quarta-feira, 27 de abril de 2011

E no café da manhã, quer o quê?






Quem acompanha este blog e/ou me conhece fora dele, sabe o quanto o final de 2009 e 2010 inteiro foram difíceis para nós.

No auge da crise econômica, eu não botava a menor fé que Paul fosse contratado, aqui na Holanda, para o mesmo cargo que exercia no Brasil (e um ano depois ser promovido, inclusive), quando muita gente tinha seus salários reduzidos ou mesmo era demitida. E tudo ocorreu de uma hora para a outra. Passamos um mês de férias aqui (abril de 2009) e nesse meio tempo, Paul fez algumas entrevistas de trabalho e tal, mas tudo muito vago. Voltamos para o Brasil e três meses depois, uma empresa liga dizendo querer uma entrevista, Paul volta para cá, faz a bendita entrevista, assina contrato, volta para o Brasil e tem até o final daquele mês para assumir seu cargo na nova empresa. Assim, vapt vupt, do dia pra noite.

Daí que eu e Mariana ficamos sozinhas de repente e lidar com isso não foi fácil porque Paul, apesar de viver viajando a trabalho, sempre foi muito presente. No caso de qualquer urgência, que nunca aconteceu, felizmente, pegar um avião de São Paulo para Recife, por exemplo, não seria nada de mais. Já do outro lado do oceano, a coisa mudava de figura...

Pois bem, minha vida virou de cabeça para baixo, tive de segurar a minha onda e a de Mariana, que se acabava de chorar por causa do pai, tive de dar conta das últimas disciplinas presenciais da minha pós-graduação, redigir meu trabalho de pesquisa em literatura brasileira o mais rápido que pude para ganhar tempo e poder me preparar para o exame de língua holandesa, que fez parte do pacote da imigração; fora as broncas cotidianas, coisas de casa etc. Enfim, eu tive de me virar em mil e sem ajuda de ninguém.

Foi nessa fase que muitas pessoas, tidas como amigas, mostraram realmente quem eram: sequer se deram ao trabalho de fazer uma simples ligação para perguntar se estávamos, eu e Mariana, precisando de alguma coisa. Apesar de na época eu ter me chocado com esse tipo de comportamento, hoje percebo que ele foi essencial porque serviu para mostrar quem efetivamente pode ser considerado amigo. E hoje eu sei quem é quem.

Engraçado agora é ver que esses "amigos" se dividem, em relação a nós, em duas categorias: os que estão com algum problema e acham que nós temos obrigação de ajudá-los (e ficam magoados quando acham que não estão sendo prontamente atendidos por nós, os insensíveis!) e aqueles que vivem mandando recadinho em MSN, Facebook, Orkut, e-mail etc., dizendo que, em breve, vêm nos visitar -- ficando hospedados aqui em casa, claro. Ah, meu, vão tomar no cu, sim?


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Mundiça there and everywhere



Falando agora a pouco com Simone sobre o quanto gostamos de muvuca, lembrei de um episódio que eu e Mariana presenciamos, semana passada, em Amsterdam. Estávamos esperando o 9 na parada que fica na esquina da Kruislaan, quando, de repente (tocando viola), ouvimos um barulho de batida de carro. O acidente envolveu dois carros, sendo que um deles ficou com a frente dividida por um poste. Deste carro desceram duas moças e uma delas começou a bater boca com a motorista do outro carro envolvido na confusão. Eis que quando a discussão começou a esquentar, uma das mulheres partiu pro tapa! Deu uns socos na mulher que estava sozinha e, claro, agarrou no cabelo da triste como se não houvesse amanhã:





Mariana, que nunca tinha assistido a uma cena de pugilato dessas, ficou de queixo caído, igualzinho a quando era bebê e via alguma coisa que lhe chamava atenção. Eu lhe pedi que tapasse os olhos,



mas quem disse que ela resistiu? Continuou lá, com a boca aberta, tadinha, e o pau cantando. O engraçado foi que a agressora estava usando uma roupa de balé, acho que ia ou vinha de alguma apresentação ou curso. Surreal. Felizmente, a turma do deixa disso intercedeu e os ânimos se acalmaram. Polícia que é bom, nada. E se fossem brasileiras é porque eram mundiça. Rá.



