É uma pena que existam pessoas assim no mundo. Fico pensando quais são as prioridades delas...
Sobre a questão criança e o lúdico, concordo plenamente contigo. :-)

Sweet! disse...

Bom, talvez ñ seja falta de brincadeira, né? Vai q é falta de outra coisa, sô (risos)...

Cê sabe q qdo ouço histórias assim fico mo-rren-do de vontade q essas pessoas encontrem gente bem barraqueira, das que dizem: "a senhora tem mãe na zona, por acaso?"

Anônimo disse...

Quando eu era garota, alguém me falou da seguinte citação, extraída não se onde, mas que até hoje levo comigo como alerta:
"Não respeite um velho pelos seus cabelos brancos. Os canalhas também envelhecem."
bj
R.

Anônimo disse...

Sim, Kenia, as crianças precisam de segurança, e depois de algo assim, precisam de um estímulo...Brinquedos são muito necessarios, e nada impede que se doe tudo: comida, roupa, brinquedos, livros. beijos...

Marco Yamamoto disse...

Senpre acreditei que o ser humano precisa de dois tipos de alimento: tradicional e espiritual.

Mesmo em cenário de guerra, não faz mal nenhum tentar improvizar um clima de natal entre as crianças.

abraços