
Fogo
elemento
pequena candeia ou indômita chama
língua de fogo
perfilada ou em agônico desmantelo sinuoso
Marte, deus da guerra
Ariano destino de cascos que trincam o chão
em estrondo e posse
o poder que emana da luz hipnótica
e do calor escaldante
Fogo
magma que arrasta tudo ao redor
em grossos e lentos borbotões
fúria
ímpeto
queimadura
dor profunda
aguda
Fogo
que tudo consome
desfigura
dizima
beijo feroz e sôfrego
dança de saias negras e rubras,
convulsivas, orgásticas
carmesim
brutal natureza
alimentada por alvas mãos vestais
E quando, por fim, verte-se
em punhados de cinza
O que era labareda
agora é fogo manso
morto
fátuo
brasas esmorecidas:
os seus despojos
Fogo
ele que tudo assola, inclemente,
também purifica e emprenha
e das somas elementares
surge a vida, clandestinamente,
pelas frestas,
sorrateira,
a mais divina e estrangeira das contradições.
6 comentários:
belíssimo texto,sem dúvida um dos melhores dos últimos tempos.E não poderia deixar de vir de uma talentosa ariana.
Bjos e []s
Kenia,
Sabe o que mais admiro nos poetas? Essa capacidade (que você tem) de sentir com a alma!
parabéns, lindo.
beijos
Amor de ariano eh guerra.
Mas bah, Kenia.
Você anda assim, meio que apocalíptica, Primeiro foram as folhas cumprindo seu destino, quietas, inertes, mortas! Agora o fogo esse cavalheiro vestindo carmim e execendo toda a sua força! Ainda bem que no final a vida, tal qual Phenix resurge vitoriosa.
Parabéns, minha amiga, dois belos poemas.
É, eu acho que vi esse filme... A estória das saias me lembrou "Carmen".
Gostei do poema. Muito bom!
Parabéns, amiga
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