Feriado da Páscoa



Aqui na Holanda, o feriado da Páscoa não começa na sexta-feira, como no Brasil, mas, em compensação, hoje, segunda, ainda é feriado nestas terras. A escola já libera as crianças na sexta e como o tempo está maravilhoso por aqui, tem sido uma delícia fazer passeios ao ar livre, ficar em casa curtindo a varanda com sol e cervejinha e visitar amigos. Ah, sábado à noite fomos curtir uns chopps em Amsterdam, já que Mariana dormiu na casa dos tios.

Ontem fomos à casa de um amigo de Paul, na cidade de Almere, para um churrasco -- minha família católica apostólica romana que não leia este post. Ficamos de levar algumas coisas que fossem tipicamente brasileiras. Depois de muito pensar, decidimos levar nosso guaraná Antartica, que Paul conseguiu em uma mercearia brasileira, em Amsterdam, o Finalmente Brasil, e essa maravilha aqui



comprada em um açougue holandês, perto da mercearia. Nem preciso dizer que o casal adorou nossa picanha, né? E a tiração de onda foi fazer o amigo de Paul, Rico, pronunciar o "nha" corretamente, uma vez que esse dígrafo não existe em língua holandesa. Pequena vingança para quem tem de treinar bastante para pronunciar nomes de lugares como 's-Hertogenbosch (cidade, mais conhecida como Den Bosch) e Scheveningen (praia).



quinta-feira, 21 de abril de 2011

Café, queijo e chocolate









Café, queijo e chocolate. Trilogia dos infernos para quem sofre de enxaqueca. O consumo desses três alimentos está fazendo com que eu tenha crises constantes de enxaqueca, que estava mais ou menos controlada no Brasil, uma vez que o café se resumia ao famoso pingado no café da manhã, com mais leite do que café, o queijo era branco, magro, de coalho e o chocolate era bem esporádico.




Com a mudança de hábitos alimentares, estou tomando café duas vezes ao dia e muito mais café, que aqui costuma ser bem forte, do que leite. Como aqui o almoço é substituído por broodjes (sanduíches), o café termina sendo a bebida das duas refeições, manhã e almoço.



Os queijos, maravilhosos, todos amarelinhos, claro. Experimentei o de cabra daqui, mas não achei bom, não, além de bem fedido. Recentemente, descobrimos um boeren que não é pasteurizado, com o gosto e a textura bem próximos do queijo coalho, vamos ver.

E o chocolate, claro. São deliciosos e nem precisa procurar os mais caros, tem um da marca do supermercado AH, com nozes, que é de comer rezando.

Daí que as providências já estão sendo tomadas:

1. Café da manhã sem café -- já em prática. Substituí por leite semi-desnatado com cereais.
2. No almoço, vou trocar a canecona de café por uma menor e colocar leite semi-desnatado no lugar de Koffiemelk (um preparado de leite próprio para o café).
3. Vou procurar usar menos queijo nos sandubas, no lugar, mais presuntos, rosbife etc.
4. O chocolate já está temporariamente banido porque voltei a me exercitar. Parada desde o fim de novembro é que não posso continuar.

Pretendo já voltar a correr em maio, estou usando o resto deste mês para me recondicionar com caminhadas de uma hora, em ritmo forte. Porque praticar esportes também ajuda a controlar a enxaqueca. E vamo que vamo.





quarta-feira, 20 de abril de 2011

A boa idade







Já falei aqui que adoro os velhinhos holandeses? Não? Pois é verdade. Eles são simpáticos, afáveis e adoram puxar conversa. Cumprimentam as pessoas, mesmo as desconhecidas, com alegria e cordialidade. Claro que há exceções e alguns são bem ranzinzas, mas a minha experiência com eles sempre foi muito positiva. Evidentemente, o fato de eu ter sido criada pelos meus avós maternos intensifica essa empatia, mas, cá pra nós, eles são muito fofos.

Se estou na parada do bonde ou do ônibus, é batata! Além do bom dia e do boa tarde (raramente os adultos jovens dão, infelizmente), sempre há o tempo bom ou ruim, a demora do bonde, enfim, qualquer pretexto vale para iniciar uma conversinha. No começo, eu torcia para que isso não acontecesse. Não porque eu não gostasse de conversar, mas porque eu me sentia super constrangida (ainda me sinto, mas menos) em dizer que não falava holandês e responder em inglês. Hoje em dia, digo que não falo muita coisa em holandês, mas que vou estudar blablablá e, o melhor, em holandês! Com todos os erros típicos de quem está aprendendo, sem me sentir envergonhada, porque simplesmente encontro neles encorajamento. A grande maioria diz que a língua é muito difícil mesmo e que eu já consigo me sair bem.

Ontem à tarde, na ida para a escola de Maricota, um senhorzinho chegou e, claro, o dia lindo foi o pretexto para a conversa enquanto esperávamos o 9. Ele disse que trabalhou muitos anos em uma multinacional, arriscou um obrigado e um até logo em português e disse que, apesar da nossa língua também ser difícil, o holandês não ficava atrás. E o povo, às vezes, também é bastante complicado, nas palavras dele. Ri e tive de concordar, de certa forma. Se ele soubesse o quanto brasileiro também capricha na complicação...

Ao contrário da nossa cultura patriarcal, a história por essas bandas de cá é diferente: os idosos são mais independentes no sentido de ter uma vida além da dos filhos. Aqui na Holanda, não é comum, como na maioria dos países latinos, que os idosos morem com seus filhos, que, por sua vez, já constituíram família. Eles moram sozinhos e fazem tudo (compras, trabalhos domésticos etc.) por conta própria, quando têm saúde para tal, e com a ajuda ocasional de parentes ou de alguém pago para esse fim, quando não conseguem mais.

Quando não têm mais condições de viver sozinhos, simplesmente vão para um asilo de idosos. Cheguei a conhecer um em que a tia de Paul morou: era muito bacana, quartos individuais, muita área verde, local para receber visitas, lanchonete, brinquedoteca para as crianças, acesso à net etc. Claro que existem instituições para todos os bolsos, de acordo com a quantia que o idoso pode pagar com a sua aposentadoria, mas nada tão ruim que lembre aquelas clínicas de repouso que nos horrorizam no Brasil.

Mas voltando aos velhinhos simpáticos que sempre encontro, hoje mesmo é uma festa para eles: além de o dia estar lindo, na quarta-feira a criançada só tem aula até o meio-dia, então, é muito comum ver as omas e os opas (vovós e vovôs) passeando com os netos em parques, fazendinhas etc.

Outra coisa interessante é a maneira como eles se comportam no transporte coletivo. Sempre que estou sentada e um deles está perto e em pé, ofereço o meu assento. Eles raramente aceitam, acredito que para mostrar que podem aguentar em pé, apesar da idade. Mas eu sigo oferecendo, claro.

Daí que não tem como não gostar e respeitar cada vez mais essas pessoas cheias de dignidade e simpatia, não? E o fato de puxar conversa também tem a ver com solidão, claro. Essa independência toda também tem um preço.

Uma das coisas que pretendo fazer tão logo esteja dominando relativamente bem o idioma é trabalho voluntário em algum asilo, aqui perto de casa tem um. Além de ajudar na prática do idioma, levo um pouco de companhia para essas pessoas e resgato algo dos meus velhinhos, dos quais sinto tanta saudade.




segunda-feira, 18 de abril de 2011

Diemen



Hoje vou mostrar um tantinho de Diemen, cidade de um pouco mais de 24 mil habitantes e bem próxima de Amsterdam, ao leste. A cidade é dividida em quatro partes: Diemen Noord, onde se localizam o núcleo histórico e um grande bairro residencial moderno; Diemen Centrum (onde moramos); Diemen Zuid, onde se encontram uma grande área residencial do início da década de 80 e um núcleo comercial com muitos edifícios de escritórios. A quarta área comporta as indústrias e a zona rural.

(Clique nas fotos para ampliá-las)



A maioria das fotos que se seguem são de Diemen Centrum, nossa região.

Igreja de Sint Petrus:




Canal visto a partir da DiemerBrug (ponte):




Prédio onde funcionava o correio:




Parte antiga de Diemen:




Interior da biblioteca pública que fica próxima daqui de casa:



Prédio do teatro e cinema também próximo de onde moramos:



E quando precisamos ir à Amsterdam, claro, ele, o bonde 9:




Saindo de onde moramos, depois de três paradas do 9, estamos em Amsterdam. Para o centro, a muvuca, leva uns 15 minutos no total. Eu estou cada vez menos interessada em ir ao centro de Amsterdam, só vou mesmo quando há alguma necessidade. E geralmente para comprar algo, pois o comércio de lá é mais diversificado que o daqui, claro, e, o principal detalhe: as lojas abrem aos domingos, coisa que aqui em Diemen não rola de jeito nenhum. Nas primeiras vezes em que estive aqui, como turista, não queria sair de lá, pois é onde se concentram as lojas, os museus, os pontos turísticos e coisa e tal. Com o tempo, fui cansando das ruas lotadas, do tumulto, da confusão de Amsterdam, coisa de velho, sabem como é.

Mas voltando para Diemen, uma foto da moçada num intervalo de aula (pra ninguém pensar que moramos numa cidade de velho :P):


Inholland studenten Amsterdam/Diemen hebben pauze


Por fim, uma bonita vista da zona rural de Diemen:


Stammerdijk, Diemen, NL

domingo, 17 de abril de 2011

Holanda, o antro de devassidão...






Não se iludam: por trás dessa bela e idílica paisagem holandesa, há toda sorte de depravações e vícios que se possa imaginar! É, a Holanda definitivamente é coisa do demo. Brincadeira minha? Nada! O pior é que muita gente tem essa visão da Nederlândia, tadinha.

Dando uma olhada nos sites de notícias brasileiros, deparei-me com esta nota sobre o ataque de hackers nos semáforos de Nijmegen (no site, a grafia está errada). Deem uma olhada no naipe dos comentários: além da incapacidade de interpretar um texto de um único parágrafo, a maioria dos comentadores demonstra uma visão completamente estereotipada da Holanda.

Certa vez, quando a nossa vinda para cá ainda era um projeto, cheguei a ouvir de uma conhecida que a Holanda não era lugar para criar filhos! Por causa das drogas, que são todas liberadas, da legalização da prostituição e do casamento gay. Uma anta, não? Claro, mas, justiça seja feita, ela representa o senso comum. Para muita gente, a Holanda é isso aí mesmo: zona livre para toda sorte de putaria e consumo livre de drogas.

Não é bem assim. Drogas como maconha, haxixe, algumas espécies de cogumelos, entre outras, são consideradas drogas "leves" (as quais o governo considera como representantes de um risco aceitável para a sociedade) e são toleradas para o consumo, mas o tráfico e a plantação, por exemplo, são proibidos. As drogas "pesadas" (heroína, cocaína etc.) são proibidas.
A diferença, em termos bem prosaicos, é que se a criatura aqui for pega fumando um cigarro de maconha, não vai ser presa nem apanhar da polícia, por exemplo.

Sobre a legalização da união gay, particularmente, considero uma questão de justiça e de direito. Ponto. Nada mais a ser discutido.

Na ocasião, perguntei para a tenaz defendora da moral e dos bons costumes se ela achava mais decente as moças e os rapazes ficarem no meio da rua expostos a todo tipo de violência (policial, inclusive), sem nenhuma assistência. E a resposta qual foi? Nenhuma. Ou melhor, houve: o silêncio, que é sempre o melhor companheiro da hipocrisia.




quinta-feira, 14 de abril de 2011

Das coisas que doem





Hoje soube que a mãe de um coleguinha de classe de Mariana, lá da escola de estrangeiros, foi chamada a conversar com a escola porque seu filho recebeu uma advertência de mau comportamento do meester G. (professor). Durante a conversa, a mãe xingou o professor de homo... Não vejo a hora de a minha filha sair dessa escola...


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ainda sobre a questão da burca








Diante dos comentários sobre o post anterior aqui e no Facebook, gostaria de esclarecer alguns pontos. Baseio meus comentários nos principais argumentos que as pessoas usaram para apoiar a atitude do governo francês: a submissão feminina e a segurança.

Em primeiro lugar, gostaria de dizer, mais uma vez, que os argumentos acima não apoiam a minha opinião: apenas o princípio da reciprocidade me faz ser favorável à decisão do governo francês, como afirmei no post anterior.

Quando alguém diz que a mulher muçulmana é oprimida porque usa véu, burca e demais paramentos, está assumindo, aí sim, uma postura etnocêntrica: colocando a (pseudo) liberdade da mulher ocidental como algo superior e que deve ser copiado simplesmente porque é o melhor que se pode pensar para a mulher. Particularmente, acredito que muitas mulheres muçulmanas talvez não gostem de usá-los, mas e as que gostam? Não acredito que seja por aí. Agora, nesse nível de argumentação, por favor não incluam a estirpação de clitóris (clitoridectomia), o direito de matar para lavar a honra familiar etc. Na minha opinião, são costumes selvagens e primitivos, que devem ser banidos mesmo. Foda-se quem vir etnocentrismo na minha opinião. Qualquer prática que cause dor, mutilação, sofrimento e morte deve ser execrada. Apenas entendo que na questão da burca, usar essas práticas como argumento para levar vantagem na discussão é desonesto. Volto a repetir: a maioria das mulheres muçulmanas não se opõe a usar véu, burca etc. Tem as que não gostam e usam por obrigação? Lógico. Estar sempre magra, maquiada e produzida muitas vezes também não é um fardo? Ora.

Agora, o pior de tudo é justificar a proibição da burca porque ali dentro pode estar um(a) terrorista. Paranóia, medo instigado e cultivado no pós 11 de Setembro para justificar perseguições, pura propaganda coersitiva. O controle pelo medo, bem a cara dos Estados Unidos da América. Pode haver um homem-bomba ali dentro? Claro! Mas, como argumentou uma amiga minha no FB, e um Ronald McDonald, ícone do fast food americano, também não poderia escondê-lo? Menos, menos, pessoal.

Volto a tocar na tecla da reciprocidade. E volto a não entender por que ninguém que é contrário à atitude do governo francês consegue justificar a intolerância muçulmana em exigir que as mulheres ocidentais, em terras de Allah, tenham de se cobrir. Em um fim de semana desses, conheci, em casa de um amigo, uma mulher (brasileira) que mora em Dubai e ouvi dela a agonia que é ter de se lembrar de cobrir os braços, o colo etc. para sair de casa. E logo Dubai, que abre as pernas para os infiéis ocidentais... Pois é.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Intolerância ? - Burca na França








Desde ontem não se fala em outra coisa nos jornais daqui que não seja a prisão das mulheres muçulmanas, as quais desobedeceram à lei que proíbe o uso da burca, na França. Fala-se de intolerância, de desrespeito à liberdade de credo etc. Aqui na Holanda, a população muçulmana é numerosa, e o holandês, basicamente, assume duas posições diante dela: ou se alinha com o político de extrema-direita Geert Wilders ou fica em cima do muro (a maioria), postura esta, aliás, que estou começando a perceber ser uma constante em muitos outros aspectos da vida holandesa.

Já eu acho o seguinte: se na maioria dos países muçulmanos, a mulher ocidental é obrigada a cobrir a cabeça, o colo e os braços, podendo ser vítima de violência física e/ou verbal caso não o faça, por que motivo, então, não deve haver reciprocidade nos países não-muçulmanos? Querem impor as leis em seu país (o que é legítimo), mas não querem obedecer às leis do país que escolheram para viver? Assim é bom. Parece que a tolerância e a diversidade são usadas unilateralmente nesse caso, não?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Flores







Desde que estamos morando os três aqui, tenho retomado um hábito da minha infância presenciado na casa dos meus avós maternos, onde fui criada: comprar flores semanalmente para enfeitar a casa. Minha avó tinha esse costume: todo sábado, a casa era enfeitada por flores, compradas diretamente da banca da florista, na feira.

Não sei por que nunca mantive esse hábito, pois as flores que iam nos vasos, nas minhas casas de então, quando havia, eram presente em datas especiais.

Aqui, resolvi mudar isso porque flores ajudam a dar um colorido no ambiente, alegram e em um lugar onde a maior parte do ano o céu é cinza, qualquer coisa que sirva para espantar essa melancolia é bem-vinda.

Daí que todo sábado, na saída do supermercado, compramos flores com um senhor muito simpático, cujo filho adolescente está sempre ajudando. Sábado passado, compramos tulipas rosas, vermelhas e misturadinhas (amarelas com o centro vermelho), lindas. E as hortênsias já estão aparecendo! Com o início da primavera, a variedade vai aumentar e, com certeza, a casa vai estar mais alegre e colorida.